domingo, 6 de outubro de 2013

Elysium


“Vou precisar de alguém para fazer um trabalho pra mim (...) pegue um babaca de Elysium, sequestramos ele, esquece o carro, esquece a grana, o relógio, o que você vai pegar é informação ... orgânica, direto da cabeça dele...” ( Spider)

Edward Snodem, Julian Assenge e quem sabe Kim Schmitz (dono do site Megaupload) possuem em comum, entre outras coisas, o fato de cometerem “crimes” relacionados a este novo mundo tecnológico-informativo. E, claro, resolveram enfrentar Estados e corporações muito poderosas, independentemente de quais foram seus verdadeiros motivos (econômicos, políticos, ideológicos, etc). Estas três figuras, que um dia poderão figurar nos livros de História, seja como heróis ou terroristas, para mim, estão muito próximos do personagem Spider (Wagner Moura). 

Spider, ao contrário de Max (Matt Damon) ou Frei (Alice Braga), parecia não ter interesses pessoais em jogo quando subia naquelas naves aparentemente arcaicas frente ao poderio dos administradores da estação espacial Elisyum. Quem sabe estivesse agindo por um ideal, uma espécie de herói-hacker-libertário. Mesmo que não seja possível fazer esta interpretação a partir de suas falas: superficiais e muito pouco aproveitadas. Por outro lado, exigir uma maior fundamentação político-filosófica deste personagem talvez seja exagero, principalmente em se tratando de um filme apenas comercial e de um papel que seria representado por um desconhecido latino-americano. É esperar demais de Hollywood!

E, além da possibilidade perdida de explorar um personagem, o filme Elysium nos traz também um pouco do mesmo de sempre: em um futuro não tão distante (ano de 2159) a situação social do planeta é tão caótica que uma certa elite resolveu construir uma estação espacial com todas as regalias possíveis, para quem pode pagar, é claro. Enquanto isso, aqui, na Terra, a população pobre (que fala espanhol, diga se de passagem) sofre com abuso de autoridade da força policial, burocracia do serviço público e com a exploração desmedida nas fábricas. 

Elysium, ao ser visto no céu do planeta Terra, poderia ser apenas um sonho de consumo para alguns, ás vezes cultivado desde a infância, mas para outros era questão de sobrevivência, pois ela possui a tecnologia necessária para curar quase todas as perigosas doenças que conhecemos. E este já era um forte motivo que justificaria arriscar a vida para tentar invadir aquela estação espacial com tanta vontade e esperança. Outros tentam invadi-lá simplesmente porque não achavam justo toda aquela desigualdade social.

Alguns comentaristas da blogosfera dizem, e com razão, que os roteiristas não precisariam usar o subterfúgio de apontar aquela realidade para o distante ano de 2159, pois os fatos e condições mostradas na telona são facilmente encontrados nos anos atuais. O cenário, por exemplo, não precisou ser montado artificialmente, bastou filmar as favelas de muitos países. 

Elysium é um filme pouco ambicioso, mas nos oferece interessantes brechas para a reflexão, que, aliás, é uma características dos longas de Neil Blomkamp, que também dirigiu o bom Distrito 9


Título original: ( Elysium )
Lançamento: 2013, (EUA)
Direção: Neil Blomkamp
Atores: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Wagner Moura, Alice Braga
Duração: 109 min.
Gênero: Ação

4 comentários:

  1. Legal seu comentário positivo......fiquei curioso por esse trabalho de Wagner Moura no estrangeiro e a Veja desceu a lenha.
    abs

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    1. Pois é Renato, se não estou enganado o comentarista da Veja é o Constantino, então sua má avaliação se dá muito mais por questões politico-ideológicas do que por qualquer outra coisa. Mas o filme vale a pena sim.

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  2. Hmm gostei do texto quanto ao filme. Vou ver se consigo assistir essa semana.
    Quero muito ver o Wagner Moura nesse filme.
    E pelo trailer, parece que o longa conta com boas cenas de ação. rs

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  3. Para mim Elysium não passa de mais um blockbuster água com açúcar cuja única motivação que me fez ir ao cinema vê-lo foi ver a estreia em de um ator brasileiro de talento excepcional em Hollywood. O que tenho a comentar sobre o filme é que fora a já muito batida mensagem ambientalista e a rasa abordagem da luta de classes, o filme não traz quase nada de interessante para uma boa reflexão do problema da exclusão social. Como a maioria dos filmes Hollyoodianos atuais Elysium se compromete bem com o espetáculo, com as cenas de ação e com os efeitos especiais de ultima geração intercalados a um roteiro pateticamente clichê. Quando me proponho a ver um blockbuster Hollyoodiano assumo todos os riscos de me sentir lesado, assim, não posso me queixar de nada. Como você mesmo diz Marcos Rosa " é um pouco do mesmo de sempre" e infelizmente é isso que a indústria cinematográfica americana não se cansa de nos oferecer pois, se ha um lei no mercado que permanece esta é a da oferta e procura.

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