quinta-feira, 30 de junho de 2011

Machete


- Por favor padre, tenha piedade. (traficante)
- Deus tem piedade, eu não. (O Padre)


Não é um filme de terror, mas bem que poderia ser, também poderia passar por uma comédia, afinal este é mais uma obra do Diretor Robert Rodriguez. Com ele a morte sempre é exagerada, um exemploé a cena em que Machete atravessa seu inimigo com um instrumento cortante retira-lhe os intestinos e os utiliza para saltar da janela de um prédio. Sem mencionar as inúmeras cabeças decepadas com apenas um golpe. Está muito longe de ser um Tarantino, porém para quem é fã de filmes exageradamente violentos esta aí a dica.

No cinema, pelo menos, os mexicanos que sofrem para atravessar a fronteia com os Estados Unidos tiveram a oportunidade de vingança. Graças a Machete, um ex-policial mexicano que teve sua família assassinada por Torres(Steven Seagal), um perigoso traficante de drogas. Vivendo como um trabalhador braçal, Machete foi contratado para fazer um serviço especial: assassinar o Senador John McLaughin (Robert DeNiro), que em sua campanha de re-eleição pregava a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México, para impedir que os “parasitas”, como eram chamados os mexicanos, invadissem os Estados Unidos. Porém, sem perceber Machete estaria sendo usado em uma conspiração para promover a campanha do Senador John McLaughin, e por traz do plano estava o seu inimigo, o traficante Torres. Assim, o roteiro estava montado para a frenética e ensandecida  caçada promovida por aquele ex-policial louco por vingança.

Não devemos esquecer o também ex-agente policial e amigo de Machete que vivia tranquilamente como padre, pelo menos até a aparição de Machete. Além da policial Sartana Rivera (Jessica Alba), de origem mexicana, mas que por ironia tinha a missão de impedir a violação da fronteira americana. E, Luz (Michelle Rodriguez), que usava a venda de tacos como camuflagem para sua organização que tinha por objetivo facilitar a entrada de mexicanos na América do Norte. Ambas serão vítimas do bruto charme de Machete.

Retire as crianças da sala e esteja preparado ou para se assustar com tanta violência ou então, dar risadas com tanto exagero.

Título original: (Machete)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Robert Rodriguez, Ethan Maniquis
Atores: Danny Trejo, Michelle Rodriguez, Jessica Alba, Robert De Niro.
Duração: 105 min
Gênero: Ação


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Caindo no Mundo

- Ola Senhora Waring, tudo bem? Passei aqui para dizer que graças a clientes como a senhora eu passei pelo período de experiência, agora tenho o meu próprio cartão. Aqui está e se precisar de algo é só chamar. (Freddie Taylor)
- Na verdade eu preciso sim. Desculpe incomodar, sei que o senhor está ocupado, mas preciso de uma solicitação. Meu marido... (Sra. Waring)
- Ah, e o que ele aprontou? Bateu o carro de novo? (Freddie Taylor)
- Ele morreu. (Sra. Waring)
- Nossa eu sinto muito. (Freddie Taylor)
- Estava mexendo na antena, escorregou e caiu bem ali. Morreu na hora. Eu queria ter saído de férias com ele. (Sra. Waring)


Uma correria frenética ao som de uma música romântica gerando aquele clima de “será que dar?”. Parece que você já viu essa cena inúmeras vezes, e tem razão, pois geralmente as comédias românticas terminam com esta fórmula bastante comum. E, como não poderia deixar de ser, este filme também está neste hall. Então, o que tem de mais neste filme? Quem sabe o drama característico da juventude - principalmente daqueles que vivem em cidades pequenas do interior e mais conservadoras – seja retratado de forma até convincente: o que fazer da vida, do futuro? Reconheço também que não é uma questão nova no cinema, porque a inseguranças dos jovens quanto ao seu futuro, ou a ideia de viajar pelo mundo, curtir, não repetir a vida dos pais é uma ideia recorrente.

