segunda-feira, 30 de abril de 2012

American Pie – O Reencontro

- Filho, eu e sua mãe, lá nos anos setenta, transávamos duas, três, vezes por dia... (Noah Levenstein)
- Não pai, não, não... (Jim)
- Ela tinha uma posição, chamava “mergulhando por dólares”, você sabe... (Noah Levenstein)
- Não pai, não, deixa pra lá... (Jim)


O American Pie não ficou menos engraçado, pelo contrário, permanece com o mesmo estilo de piadas de sempre, na verdade o que mudaram foram os fãs deste filme. Ou seja, há muito tempo atrás, lá nos não tão longínquos anos noventa, este filme era sucesso entre a garotada, e eu me incluo nela. Mas, assim como nos personagens, o tempo provoca algumas mudanças e algumas piadas acabam perdendo a graça. De qualquer forma, nem que seja pelo momento nostalgia, vale a pena acompanhar estes quase quarentões agindo como adolescentes novamente.

Após treze anos, a turma de 99 resolve sair das suas rotinas nada estimulantes e se reencontrar novamente, este é o pano de fundo para a mais nova aventura do American Pie. É assim que os adolescentes de outrora, que só pensavam em sexo e perder a virgindade, se reencontram: Jim (Jason Biggs), Michelle (Allyson Hannigan), Oz (Chris Klein), Finch (Eddie Kaye Thomas) e Kevin (Thomas Ian Nicholas), Stiffler (Sean William Scott), e como não poderia deixar de ser, o senhor Noah Levenstein (Eugene Levy), o pai de Jim. Desta vez o roteiro centraliza nos acertos e erros da vida adulta de alguns dos personagens, relacionamentos amorosos, carreira, sucesso, crise no casamento, etc., ou seja, preocupações de adulto.

A vida sexual de Jim e Michelle é um dos temas do roteiro, porém as atrapalhadas do Stiffler, ou melhor “Stifodão” é que dão o tom da comédia, além do sempre irreverente Noah, o desajeitado pai conselheiro de Jim. Veremos também os conflitos de gerações, através do encontro desta rapaziada com a galera “Justin Bieber”; momento nostalgia com as brincadeiras de Stiffler, os momentos desconcertantes de Jim e os conselhos de Noah, sem mencionar a participação de personagens clássicos como Janine Stiffler , ou melhor, a mãe do Stiffler (Jennifer Coolidge) e outros que nem nos lembramos mais.

Um roteiro previsível que perde o fôlego na segunda metade, não surpreende, mas também não decepciona, enfim, é o mesmo American Pie de sempre. Diríamos até que a graça do filme está diretamente relacionada a sua idade. Outro atrativo pode ser ver como o tempo foi cruel com alguns e benevolente com outros, além, é claro, de saborear aquele agradável momento nostalgia que este tipo de filme “anos noventa” nos proporciona.


Título original: (American Reunion)
Lançamento: 2012 (EUA )
Direção: Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg
Atores: Alyson Hannigan, Chris Owen, Deborah Rush, Jason Biggs, Eugene Levy, Seann William Scott, Thomas Ian Nicholas, Shannon Elizabeth, Tara Reid, Chris Klein, Mena Suvari, Jennifer Coolidge
Duração: 113 min
Gênero: Comédia

sábado, 28 de abril de 2012

Os Vingadores

"Se não conseguirmos proteger a Terra, pode ter certeza de que iremos vingá-la!" (Homem de Ferro)


Confesso que não estava apostando muitas fichas no sucesso deste filme, algumas razões: o trailer é fraco, deu enfoque as piadinhas do Homem de Ferro, não se revelando atrativo o bastante. Vários personagens importantes e de grande profundidade histórica, que tinham o risco de serem abordados superficialmente. Acreditava também que seria difícil montar um adversário a altura destes super-heróis, ou seja, que deixasse o espectador temeroso quanto ao futuro dos super heróis (mesmo que já saibamos mais ou menos o final). Enfim, estes eram meus preconceitos em relação aos Vingadores. Até pensei que ficaria muitíssimo satisfeito se pelo menos esta nova aventura da Marvel se equiparasse em qualidade ao muito bom X-Men: Primeira Classe. Se isto acontecesse ficaria feliz.

