quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Super 8


- Coisas ruins acontecem, mas você pode continuar vivendo. Você pode viver! (Joe Lamb)


Uma acusação, pelo menos, não pode ser feita aos filmes de Spielberg, que é de serem indiferentes, mornos. Geralmente suas obras divertem ou emocionam. Super 8 não emociona, contudo nos oferece uma boa dose de entretenimento com o famoso estilo aventureiro dos filmes deste diretor e produtor, adicionando ainda uma boa dose de suspense, que deixa o telespectador atento até a segunda metade do filme.

Dividimos então o filme em duas partes: a primeira metade mostra um grupo de garotos de uma pequena cidade interiorana planejando um divertido filme caseiro para um festival local. Durante a gravação de uma cena a noite em uma afastada estação de trem, o grupo presencia um terrível acidente: o trem descarrilou e deixou vários objetos misteriosos espalhados pelo local. Joe Lamb (Joel Courtney), um dos garotos da filmagem, percebe ainda que algo misterioso, após fazer muito barulho, consegue fugir de um dos vagões. O acidente não passaria de uma oportunidade para ”incrementar a produção” com cenas reais, porém o alerta de que suas vidas corriam perigo, feito pelo professor de biologia da cidade, o mesmo que provocou o acidente ao se jogar na frente do trilho com sua caminhonete, fez com que os jovens corressem daquele local desesperados.

Daí em diante coisas estranhas passam a acontecer na cidade: cachorros fugindo, fornos micro-ondas, motores de carros e pessoas desaparecendo, além do constante desfile de caminhões da Força Aérea a procura de pistas e de informações sobre o professor de biologia causador do acidente. E nenhuma revelação sobre o conteúdo do trem.

A segunda parte do filme inicia quando o suspense é revelado, tem início então àquelas explosões e correrias tão famosas nos filmes de Spielberg. Esta segunda metade não é tão carismática quanto à primeira, principalmente por ser demasiada longa, porém a simpatia e criatividade dos garotos tentando dar conta do filme sobre zumbis divertem bastante o espectador.

Paramos por aqui para não correr o risco de revelar os segredos do filme. E não saiam apressados da sala, acompanhem os créditos finais, pois terão a oportunidade de ver o engraçado curta-metragem dos garotos.


Título original: (Super 8)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: J.J. Abrams
Atores: Joel Courtney, Riley Griffiths, Elle Fanning, Ryan Lee.
Duração: 112 min
Gênero: Ficção Científica

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Capitão América – O Primeiro Vingador

“O soro amplia tudo que há lá dentro, então, o bom se torna ótimo, o mal se torna pior. Por isso você foi escolhido, por que um homem forte que sempre conheceu o poder pode perder o respeito por este poder, mas um homem fraco conhece o valor da força e conhece a compaixão.” Dr. Erskine



Quem disser que este filme foi um desperdício de forma alguma estará sendo exagerado. Desperdício de atores, pois se não são top de linha, com certeza são bons o suficiente para fazerem mais do que fizeram neste filme. Desperdício de personagem, pois Capitão América possui uma bela história nos quadrinhos que poderia ser mais bem explorada. Desperdício de dinheiro, tanto dos produtores quanto do espectador, pois, infelizmente, até pra filme pipica, a película fica devendo. Roteiro cheio de furos e mal desenvolvido, personagens caricaturados, efeitos especiais, principalmente em 3D, quase inexistentes, com exceção da magreza de Chris Evans. Enfim, é esperar que se redimam com a sequência dos vingadores, pois os fãs merecem.

Capitão América é um personagem das Histórias em Quadrinhos fruto da Segunda Guerra Mundial, pois, uma guerra não se vence apenas com soldados e armas. Era no front moral e ideológico que nosso herói atuava, visto que, a grosso modo, se um super herói luta contra homens maus, e estando ao lado dos norte americanos, logo, estes são os bonzinhos e os homens maus são os outros, seus inimigos, os nazistas, soviéticos, etc.

Então vamos à trama: Steve Rogers (Chris Evans) é um fervoroso patriota, porém suas frágeis condições físicas o impedem de ser aceito no alistamento militar, apesar de ter tentado várias vezes e nunca ter obtido êxito. Porém, em uma de suas muitas tentativas de alistamento, sua força de vontade e patriotismo foi observado pelo Doutor Erskine (Stanley Tucci) sendo então o peso da balança para que pudesse ser incluído na secreta Operação Renascimento, que tinha por objetivo construir o “Supersoldado”. Assim, aquele franzino rapaz, após alguns testes, dose de soro do “super-soldado” e uma seção de raios vita, surge com um físico, poderes e habilidades extra-humano.