Neste filme, ambientado na Inglaterra da década de setenta, o drama é vivido por Freddie Taylor (Christian Cooke) que recém contratado por uma empresa de seguros imagina construir uma vida digna longe do trabalho penoso das fábricas nas quais o pai trabalhou. Já Bruce Pearson (Tom Hughes), não reclama do trabalho tanto quanto do pai que, desempregado, passa o dia todo bebendo e assistindo TV, quem sabe para curar o sofrimento por ter sido abandonado pela mulher, quando Bruce ainda era criança. Bruce sempre promete sair da cidade, porém, receoso, nunca cumpre a promessa. Por fim, temos Snork (Jack Doolan) até que gosta do seu trabalho na estação de trem, porém tem dificuldades com as mulheres. A personagem feminina, que não poderia faltar, estar por conta de Julie (Felicity Jones), antiga colega de Freddie e filha do chefe. Foi Julie, e seu espírito aventureiro, que despertou nos três a coragem para buscar o novo, conhecer o mundo, mas será que eles terão coragem de sair do conforto da família, da segurança da comunidade?

Por mais que não se distancie quase nada da maioria das comédias que invadem as telonas, esta, pelo menos, possui alguns diálogos que esboçam um retrato das angustias vividas pelos adolescentes que observam a vida adulta se aproximar, porém com poucas perspectivas. Pelo menos já vale um esforço para assisti-la.



Título original: (Cemetery Junction)
Lançamento: 2010 (Inglaterra)
Direção: Ricky Gervais e Stephen Merchant
Atores: Ralph Fiennes, Christian Cooke, Felicity Jones, Tom Hughes, Jack Doolan, Emily Watson, Ricky Gervais, Mathew Goode.
Duração: 95 min
Gênero: Comédia

Desconhecido

Não estou louco. Em algum lugar há provas de que sou eu. (Harris)


Martin Harris (Liam Neeson) e sua esposa (January Jones) viajam juntos para Berlim, onde ele participará de uma importante conferência relacionada a biotecnologia. Porém, quando já havia chegado ao hotel em que seria hospedado um contratempo o obriga a retornar sozinho para o aeroporto, e neste percurso Martin sofre um forte acidente de carro. Ao acordar, após quatro dias em coma, Harris percebe que estão usando sua identidade, sua esposa não o reconhece, e as autoridades não acreditam nele. Jogado em uma cidade estranha, sem conhecer ninguém, com o objetivo de descobrir o que está acontecendo, o americano tenta encontrar a taxista que o levou para o aeroporto no dia do acidente: Gina (Diane Kruger). Contudo à medida que aprofunda este mistério o perigo aumenta, assassinos profissionais passam a persegui-los, tentam matá-lo e a Gina também.

Um thriller com muita perseguição, tiroteio, mistério e dose razoável de ação. Infelizmente é bem previsível, visto que ao fim da primeira metade do filme já construímos nossas hipóteses de finais e dificilmente erramos. De qualquer forma quem gosta de tramas envolvendo assassinatos, mistérios, conspirações, espiões e algo mais, eis aqui uma opção.

Título original: (Unknown)
Lançamento: 2011 (Canadá, França, Japão, Reino Unido, EUA, Alemanha)
Direção: Jaume Collet-Serra
Atores: Liam Neeson, January Jones, Diane Kruger, Aidan Quinn.
Duração: 103 min
Gênero: Suspense

domingo, 26 de junho de 2011

Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

Somente a adaga pode desbloquear as areias do tempo. E há aqueles que usariam este poder para destruir o mundo. A única forma de impedir este armagedon é levando a adaga para o templo secreto do guardião. ( Tamina) 


Se você é aficionado em games e aprecia as boas adaptações dos seus jogos favoritos para as telonas, então assista Príncipe da Pérsia. Com um bom movimento de câmera que lembra as fazes do jogo, ótimos efeitos especiais e trilha sonora, sem esquecer as cenas de ação. E o melhor, não é recheado daqueles excessivos diálogos e piadas sem graça entre o herói e a mocinha, muito comum nos filmes de ação, até perdoamos as anacronias, ou seja, tudo está na medida certa, inclusive o interessante final.

