“Não perca a esperança.” (Pi)
O objetivo principal de um filme
é contar uma história. Alguns precisam de muitos efeitos especiais, outros nem
tanto. É possível medir a qualidade do filme pela capacidade de lhe segurar na
poltrona após seu desfecho final, ou então, quanto tempo as cenas e diálogos dos
personagens ficam pairando em sua cabeça. E as Aventuras de Pi é um destes que
lhe assalta, lhe toma o fôlego e lhe remete a vários caminhos.
Os créditos surgiram na tela, as
luzes ascenderam, as pessoas iniciaram aquele balé sincronizado, se levantaram
e saíam lentamente até a porta, porém, eu ainda estava pensando na fala de um
dos personagens dita três minutos atrás. Precisava de um tempo para me
recuperar.
Quando um filme consegue trazer
uma história, a mais banal que seja, e fazer conexões com as grandes
inquietações da humanidade, como amor, religião, filosofia, ciência, vida,
morte, família, etc. temos então uma verdadeira obra de arte. As Aventuras de
Pi faz valer o título de Sétima Arte atribuída ao cinema.
Pi Patel (Suraj Sharma), que na
tenra infância acreditava que seu maior problema era o seu nome, um pouco
diferente para os padrões indianos, logo percebeu o que poderia estar por trás
das religiões. A família não poderia ser mais fértil: um pai crente na ciência, uma mãe religiosa, além de um negócio que lhe proporcionou um convívio intenso
com diversos animais, entre eles um tigre de bengala, o Sedento, ou melhor
Richard Parker. Sedento, nome muito bem apropirado, como quase tudo no filme.
É impossível sair do cinema
indiferente a este filme. Qualquer pessoa que pelo menos uma vez tenha pensado em existência, necessidade ou justificativa
para Deus terá sua fé, ou falte de fé, abalada. E não é um filme impregnado dos valores morais religiosos que cegam
o Ocidente, pelo contrário. Disse Pi em algum momento: “ele despertou o que há
de mal em mim”, ou seja, o mal existe em nós, assim como o bem, ele não é
exclusividade do outro. Não nos tornaremos melhores eliminando o mal que está no outro.
A travessia, a perda, o recomeço,
a luta pela vida, a dor, a vida e a morte naquilo que poderia ser seu porto
seguro, a busca de si no outro, a fantasia. Poucas vezes temos a oportunidade
de apreciar um roteiro, atores e direção tão impecáveis como neste filme. Se
Hollywood começou a exibir seus favoritos ao oscar, então já escolhi o meu.
Aliás, que se dane o oscar, quem precisa dele quando se tem filmes como estes!
Obrigado Yann Martel, mente da
qual se originou o livro e, obrigado Ang Lee, diretor que transformou em
belíssimas imagens a obra de arte literária.
Título original: (The Life of Pi)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Ang Lee
Atores: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Tabu, Adil Hussain, Gerard Depardieu, Rafe Spall
Duração: 127 min
Gênero: Drama
Amei sua primeira frase: O objetivo principal de um filme é contar uma história.
ResponderExcluirPerfeito.
Esse filme não me atrai.....nem trailer, nem os elogios. Algo que ainda não descobri.
abs
Esse filme é incrível. Todo o seu visual, fiquei embasbacado com tanta beleza. E a história, minha nossa é simplória mas extremamente profunda e reflexiva, fiquei pensando no filme alguns dias após tê-lo visto.
ResponderExcluirÉ um filme que marcou para mim!
Parabéns pela postagem.
Grande braço.