“Ele vai matar geral as 19h”
Baseado no documentário Ônibus 174, do diretor José Padilha de 2002, este filme, de uma forma mais ficcional, relata o drama dos passageiros da linha 174 na cidade do Rio de Janeiro. Além de relembrar ás últimas horas do seqüestro do ônibus, o longa também faz um interessante cruzamento de personagens: Alessandro (Marcello Melo Jr) que foi parar nas ruas após ter sido retirado dos braços da mãe ainda bebê, e Sandro (Michel Gomes), filho único, que viu sua mãe ser assassinada. Seguindo a linha dos filmes nacionais que tratam da violência urbana, este também enfatiza um possível condicionamento do meio, ou seja, as condições sociais de Alessandro e Sandro os teriam levado ao mundo do crime, mesmo que, em muitos momentos, estes personagem tivessem “escolhido” seu próprio caminho, apesar da ajuda de Walquíria (Anna Cotrim) com objetivo de tirá-los das ruas.
Ainda criança, no ano de 1983, Alessandro é retirado dos braços de Marisa (Cris Viana), sua mãe, uma viciada em drogas, por traficantes em virtude de dívidas não paga. Marisa, após se recuperar através da ajuda de igrejas evangélicas, inicia uma dramática busca pelo filho perdido. Muitos anos se passam e seu sofrimento não tem fim até que encontra Sandro e pensa finalmente ter encontrado seu filho perdido. A tragédia de Sandro começa em 1993, quando ainda criança, perde a mãe em um assalto. Ao não se adaptar a nova e triste vida na casa da tia, decide então ir morar nas ruas. Convivendo com furtos, drogas e violência, Sandro sobrevive à famosa e trágica chacina da Candelária, mas o sofrimento ainda estaria próximo ao destino deste jovem. Não demorou muito e Sandro e Alessandro, que tinham muito em comum, se encontram em uma instituição para menores infratores.
O diretor Bruno Barreto, misturando ficção e realidade, reconstrói os caminhos que levaram a uma das mais tristes desfechos de seqüestros do Brasil. Dividindo o longa em duas partes: a primeira, os encontros e desencontros de Sandro, Alessandro, Marisa e Walquíria, assistente social que ainda acreditava na recuperação de Sandro. Já a segunda parte do filme é menos ficção e mais realidade, trata-se das últimas horas do seqüestro do ônibus, com final já conhecido de todos.
Ok, ok, é sim mais um filme nacional centrado na violência, com muitos elementos em comum aos anteriores, inclusive aquela obsessão de transformar o “bandido” em “vítima”, mesmo que desta vez, de forma mais sutil. Porém, assim como os outros (Cidade de Deus – Carandiru - Falcão, Meninos do tráfico, etc.) merece ser assistido e refletido.
Lançamento: 2008 (Brasil, França)
Direção: Bruno Barreto
Atores: Michel Gomes, Marcello Melo Jr., Gabriela Luiz, Cris Vianna.
Duração: 110 min
Gênero: Drama
Gostei do filme, o problema foi que ele acabou ofuscado pelo documentário "Ônibus 174", mesmo sendo alguns anos depois.
ResponderExcluirAbraço