Foi muito bom sair do cinema com aquele sorriso de satisfação no rosto, mesmo que ele significasse que estava totalmente equivocado em todos os meus pressentimentos. O filme é muito bom, se equipara sim ao X-Men: Primeira Classe, alguns dirão até que é superior. Claro, não é nenhuma revolução do cinema, não traz nenhuma novidade, o roteiro não é sofisticado, as interpretações nem são dignas de Oscar, muito menos alcançamos algum tipo de sabedoria transcendental ou algo assim. Porém, o espírito do super-herói, ou daquelas aventuras presentes apenas nas revistas em quadrinho, até mesmo os efeitos especiais e as piadas, isso mesmo as piadas, que imaginara antes serem desnecessárias, tudo isso foi muito bem trabalhado e apresentado no filme.

Tony Stark, o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Steve Rogers, o Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Bruce Banner, o Hulk (Mark Ruffalo) e Natasha Romanoff, a Viúva Negra (Scarlett Johansson) foram convocados pelo sempre misterioso Nick Fury (Samuel L. Jackson) para trabalharem juntos pela primeira vez. A tarefa não era fácil: deveriam impedir que o deus Loki (Tom Hiddleston) utilizasse o Tesseract - um poderoso cubo mágico – para abrir um portal para outra galáxia permitindo assim a entrada dos temíveis soldados chitauri. Seu objetivo, como não poderia deixar de ser, é dominar a Terra. Estes super poderosos heróis terão que conter seus egos e superar suas diferenças, pois o futuro da humanidade está em jogo.

Após os importantes primeiros minutos, necessários para a construção do cenário ideal para esta batalha digna dos heróis da Marvel, podemos dizer que somos assaltados e suspensos a um estágio de extrema atenção. Fixamos os olhos na tela e apenas relaxamos com as doses na medida certa de piadas. No instante máximo da trama você até se imagina lendo as coloridas páginas das inconfundíveis revistas em quadrinhos, ao mesmo tempo em que parabeniza Zak Penn, o roteirista e Joss Whedon, o diretor, por terem sincronizado tão bem grandes ícones do HQ em um filme apenas.

Definitivamente não há o que criticar, Os Vingadores cumpriram bem seu papel, que é divertir. Ah, e para os apressadinhos, após os créditos tem uma leve pista para o que talvez possa estar por vir.

 
Título original: (The Avengers) 
Lançamento: 2012 (EUA )
Direção: Joss Whedon
Atores: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Tom Hiddleston, Clark Gregg, Cobie Smulders, Stellan Skarsgård, Samuel L. Jackson, Gwyneth Paltrow, Paul Bettany, Alexis Denisof, Tina Benko
Duração: 142 min
Gênero: Aventura

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Toda Prova

- Pode dizer agora porque me traiu, ou quando eu estiver com as mãos na sua garganta. (Mallory Kane)


Gina Carano não é estreante no mundo do cinema, desde 2005 participa de pequenas produções. Porém, esta norte-americana de trinta anos é conhecida não por suas breves facetas nas telonas, mas sim, pelo desempenho nos torneios de artes marciais, tão em destaque atualmente. Sensação no MMA (Mixed Martial Arts), sustentou uma invencibilidade de sete lutas, pelo menos até encontrar a brasileira Cristiane Santos (conhecida como Crsitiane Cyborg), quando finalmente foi derrotada.

Quem assistiu A Toda Prova se encantou, pelo menos, com três coisas: a beleza cativante de Gina Carano, a bela fotografia e, principalmente, a plástica e perfeição dos seus golpes. Estes três pontos positivos superam e muito qualquer crítica à escassa experiência da atriz, ou mesmo a trama simples do filme.

Steven Soderbergh, (também diretor de Contágio), e Len Dobbs, (roteirista) trouxeram as telonas uma trama bastante comum, mas, ainda assim capaz de divertir o espectador. Mallory Kane (Gina Carano) é uma assassina profissional super treinada, e sempre está disponível quando o governo pretende agir à margem da legalidade. Contudo, desta vez, após um serviço de resgate, algo não sairia conforme os planos.

