Isso aqui não é um assalto. Vocês estão assistindo a uma expropriação revolucionária. Nós estamos expropriando uma instituição bancária, que é um dos suportes desta ditadura cruel e sanguinária. Muitos dos nossos companheiros que lutam pela liberdade e pela democracia estão sendo brutalmente torturados e assassinados nas prisões deste governo militar. E vocês não ficam sabendo de nada porque a imprensa está censurada. Contem para seus amigos o que está acontecendo, nós somos o movimento revolucionário oito de Outubro, o MR-8. (Marcão)
Um dos carros chefes da onda que fez renascer o cinema nacional na década de noventa, este filme é um belo retrato de um obscuro período da nossa História, mesmo que tenha sido baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, um dos “revolucionários” ou “terroristas”. Ou seja, não é imparcial, neutro, ainda que este seja o desejo dos seus idealizadores. De qualquer forma, mesmo sendo a versão de um dos lados do conflito, ás vezes, um pouco romantizada, ainda assim é um ótimo filme. Não é a toa que foi vitorioso no quesito bilheteria, e ainda recebeu a indicação ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro em 1997.
A trama já é muito bem conhecida, trata do relato dos instantes que permearam o sequestro do embaixador norte-americano no Brasil: Charles Burke Elbrick. O ano é 1969, cinco anos após o Golpe Militar que aos poucos retiravam os direitos democráticos do brasileiro. O MR-8, grupo revolucionário que aderiu a luta armada contra os Militares, organiza o sequestro do embaixador norte-americano com o objetivo de trocá-lo por alguns revolucionários presos.
O recorte segue desde a preparação do sequestro, passando por sua efetivação até o seu desfecho. Sendo assim, dividiremos o filme em três partes: a primeira seria o instante em que aqueles jovens, ás vezes inseguros, decidem entrar para aquela organização. Passam por treinamento de tiro e guerrilha, assalto a banco (financiamento do sequestro) e detalhados procedimentos com objetivo de esconder a identidade de todos, visto que se alguém fosse preso, em virtude das torturas, seria impossível não delatar o companheiro. A segunda parte do filme relata os instantes do cativeiro, a interessante relação do grupo com o embaixador, a apreensão da sua esposa, a ação dos militares e a bela interpretação de Matheus Nachtergaele, interpretando o Jonas, guerrilheiro experiente, comprometido com a causa, que segue a risca o plano. Diferentemente de outros personagens como Marcão (Luiz Fernando Guimarães), Renée (Cláudia Abreu) ou Júlio (Caio Junqueira) ainda inexperiente, humanizados e, quem sabe, ainda encantados com a possibilidade de derrubar o regime militar através da luta armada. A terceira parte do filme enfoca o desfecho do seqüestro: o que fizeram os militares, o que aconteceu com o embaixador, os guerrilheiros teriam conseguido libertar seus colegas ? Por mais que este final já seja conhecido de muitos, ainda assim, não vou revelá-lo. Assistam e apreciem as ótimas interpretações, o belo roteiro e direção deste que certamente é um dos melhores filmes sobre a Ditadura Militar no Brasil.
Título original: (O Que É Isso, Companheiro?)
Lançamento: 1997 (Brasil)
Direção: Bruno Barreto
Atores: Alan Arkin, Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães.
Duração: 105 min
Gênero: Drama
Perfeito esse filme que retrata o cenário da ditadura militar e a luta pelos direitos do ser humano. O final é trágico, mas nós sabemos que foi bem assim.
ResponderExcluirA presidenta também roubava bancos para retirar os seus companheiros. Daí vem o termo tão usado por Lula.
escarceu-pre-datado.blogspot.com