E do outro lado do atlântico, Johan Schimidt (Hugo Weaving), um general do exército nazista, que mais tarde se revelaria como o Caveira Vermelha - grande inimigo do Capitão América - descobria um artefato com poderes sobrenaturais, imprescindível para o seu plano para aquela guerra. Um plano que estaria acima de qualquer nação. Assim, é só esperar o instante em que Capitão América e Caveira Vermelha se encontrarão.

O par feminino da trama fica por conta de Peggy Carter (Hayley Atwell). Contamos ainda com Tommy Lee Jones interpretando o coronel norte americano Chester Phillips, além de uma pequena participação de Samuel Jackson, entre outros.

Enfim, vamos torcer para que o próximo passo da Marvel nas telonas seja mais inspirador.


Título original: (Captain America: The First Avenger)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Joe Johnston
Atores: Chris Evans, Hugo Weaving, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci.
Duração: 124 min
Gênero: Aventura

domingo, 14 de agosto de 2011

Os Embalos de Sábado Continuam

- Você sabe o que quero fazer? ( Manero)
- O quê? (Jackie)
- Me mostrar. ( Manero)


Após cinco anos de Os Embalos de Sábado à Noite, TonY Manero (John Travolta) retorna, quem sabe não tão bem quanto antes, mas ainda encanta a plateia, principalmente o público feminino. Ícone dos anos 70 e 80, Travolta emplacou uma boa sequência de filmes que lhe valeram, inclusive, uma indicação ao prêmio de melhor Ator, porém, infelizmente só retornou em grande estilo bem mais tarde, com Pulp Fiction, em 1995.

Manero não mora mais no Brooklyn como nas tramas anteriores, desta vez trabalha em uma academia de Manhattan, ou seja, ganha a vida como um simples trabalhador. Porém, ambicioso, sonha com a Broadway e vive fazendo testes. É exatamente em um destes testes que conhece Laura (Finola Hughes), a dançarina principal de uma peça, rica e orgulhosa. Após insistentes cantadas Manero consegue convidá-la para sair. Mas existe outra mulher em sua vida, é Jackie (Cynthia Rhodes), uma professora de dança que trabalha no mesmo lugar de Manero e canta a noite em um bar. Jackie sempre foi apaixonada por aquele dançarino, mas apenas insinuações não foram suficientes para conquistá-lo. Não será uma escolha fácil para Manero.

Este será seu drama: conquistar um papel principal na Broadway e se decidir entre duas mulheres. Perceberam que não é um roteiro sofisticado, pelo contrário, é apenas uma justificativa para por Travolta para dançar, ou melhor, se mostrar. Pelo menos encontramos muitas músicas legais, dança e moda anos 80. A sessão nostalgia está de volta!

Dou um doce pra quem encontrar a cena em que o roteirista e diretor Stallone - é isso mesmo! - aparece.

   
Título original: (Staying Alive)
Lançamento: 1983 (EUA)
Direção: Sylvester Stallone
Atores: John Travolta, Cynthia Rhodes, Finola Hughes, Steve Inwood.
Duração: 96 min
Gênero: Musical

domingo, 7 de agosto de 2011

O Piano

- Você o ama?! Você me ama?! (Stewart)


Terra inóspita, de difícil adaptação, pelo menos para um europeu, repleto do que estes mesmos europeus chamavam de “selvagens”, ou seja, pessoas culturalmente diferentes. Uma densa floresta, ás vezes banhada por chuvas torrenciais, mangues intransitáveis, além de ser cercada por um oceano, esta é a Nova Zelândia do final do século XIX, ou pelo menos, a Nova Zelândia retratada no belo filme O Piano.

É neste espaço que Ada McGrath (Holly Hunter), européia, muda desde a infância, e sua filha, Flora (Anna Paquin), que ás vezes lhe servia de intérprete, terão que viver, pois fora arranjada em um casamento com o fazendeiro Stewart (Sam Neill).  Ada sempre fez do piano seu instrumento de comunicação com o mundo, extravasamento das emoções contidas, talvez pelo fato de ser muda. Assim, seu piano era sua voz, parte de seu corpo, até mais, era sua alma.

E já no primeiro encontro com seu futuro marido, Ada percebe que o piano ficará entre os dois. Ela e sua filha tinham sido deixadas na praia junto com seus pertences. Ao vir pegá-la, Stewart argumenta que não irá levar o piano em virtude do seu peso e das condições do terreno.  Como não poderia deixar de ser, Ada fica arrasada, triste, mas aceita deixar ali na praia sua janela para o mundo, mas com a promessa que ele será levado depois.