Alguns matadores estavam a sua caça, assim, Kane precisava agora usar bem seus conhecimentos para defender a própria vida, ao mesmo tempo em que tentava proteger o pai e descobrir quem a traiu. E, definitivamente, em se tratando desta matadora a frase “Não deveria estar pedindo ajuda a alguém?“ faz muito sentido. Na poltrona, aguardamos ansiosos a próxima vítima dos seus golpes mortais.

Um elenco de primeira acompanha a mais nova musa dos filmes de luta, entre eles: Ewan McGregor, Michael Fassbender, Michael Douglas, Antonio Banderas, etc. Espero que este seja o primeiro de uma série de outros filmes de Carano, afinal o leque de atrizes que fazem bem este papel não é tão variado assim.


Título original: (Haywire)
Lançamento: 2012 (EUA / Irlanda)
Direção: Steven Soderbergh
Atores: Gina Carano, Ewan McGregor, Michael Fassbender, Michael Douglas, Channing Tatum, Antonio Banderas, Bill Paxton, Michael Angarano, Matthieu Kassovitz
Duração: 93 min
Gênero: Ação

domingo, 22 de abril de 2012

Lessons of a Dream


- Então esta é a meta? Incrível como dois paus enfiados na terra causam tanta emoção nos meninos. (Professor)


O interior de uma Alemanha ainda imperial do final do século XIX serve de palco para esta bonita história, que tudo indica, baseada em fatos reais. É precisamente em uma escola que, como não poderia deixar de ser, também reproduz os valores culturais e princípios da região: disciplina, rigidez, exaltação da nação e do império germânico, ao mesmo tempo em que alimenta uma enorme rivalidade e preconceito contra os ingleses, franceses, em fim, todo o restante da Europa. 

Foi para esta escola que Konrad Koch (Daniel Bruehl) - um alemão que escolheu ir estudar na Inglaterra ao invés de ir para guerra – foi convidado para lecionar a língua inglesa, um verdadeiro pioneirismo para a época. O responsável pelo feito foi o diretor (Burghart Klaussner), sempre antenado com o progresso, porém, os demais professores da escola não viam com bons olhos o ensino da língua dos “bárbaros”, pois não teria utilidade alguma para o esperado momento em que a Alemanha enfim invadiria aquela “maldita Ilha”.

É neste ambiente tomado de preconceito e resistência que o professor Konrad tentará ensinar o inglês, e não restará alternativa senão usar o futebol como elemento motivador. Era a primeira vez que aquele esporte britânico, ou como foi chamado, “doença inglesa” era apresentado aos alemães. Não é necessário pensar muito para concluir que a reação dos professores e demais autoridades locais foi completamente diferente da reação dos jovens alunos. 

Lessons of A Dream não e simplesmente o relato da chegada do futebol em território alemão, é também um passeio sobre as relações entre proletários e aristocratas, ou melhor, miseráveis e ricos, ou mesmo perceber o espírito empreendedor daqueles que aprendemos a chamar de burgueses. Sem esquecer-se da odiosa, mas comum, disciplina que dominava as escolas da época.

Um filme leve e emocionante, que nos leva a perguntar por que o Brasil, aclamado como o país do futebol, ainda não fez um filme sobre o desembarque do também inglês Charles Miler e sua pelota por aqui? Assim como no exemplo alemão, é uma ótima história para um filme.


Título original: (Der große Traum ganz)
Lançamento: 2010 (Alemanhao)
Direção: Sebastian Grobler
Atores: Daniel Brühl, Burghart Klaußner, Justus von Dohnányi, Kathrin von Steinburg, Thomas Thieme, Jürgen Tonkel, Axel Prahl, Henriette Confurius, Theo Trebs, Adrian Moore
Duração: 113 min
Gênero: Ficção

sábado, 21 de abril de 2012

Pink Floyd – The Wall


“O que faremos para enchermos os espaços vazios?” (Pink Floyd)


Filmes que tentem retratar a vida de um artista deve se esforçar para sair do lugar comum. Pelo menos deve tentar captar a alma do seu inspirador, deve se confundir com sua obra. 

