sábado, 26 de maio de 2012

O Corvo

O que não pode ser questionado é que sua imaginação inspirou assassinatos horrendos. (Detetive Emmett Fields)


Este filme fortalece um pensamento que tenho: se falta criatividade, então recorra as adaptações. É assim que o poeta Edgar Allan Poe serviu de inspiração para o novo filme do diretor James McTeigue, que também dirigiu o ótimo V deVingança. Neste filme as obras de Poe são mescladas com um toque de realidade e ficção no melhor estilo tradicional do bom suspense.

Mais que elogiável a interpretação de John Cusack na pele do poeta norte-americano, assim como Alice Eve, que interpretou a musa inspiradora da Poe: Emily Hamilton. Não podemos esquecer o Luke Evans que da vida ao inspetor Fields. A ambientação histórica e, principalmente, os figurinos estavam dignos de indicação ao Oscar. Quanto ao roteiro só faltou o gato, pois filme de Shakespeare sem cachorro e de Allan Poe sem gato são incompletos.

A falta de dinheiro, de criatividade para escrever novos poemas, o desentendimento com o editor do jornal que deveria publicar um de seus novos poemas, e até mesmo as brigas com o pai daquela que lhe roubara o coração não seriam nada frente ao que estaria para acontecer com Allan Poe. 

Tudo teve início após estranhos assassinatos serem cometidos na pacata Baltimore. E para espanto dos investigadores todos eles possuíam uma íntima ligação com os textos do poeta. Então, Allan Poe que navegara entre principal suspeito e vítima, logo vê sua amada Emily em perigo: seria aquela bela jovem a próxima vítima? E, ironicamente, morreria como uma de suas personagens? 

Mas seu algoz lhe deu uma chance: use o que tem de melhor Poe, escreva!  


Título original: (The Raven)
Lançamento: 2012 (Estados Unidos, Hungria e Espanha )
Direção: James McTeigue
Atores: John Cusack, Alice Eve, Luke Evans, Brendan Gleeson, Kevin McNally
Duração: 111 min
Gênero: Suspense

domingo, 6 de maio de 2012

Paraísos Artificiais

"Agente é o que agente sente. " (Nando)


Sexo, drogas e música eletrônica. Se fosse possível resumir o filme em três palavras talvez estas se aplicassem bem, mesmo que a trama gire em torno do amor, este tema tão comum ao cinema.

Invadindo o mundo das raves, o diretor Marcos Prado nos apresenta um efervescente ambiente levado ao ritmo alucinante e repetitivo das músicas eletrônicas. Adicionando ainda drogas “naturais” e sintéticas, além, é claro, de muito sexo e corpos sensuais. Logo, concluímos que menores de dezesseis anos não poderão ver este filme, pelo menos no cinema.

O filme merece uma boa avaliação, afinal tem uma ótima fotografia, os atores incorporaram bem os personagens, as cenas sensuais foram bem feitas e sem exageros, assim como também as festas e, digamos, a “viagem em busca do autoconhecimento”, como bem disse Marc (Roney Villela), uma espécie de sábio guru da rapaziada.

E, em meio as festas, sexo e drogas se desenvolvia uma interessante história de amor. A DJ Erika (Nathalia Dill), sua melhor amiga, Lara (Lívia de Bueno) e o jovem Nando (Luca Bianchi) se encontram em momentos diferentes de suas vidas. Mesmo buscando objetivos distintos o destino faz com que seus caminhos se cruzem mais de uma vez. Do Nordeste brasileiro a Amsterdã, na Holanda, estes jovens terão que tomar decisões que repercutirão não só nas suas vidas, mas também na vida de seus familiares. Ao mesmo tempo tentam lidar com sentimentos de culpa por ações do passado.

Curtir a vida, sentir intensamente as emoções e os prazeres que lhes são oferecidos, pensar no futuro ou na família, estar com os amigos, tomar decisões, ás vezes certas outras vezes não. Este é um filme que mesclou bem um ambiente movido a decisões imediatas e sempre associadas a consequências futuras, mas sem exagerar no moralismo como se fosse um filme educativo do governo ou mesmo sem o extremo assustador, mas real, do incrível Trainspotting.

De qualquer forma, não esquecendo o lado careta e sem graça, mas ainda assim importante, devemos ter em mente que por mais que o cinema tente ele não conseguirá capturar a real dureza ou alegria de determinados momentos da nossa vida, ou seja, é sempre uma visão parcial. Pois fica a sensação de que naquele ambiente as alegrias e felicidades dos personagens superam as tristezas, porém, aqui, no mundo não artificial, o paraíso pode não ser tão belo. Enfim, nem sempre, ou quase nunca, as drogas te levam ao paraíso.

Bom filme!

Título original: (Paraísos Artificiais)
Lançamento: 2012 (Brasil )
Direção: Marcos Prado
Atores: Nathalia Dill, Luca Bianchi, Lívia de Bueno, Bernardo Melo Barreto, César Cardadeiro, Divana Brandao, Emílio Orciollo Neto, Roney Villela
Duração: 96 min
Gênero: Drama