domingo, 7 de agosto de 2011

O Piano

- Você o ama?! Você me ama?! (Stewart)


Terra inóspita, de difícil adaptação, pelo menos para um europeu, repleto do que estes mesmos europeus chamavam de “selvagens”, ou seja, pessoas culturalmente diferentes. Uma densa floresta, ás vezes banhada por chuvas torrenciais, mangues intransitáveis, além de ser cercada por um oceano, esta é a Nova Zelândia do final do século XIX, ou pelo menos, a Nova Zelândia retratada no belo filme O Piano.

É neste espaço que Ada McGrath (Holly Hunter), européia, muda desde a infância, e sua filha, Flora (Anna Paquin), que ás vezes lhe servia de intérprete, terão que viver, pois fora arranjada em um casamento com o fazendeiro Stewart (Sam Neill).  Ada sempre fez do piano seu instrumento de comunicação com o mundo, extravasamento das emoções contidas, talvez pelo fato de ser muda. Assim, seu piano era sua voz, parte de seu corpo, até mais, era sua alma.

E já no primeiro encontro com seu futuro marido, Ada percebe que o piano ficará entre os dois. Ela e sua filha tinham sido deixadas na praia junto com seus pertences. Ao vir pegá-la, Stewart argumenta que não irá levar o piano em virtude do seu peso e das condições do terreno.  Como não poderia deixar de ser, Ada fica arrasada, triste, mas aceita deixar ali na praia sua janela para o mundo, mas com a promessa que ele será levado depois.

Viver sem poder falar é possível, mas sem tocar, sem ouvir seu piano era impossível, por isso Ada recorre a George Baines (Harvey Keitel) um ajudante do seu marido, para que a leve até a praia, e assim possa tocar por alguns instantes. Ada passou horas tocando e observando sua filha pulando e se divertindo na areia ao som das belas notas musicais. Outro que ficou soberbo foi Baines, admirado e enfeitiçado pela música, e quem sabe pela beleza de Ada.

A vida de Ada mudaria drasticamente quando Stewart, seu marido, negocia o piano com Baines em troca de algumas terras. “Somos uma família e todos têm que fazer sacrifícios” foram suas palavras para tentar convencer a esposa a aceitar aquela maldita troca. Mas Ada ainda poderia tocar o piano, pois, daria aula de música a Baines, e o pagamento seria receber seu piano de volta.

O capricho do destino, neste caso, do roteiro: Baines, perdidamente apaixonado, passa a propor acordos sexuais com Ada: mostraria parte do corpo e teria seu piano mais rápido. Pelo menos no início, Ada só pensava em ter seu piano de volta, então não recusa a indecorosa proposta. E assim foram as aulas de piano, recheadas de boa música, sensualidade, desejo e forte paixão. Até que entra em cena Flora, uma pequena e ingênua jovem, ainda dotada de fortes valores morais, e também Stewart, o marido que ainda não tinha consumado seu desejo. Tragédias e concessões a vista.

Paixão, razão, desejo descontrolado e fala aprisionada... o que acontecerá com Ada, Stewart e Baines? Enquanto tenta descobrir você também se apaixonará pela música, fotografia, roteiro e interpretação. Difícil escolher o melhor. Não é por acaso que foram oito indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Original, Melhor Filme, Melhor Diretor,Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Edição. Conquistando três: Melhor Atriz, Direção e Atriz Coadjuvante.

É apreciar e sentir.  

Título original: (The Piano)
Lançamento: 1993 (Nova Zelândia)
Direção: Jane Campion
Atores: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin.
Duração: 121 min
Gênero: Drama

10 comentários:

  1. Caramba, texto excelente! Gostei bastante. Nunca vi O Piano, mas me interessei profundamente após ler teu texto. Dele, só sabia que Anna Paquin - uma atriz que gosto muito - tinha ganhado o Oscar. Mas agora a temática me deu bastantes expectativas.
    Abraços.

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  2. Esse filme é marvailhoso. Além da ótima história, a ambientação é espetacular e envolvente. Um marco na história do cinema.

    http://acervodocinema.blogspot.com
    http://memoriadasetimaarte.blogspot.com

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  3. A relação que ela tem com o piano, é muito bacana. A forma com ela o usa, e a importância dele em sua vida é muito bonita. Lembrei agora, que quando ele se apaixona, o piano se torna o segundo plano. Bem, ela só precisava achar algo a altura que podia substituir o sentimento pelo piano...

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  4. Filme sensível, obra-prima suprema, me cativa até hoje. Atuações perfeitas de Holly e Anna Paquin, que desde pequena já mostrava talento. Um filme delicado, dramático e belo! Belo texto.

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  5. Eu sempre vejo esse filme nas lojas, mas nunca comprei, embora tenha pensado várias vezes em comprar pra assistir e colecionar. o/

    Mas sua resenha me incentivou muito a assistir esse filme, Marcos. Quero fazer isso o qto antes. Deu uma vontade grande de saber o desfecho dos acontecimentos. ^^

    Bjs ;)

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  6. Ainda não vi esse filme.. Mas pelo post bate aquela vontade... vou dar uma conferida...

    Apareça...

    Abraço!

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  7. Apenas uma correção sobre o filme: Ela não é muda desde a infância! Após o trauma de ver seu marido morrer, ela fica muda.

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