As primeiras cenas de Pink Floyd – The Wall são magníficas: um convite a letras intrigantes e densas, misturadas a imagens chocantes e, no mínimo, reveladoras das angústias de Waters. Aqui você não encontrará uma narrativa linear, aquelas em que a vida do personagem é retratada da infância a vida adulta, pois não só o filme é baseado apenas em um álbum, o  The Wall, como também este parece ter uma relação íntima com os traumas do roteirista e também membro da banda, Roger Waters.

Aliás, muitos nem o consideram como um filme, mas como um grande clipe musical, ou então, um próprio musical. A verdade é que Alan Parker, o diretor, faz um passeio pelas angustias, traumas, frustrações e tormentos de Roger Waters. 

Traumas decorrentes da Segunda Guerra Mundial, inclusive a perda do pai, relação tumultuosa com a mãe e com a esposa, alem, é claro, do intenso consumo de drogas. Estes são os elementos que levaram Waters e seus companheiros a produzirem musicas que seduziriam muitos jovens desde os longínquos anos sessenta até os dias de hoje. Gerações inteiras foram atraídas por suas músicas não por acaso, mas porque, quem sabe, passassem pelos mesmos sentimentos que o roteirista.

Os fãs da banda certamente irão gostar bastante do filme, afinal não é todo grupo musical que tem o privilégio de ver seu álbum ser transformado em um filme. Já aqueles curiosos, que não conhecem muito ou não acompanham o Pink Floyd, não podem perder a oportunidade de ouvir e ver leituras magníficas de músicas como: "The Little Boy that Santa Claus Forgot", “When the Tigers Broke Free” , "The Happiest Days Of Our Lives","What Shall We Do Now"  e “Another Brick In The Wall” parte 1 e 2.   

Para ilustrar a forte sincronia entre as letras da banda e as imagens postarei aqui o clipe de duas belas canções do grupo, verdadeiros hinos que representam muito bem as gerações do Pós-Guerra.

Clipe legendado da Música “What Shall We Do Now?”. A mesma versão do filme.



Clipe legendado da Música “Another Brick In The Wall”. A mesma versão do filme.



Clipe legendado da Música “Another Brick In The Wall”. Um versão diferente do filme.





Título original: (Pink Floyd – The Wall)
Lançamento: 1982 (EUA/Reino Unido)
Direção: Alan Parker
Atores: Bob Geldof, Christine Hargreaves, James Laurenson, Eleanor David, Kevin McKeon, David Bingham, Alex McAvoy.
Duração: 95 min
Gênero: Musical

domingo, 15 de abril de 2012

Cirkus Columbia

- Por que você voltou? (Lucija)
- É minha casa, meu pais, tudo é meu. (Divko)
- Mas deixe Martin em paz. (Lucija)
- Mas ele também não é meu filho? (Divko)


Com o fim dos governos e dos projetos comunistas em virtude da Queda do Muro de Berlim, as tensões étnicas presentes no território Iugoslavo vieram à tona. Neste instante um conflito naquele território seria apenas questão de tempo. Assim, dois anos após o Muro vir abaixo em Berlim, os corpos também tombavam no centro da Europa. Aquele era o pior confronto no continente desde a Segunda Guerra Mundial, e um cenário destes não poderia deixar de ser fértil para a Sétima Arte. Mais de vinte anos após os primeiros tiros -1991- as feridas ainda estão longe de estarem cicatrizadas.

Cirkus Columbia não é um filme especificamente sobre a guerra civil iugoslava, mas, sobre as mudanças, os sofrimentos e os anseios e desejos de seus personagens, que, claro, tem suas vidas alteradas em consequência do conflito, ou mesmo da animosidade étnica, camuflada ou escancarada.

O diretor Danis Tanovic, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2002 pelo filme Terra de Ninguém (No Man´s Land), nos apresenta um ambiente tenso, não só pela iminência de uma guerra, mas também, por deixar claro os conflitos familiares mal resolvidos no passado.

