sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Dupla Vida de Véronique

Este é um daqueles filmes que se assemelham a alguns livros de filosofia que após a primeira leitura, perguntamos: “que diabos é isto? Esse cara tá falando de quê?”. É isso mesmo, pode acontecer de você assistir o filme, entender o desenrolar da história dos personagens, do contexto, porém, ainda assim, ficar a pergunta no ar: Sim e daí? Talvez esteja aí a beleza da película, possibilitar ao telespectador a viagem interpretativa. Quem sabe após ler as críticas terei outra ideia a cerca do filme.
O filme conta a vida de duas jovens mulheres idênticas, com mesmo nome e idade, mas que nunca se conheceram e vivem em lugares diferentes (França e Polônia). Ao longo da trama o telespectador constrói a expectativa que haja um encontro entre as personagens, ou que uma descubra a existência da outra e perceba a grande coincidência que fascina quem assisti. Só poderia ser obra de Krzysztof Kieslowski, o mesmo diretor da Trilogia das Cores: A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha.
Aproveitem o filme.


 
A Dupla Vida de Veronique
(Double Vie de Véronique, La, 1991)
Direção: Krzvsztof Kieslowski
Roteiro:
Krzvsztof Kieslowski, Krzvsztof Piesiewicz
Gênero: Drama/Fantasia/Romance
Origem: França/Noruega/Polônia
Duração: 98 minutos
Tipo: Longa-metragem

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Não é um filme mas emociona

* Ninguém recolherá meu coração perdido entre tantas raízes, o frescor amargo do sol multiplicado pela fúria da água, ali vive a sombra que não viaja comigo.
É hoje! Todo o ontém foi caindo entre dedos de luz e olhos de sonho, amanhã chegará com passos verdes: ninguém detém o rio da aurora.
**Se souberes de alguém que tem em tí a visão do paraíso, como eu, reclama comigo para que te acalente mais a alma.
Sombra nunca serão clarões, a aurora da sua e da minha vida ilumina nosso caminho.
Até quando o final do dia nos ameaça?
*Pablo Neruda
**Francis Mary

Ensaio Sobre a Cegueira

É muito agradável ver que o cinema brasileiro ainda continua produzindo bons filmes, mesmo sabendo que este não é um filme inteiramente nacional. A adaptação do livro de J. Saramago está excelente. Até o escritor gostou!.
O filme é belo e feio ao mesmo tempo, traz alegria e tristeza, faz rir e chorar e como todo bom filme nos espanta. A cegueira repentina dos personagens os faz agir de forma brutalizada, bestializada, rasgando todas as regras e normas sociais, não por que o vírus da cegueira traga consigo estas características bestializantes, mas talvez, por que este seja o ser humano real que paira por aí, pelas ruas, escolas, supermercados, etc. A cegueira foi apenas um gatilho, como tantos outros que podem, e já desencadearam momentos tão terríveis na História da humanidade, vide Holocausto, Cruzadas, Apartaid, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, etc. É neste aspecto que o filme nos espanta, quando percebemos que aqueles personagens presos na tela do cinema na verdade estão aqui do nosso lado, no trabalho, no noticiário diário, sempre bruto e insensível. Felizmente o filme, assim como a vida real têm os personagens “bonzinhos” que nos fazem acreditar na humanidade.
Quem sabe este seja o melhor filme do ano de 2008.
Parabéns Fernando Meirelles!!



Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar
Baseado na obra de José Saramargo (Ensaio Sobre a Ceguira)
Elenco: Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Don McKellar, Maury Chaykin, Martha Burns.
Duração: 117 minutos
Gênero: Drama