Viver sem poder falar é possível, mas sem tocar, sem ouvir seu piano era impossível, por isso Ada recorre a George Baines (Harvey Keitel) um ajudante do seu marido, para que a leve até a praia, e assim possa tocar por alguns instantes. Ada passou horas tocando e observando sua filha pulando e se divertindo na areia ao som das belas notas musicais. Outro que ficou soberbo foi Baines, admirado e enfeitiçado pela música, e quem sabe pela beleza de Ada.

A vida de Ada mudaria drasticamente quando Stewart, seu marido, negocia o piano com Baines em troca de algumas terras. “Somos uma família e todos têm que fazer sacrifícios” foram suas palavras para tentar convencer a esposa a aceitar aquela maldita troca. Mas Ada ainda poderia tocar o piano, pois, daria aula de música a Baines, e o pagamento seria receber seu piano de volta.

O capricho do destino, neste caso, do roteiro: Baines, perdidamente apaixonado, passa a propor acordos sexuais com Ada: mostraria parte do corpo e teria seu piano mais rápido. Pelo menos no início, Ada só pensava em ter seu piano de volta, então não recusa a indecorosa proposta. E assim foram as aulas de piano, recheadas de boa música, sensualidade, desejo e forte paixão. Até que entra em cena Flora, uma pequena e ingênua jovem, ainda dotada de fortes valores morais, e também Stewart, o marido que ainda não tinha consumado seu desejo. Tragédias e concessões a vista.

Paixão, razão, desejo descontrolado e fala aprisionada... o que acontecerá com Ada, Stewart e Baines? Enquanto tenta descobrir você também se apaixonará pela música, fotografia, roteiro e interpretação. Difícil escolher o melhor. Não é por acaso que foram oito indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Original, Melhor Filme, Melhor Diretor,Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Edição. Conquistando três: Melhor Atriz, Direção e Atriz Coadjuvante.

É apreciar e sentir.  

Título original: (The Piano)
Lançamento: 1993 (Nova Zelândia)
Direção: Jane Campion
Atores: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin.
Duração: 121 min
Gênero: Drama

sábado, 6 de agosto de 2011

Luzes da Cidade

-Dirija com mais cuidado. (O vagabundo)
-Eu estou dirigindo? (O milionário )


Apreciando uma obra de arte, é assim que nos sentimos ao assistir a um filme de Chaplin. Com calma, percebendo os detalhes, as sutilezas, a graciosidade dos movimentos mímicos, sentir o sorriso fácil provocado pelas ingênuas piadas. Entender tudo o que foi dito sem que o mestre não tenha dito nenhuma palavra. É ver a semente de um estilo de comédia que ainda nos faz rir, mesmo que ainda faltem discípulos dignos de ocupar a lacuna deixada por Chaplin.

Luzes da Cidade é um dos mais emocionantes filmes deste mestre do cinema. Conta o drama de um vagabundo (Charlie Chaplin) que se apaixona por uma vendedora de flores cega (Virginia Cherrill). A sua falta de recursos econômicos só não é maior que a paixão pela florista e a vontade de recuperar-lhe a visão. Trabalhar seria um esforço demasiado para ele, porém valeria a pena, por isso, foi limpador de rua, pugilista amador, além de parar na cadeia, tudo em nome da bela donzela.

Até que este vagabundo poderia contar com a amizade de um excêntrico milionário (Harry Myers), caso este sempre permanecesse bêbado, pois quando se encontra neste estado não tem outro amigo senão aquele que lhe salvara a vida antes. Bebidas, festas, dinheiros, não faltava nada, contudo, passado o efeito da bebida o milionário não reconhecia o vagabundo e o que poderia ser um passaporte para a boa vida não passava de mais frustração.

Sem poder contar com o amigo cuja memória era alimentada pelo álcool, e ainda desempregado e sem dinheiro, será que este amoroso vagabundo conseguirá ajudar aquela florista a enxergar novamente? Ou então, qual seria a reação da jovem ao descobrir a verdadeira identidade daquele desprivilegiado de posses? 

Vamos lá, renda-se a este roteiro simples, porém completo! 


Título original: (City Lights)
Lançamento: 1931 (EUA)
Direção: Charles Chaplin
Atores: Charles Chaplin, Virginia Cherrill, Florence Lee, Harry Myers.
Duração: 87 min
Gênero: Comédia