Tudo tem início a partir do retorno de Divko (Miki Manojlovic ) para a Iugoslávia, sua terra natal, após longos vinte anos de exilio na Alemanha.Decidido a retomar aquela vida que permanecia ativa em sua memória, recheada de boas lembranças, Divko, traz consigo a bela jovem Azra (Jelena Stupljanin), além dos valorizados marcos alemães e do gato Bonny, com quem desenvolveu um intenso laço afetivo.

Porém seu retorno não será tão pacífico, pois terá que enfrentar amores e conflitos do passado: o primeiro deles é sua ex-mulher, Lucija (Mira Furlan) quem abandonou quando fugiu para a Alemanha. O segundo é seu filho Martin, (Boris ler) a quem nunca tinha visto, mas que deseja recuperar o tempo perdido e construir um laço familiar.

É presente e inegável a tensão, seja ela amorosa, familiar, ideológica ou política. Uma fornalha repleta de pessoas que tentam e buscam ser donas do seu próprio destino, ao mesmo tempo em que são arrastadas pela leva de acontecimentos e circunstancias inesperadas, ou já preparadas e aguardadas há muito tempo.

A única coisa positiva nas guerras - e que poderíamos viver sem - é a construção desta atmosfera propícia a montagem de bons filmes, tão bem captada pelo diretor Tanovic.

Ótimo filme.


Título original: (Cirkus Columbia)
Lançamento: 2010 (Bósnia/Herzegovina)
Direção: Danis Tanovic
Atores: Miki Manojlovic, Mira Furlan, Boris Ler, Jelena Stupljanin, Ivica Djikic.
Duração: 113 min
Gênero: Drama
  

sábado, 14 de abril de 2012

Seção Curtas

No Caminho, com Maiakóvski

Através do irrequieto Helivan Oliveira trago ao blog um ótimo curta.

Resultado dos esforços do artista gráfico Rodrigo Jolee e dos versos do poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa. Música: Western Eyes, por Portishead.

O título não poderia ser outro:  No Caminho, com Maiakóvski

Apreciem!

 


Fúria de Titãs 2

"Você aprenderá um dia que ser metade humano o torna mais forte que um deus" (Zeus)


Ainda bem que nós, apreciadores de filmes, podemos ter o recurso da locadora, da internet, apesar da tudo, e também da TV a cabo, principalmente de canais como o MAX, que sempre exibe aqueles filmes excluídos do roteiro comercial. Isto porque se dependêssemos apenas do que nos é oferecido pelas salas de cinema, estaríamos decepcionados. O que tem de filme de qualidade mediana sendo exibido por aí, e pasmem, liderando bilheteria.

No feriado da Páscoa foi a sequência de Fúria de Titãs que fez o sucesso das bilheterias, atraindo milhares de espectadores e seguido de perto pelo insosso Espelho Espelho Meu.  O pano de fundo é interessante, pois a Mitologia Grega é um cenário fértil, e se bem aproveitado pode oferecer um bom filme de aventura, senão pode se transformar em caricatura, ou uma coisa qualquer que não lembre em nada os deuses e semideuses gregos , como é caso de Fúria de Titãs 2. Pelo menos o trailer é muito bom, consegue enganar qualquer um. 

O pretexto para a aventura é audacioso, mas seu desfecho é humilhante. Imagine o que seria para o Olimpo a tentativa de libertar Cronos do Tártaro? Uma vingança de Hades contra Zeus? Isto não é um acontecimento qualquer, mas no filme parecia uma mera briga de vizinhos.  

Liam Neeson interpreta um Zeus que nos faz sentir compaixão de sua mediocridade. Este deus seria derrotado até por um simples mortal. Enfraquecido, por não ser mais adorado pelos humanos, Zeus vai buscar a ajuda do seu filho, o semideus Perseu (Sam Worthington), o mesmo que havia derrotado o Kraken no filme original. Recluso, dedicando se apenas a cuidar do seu filho Helius, Perseu ignora o chamado do pai para tentar evitar uma catastrófica briga de família. Pois Hades (Ralph Fiennes) irmão de Zeus, com ajuda de seu sobrinho Ares (Edgar Ramírez) traçara um plano para libertar o poderoso Cronos, pai de Zeus, Hades e Posseidon (Danny Huston) do Tártaro.

Outros deuses e semideuses entraram nesta que era pra ser a Grande Batalha do Universo, inclusive o mitológico cavalo Pegasus. A figura feminina fica por conta de Rosamund Pike, interpretando a rainha Andrômeda. 

Tão fraco quanto o filme original, seja quanto ao roteiro, interpretação, efeitos especiais ou desfecho final, Fúria de titãs 2 não possui nenhum aspecto elogiável. Apenas esperamos que não voltem a gastar milhões para fazer mais uma sequência, senão corremos o risco do próprio Zeus descer do Olimpo e eliminar a todos nós.

Título original: (Clash of the Titans 2)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Jonathan Liebesman
Atores: Sam Worthington, Bill Nighy, Ralph Fiennes, Liam Neeson, Rosamund Pike, Toby Kebbell, Danny Huston, Édgar Ramírez, Matt Milne, George Blagden.
Duração: 99 min
Gênero: Aventura

Espelho Espelho Meu

“O príncipe é rico, vou casar com ele e meus problemas de dinheiro serão solucionados.” (Rainha Má)


Apresentar uma versão diferente dos clássicos contos infantis a muito tempo deixou de ser novidade em Hollywood. A maioria traz um lado comediante, outros arriscam até com uma versão erótica. Este tipo de trabalho possui uma exigência especial que não existe em outros filmes: pelo fato de já conhecermos o início meio e fim da história, consequentemente esperamos ser surpreendidos com algo inusitado, diferente, pode até ter o mesmo final, mas a forma de contar deve ser outra. É este, então, o motivo pelo qual somos atraídos por versões de consagrados contos infantis.

E qual a novidade em Espelho Espelho Meu? Claro que não vou contar, mas adianto que o estilo adotado é a comédia, com muitas cenas pouco engraçadas. Salvo pelos simpáticos anões e a atuação de Julia Roberts no papel da Rainha Má, nem perceberíamos que estávamos assistindo a uma comédia. 

A Rainha Má, sempre atenta a sua beleza, faz de tudo para tirar o brilho de sua enteada, a famosa Branca de Neve, na pele da simpática Lily Collins. Mas a Rainha não está preocupada apenas com sua beleza, pois como afirmou seu puxa-saco real, Brighton (Natan Lane): o reino está sem dinheiro. É aí que o rico príncipe Alcott (Armie Hammer), metido a aventureiro, desperta o interesse da Rainha, e porque não, também da sofrida princesa.

Se existe algo isento de críticas neste filme, este só pode ser o figurino.  As interpretações são fracas, culpa do roteiro. As piadas não nos tiram mais que um sorriso amarelo. Em alguns momentos rezamos para que os créditos apareçam e aquilo tenha fim. Porém, as roupas dos personagens são interessantes: coloridas, vivas, bonitas, ganham destaque nas cenas. Não é por acaso que este e alguns outros títulos, como Alice no País das Maravilhas, A Bela e a Fera, O Mágico de OZ e João e Maria ganharam um editorial especial na conhecida Vogue.  

Enfim, pelo menos existe algo interessante nessa aventura. E não saia correndo da sala de projeção, pois ainda tem um pequeno clipe junto com os créditos finais. Afinal, eles sabem que ficaram em débito então nos deram esta gorjeta.


Título original: (Mirror, Mirror)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Tarsem Singh
Atores: Julia Roberts, Lily Collins, Armie Hammer, Sean Bean, Nathan Lane, Mare Winningham, Michael Lerner, Robert Emms, Martin Klebba
Duração: 106 min
Gênero: Comédia

domingo, 8 de abril de 2012

Guerra é Guerra

-Ela decide. (FDR)
-Que vença o melhor. (Tuck)


Qual a importância do trailer para aquele indivíduo que está constantemente no cinema? Penso que este momento é bastante especial, pois é neste instante que não só tomamos conhecimento dos próximos filmes que veremos, mas também construímos expectativas positivas ou negativas sobre eles. Ultimamente os filmes nacionais têm feito bons trailers, um exemplo que nunca esquecerei é o do filme De Pernas Pro Ar: uma verdadeira propaganda enganosa. Já o trailer do filme 2 Coelhos foi bastante honesto.

Enfim, estas pequenas e maravilhosas propagandas tem uma função bastante interessante: além de divulgar, tenta também capturar o espectador, seduzi-lo. Porém, pode funcionar de modo inverso. Quem nunca disse um “este não vejo nem de graça” após assistir um trailer de um filme supostamente ruim? Pois é, foi o que pensei ao ver a propaganda do último filme do trio: Tom Hardy, Chris Pine e Reese Witherspoon. Mas, contrariando meus instintos e, principalmente, por falta de opção, resolvi arriscar e pagar pra ver.

Saiu caro, muito caro. Tanto é que faltou inspiração para escrever cinco simples parágrafos de um poste aqui no blog. Ainda bem que enrolei com esta conversa fiada sobre trailer, de outra forma não teria dispensado mais que quatro linhas para este filme insosso.

Dois grandes amigos e agentes da CIA: Tuck e FDR se apaixonam pela mesma garota, a Lauren. Ela, indecisa, resolve provar secretamente – pelo menos é o que ela pensa - as qualidades dos quase irmãos e, depois decidir com qual ficar. Eles, objetivando conquistar a donzela, usam todas as suas habilidades para alcançar tal propósito, inclusive os recursos tecnológicos do governo. Enquanto isso, ainda arranjam tempo para perseguir o bandido da trama, um tal de Heinrich (Til Schweiger ). Tão sem sal quanto os outros personagens.

O problema não está apenas na trama ou no roteiro, mas principalmente nos atores: nem um dos três   apresentou a necessária veia cômica para dar vida ao filme. Faltou exatamente aquela coisa, sem a qual não podemos dizer: isto é uma comédia! Nem mesmo as fugas, tiroteios, perseguições, ou piadas de Trish (Chelsea Handler), amiga conselheira de Lauren, foram suficientes para salvar o filme.

Da próxima vez confiarei mais nos meus instintos.


Título original: (This Means War)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Joseph McGinty Nichol (McG)
Atores: Reese Witherspoon, Chris Pine, Tom Hardy, Laura Vandervoort, Til Schweiger, Rebel Wilson, Angela Bassett, Abigail Spencer, Emilie Ullerup, Chelsea Handler
Duração: 97 min
Gênero: Comédia

Seção Curtas

A indicação de um breve e interessante curta de animação pelo também cinéfilo, e companheiro de longa data, o senhor Paulo Sávio Machado me fez despertar a ideia de abrir aqui uma seção para exibição de curtas. Sem periodicidade e, na maioria das vezes, também sem comentários. 

Aceitamos indicações de fontes de curtas, como também podemos divulgar seu filme. 

O primeiro filme é justamente aquele indicado por Sávio. Uma bela releitura do conhecido conto da "Chapeuzinho Vermelho". Postarei duas versões, que só se diferenciam pela trilha sonora e duração. 

O colorido e os traços do desenho chamam a atenção, assim como a trilha.

Parabéns a Jorge Jaramillo, Carlo Guillot e Manuel Borba autores do filme.

Fontes: 
vimeo.com
youtube.com/carloguillot 

Versão 1



Versão 2


Protegendo o Inimigo


“Regra número um: é responsável por sua visita.” (Tobin Frost)

 
Depois deste filme a palavra “zelador” terá outra conotação pra você.  Matt Weston (Ryan Reynolds) é oficial da CIA, jovem, inexperiente, até agora seu único trabalho foi ser o “zelador”, que é uma espécie de guarda dos esconderijos secretos da agência. Weston sempre desejou ir para o campo, trabalhar em uma operação de verdade, e seu desejo está prestes a ser realizado, porém, de uma forma inesperada. 

Tobin Frost (Denzel Washington), por sua vez, é aquele homem que sempre figura na lista dos mais procurados de todas as agências policiais; já esteve do lado dos mocinhos, agora age sozinho, comprando e vendendo informações secretas e comprometedoras, por isso, coleciona vários inimigos. E, é fugindo de um desses inimigos que Frost não vê outra saída senão entrar no consulado americano da Cidade do Cabo, África do Sul, ou seja, se entregar de bandeja para a CIA. É esta estranha ação que deixa a todos perplexos e, ao mesmo tempo, proporcionará o encontro de Frost com Weston.

Um início de filme alucinante: correria, informações, diálogos, não há tempo nem para se acomodar na cadeira sem correr o risco de perder um detalhe importante ou uma boa cena de ação. Se o espectador busca um verdadeiro thriller de ação então já encontrou.  Aliás, há um bom equilíbrio entre as duas metades do filme: na primeira há uma significativa dose de ação, mas, fracos diálogos, além de um par romântico forçado. Enquanto na segunda parte os diálogos melhoram, equilibrando com o ritmo frenético dos personagens.

Este filme nos faz pensar que não é difícil fazer um bom filme de ação, ou seja, não precisa muito: um roteiro razoável, pelo menos um ou dois atores reconhecidos por seu talento e não só por um rosto bonito, intrigas e segredos aqui e ali, uma boa trilha sonora para acompanhar a correria, personagens bem definidos, e o resto é detalhe.

Protegendo o Inimigo não traz novidades, não surpreenderá o contumaz apreciador de filmes policiais, mas também não decepcionará. É a velha receita do feijão com arroz que agrada a maioria.


Título original: (Safe House)
Lançamento: 2011 (EUA/ África do Sul)
Direção: Daniel Espinosa
Atores: Ryan Reynolds, Denzel Washington, Vera Farmiga, Brendan Gleeson, Robert Patrick, Sam Shepard, Liam Cunningham, Joel Kinnaman, Tanit Phoenix, Stephen Bishop.
Duração: 115 min
Gênero: ação

sábado, 7 de abril de 2012

Habemus Papam


- Em que o senhor trabalha? (psicanalista)
- Eu sou ator. (Melvile)


Um cinéfilo de verdade não escolhe momento para assistir um bom filme, em qualquer época ou lugar, se a película for boa, dá se um jeitinho. Em uma rápida fuga da correria do dia dia, em visita a Cidade Maravilhosa, eis que a bela Mary nota o mais novo trabalho do ator e diretor italiano Nanni Moretti, o mesmo que atuou e dirigiu o muito bom O Quarto do Filho. Não poderia ser outra a nossa reação senão reservar um tempinho entre o passeio na orla e o café, e assim apreciar este filme no confortável Kinoplex de Copacabana.

Habemus Papam traz uma perspectiva que, confesso, nunca havia pensado antes: o fardo que é ser o maior ícone da religião cristã no mundo, ou seja, como pode ser difícil e angustiante ser o Papa. Na maioria das eleições que conhecemos os candidatos estão lá por vontade própria, ou então se comprometem, nem que seja almejando algum tipo de retorno no futuro. E no Conclave? Vários cardeais presos em uma sala até que dali saia o novo Papa. O que realmente se passa lá dentro? Moreetti, com uma dose de humor, drama, e claro, fantasia, recria este ambiente e traz outra luz sobre o que é ser um Papa.

Após a morte do Papa e de um Conclave bastante especial, cai no colo do cardeal Melvile (Michel Piccoli) a maior de suas responsabilidades: ser o novo Papa! Sua reação, ao contrário do que imaginamos, não foi a de alguém que estava ansioso por este cargo. Desespero, depressão, angústia, infarto, medo. Enquanto a multidão de fiéis aguardava na praça o anúncio do novo líder da Igreja católica, lá dentro, na Capela Sistina, a incerteza pairava. Até um psicanalista (Nanni Moretti) foi chamado para tentar trazer Melvile a razão, neste caso, a fé.

Neste filme temos ainda a oportunidade de acompanhar uma história que poderia (e pode) ser baseada em fatos reais. Ou ainda, refletir a cerca do que representa um Papa, o que esperam seus seguidores, e principalmente, é possível ser Papa sem estar representando?


Título original: (Habemus Papam)
Lançamento: 2011 (Itália/França)
Direção: Nanni Moretti
Atores: Michel Piccoli, Nanni Moretti, Jerzy Stuhr, Franco Graziosi, Camillo Milli, Ulrich von Dobschütz, Margherita Buy, Riccardo Sinibaldi
Duração: 102 min
Gênero: Drama