Dastan (Jake Gyllenhaal) foi acolhido das ruas pelo rei Persa Sharaman (Ronald Pickup), sendo criado no palácio junto aos príncipes Tus (Richard Coyle), Garsiv (Toby Kebbell) e Nizam (Ben Kingsley) irmão do rei. Dastan sempre honrou e respeitou o rei, e por isso foi educado como um membro da família, um filho, proporcionando assim a união entre os irmãos.

A investida sobre a cidade sagrada de Alamut seria para buscar armas que supostamente estariam sendo vendidas aos inimigos da Pérsia, apesar da contrariedade do rei Sharaman, os prínicpes Tus, Garsiv, Dastan e o tio Nizam invadiram e dominaram a cidade, submetendo assim a princesa Tamina (Gemma Arterton) a um casamento com Tus. Tudo se encaminhava bem até que o Rei é misteriosamente morto após receber uma túnica envenenada. Dastan, o presenteador passou a ser o único suspeito e a ser perseguido pelos soldados do reino. Tamina então auxilia Dastan a fugir e tentar provar sua inocência, pois o assassinato do rei fazia parte de um plano para a tomada do reino.

A única forma de provar sua inocência seria através dos poderes mágicos da Adaga, a qual tamina era responsável pela guarda. A adaga possibilitava ao seu portador retroceder no tempo e alterar o destino. Uma arma perigosa que interessava muito a quem arquitetou o plano de assassinato do rei. Durante a aventura Dastan e Tamina se unem a Sheik Amar (Alfred Molina), um comerciante avesso a impostos e apreciador de corrida de avestruz, e a Seso (Steve Toussaint), um habilidoso atirador de facas.

Um filme na medida certa, que fez valer seus pouco mais de cem minutos. Confira.


Título original: (Prince of Persia: The Sands of Time)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Mike Newell
Atores: Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina.
Duração: 116 min
Gênero: Aventura

Entrevista Com o Vampiro

“Posso odiar Lestat. A propósito, não posso odiar você, Louis. Louis, meu amor, eu era mortal até Você me dar seu beijo imortal. Você se tornou minha mãe e meu pai, e assim eu sou seu para sempre.” (Cláudia)


Talvez este tenha sido o grande último filme em que os vampiros ainda guardavam um pouco daquilo que Bram Stoker criou em Drácula. Baseado no livro homônimo de Anne Rice (que também participa do roteiro), este filme relata, entre outras, a crise existencial do vampiro Louis de Pont de Lac (Brad Pitt). Através de uma entrevista ao repórter Daniel Malloy (Christian Slater) este vampiro conta sua jornada, sua vida recheada de rancor e sofrimento. Sentimentos estranhos a um vampiro mortal por natureza. Louis foi vampirizado por Lestat a mais ou menos duzentos anos, um vampiro orgulhoso, que não media esforços para mostrar sua força, impulsivo e até inconsequente. Lestat não compreendia a crise existencial de Louis, como poderia existir um vampiro com espírito humano? Quem sabe esta tenha sido a razão que o levou a transformar a garotinha Claudia (Kirsten Dunst) em vampira e presenteá-la a Louis. Contudo, este gesto fazia nascer mais um ser condenado ao sofrimento, pois Cláudia envelheceu, mas estava presa aquele corpo de menina. Porém, a amizade de Louis e Cláudia se fortalecia a contra gosto de Lestat.

Outro ícone de Hollywood que faz parte do elenco é Antonio Banderas interpretando o vampiro Armand, talvez o mais velho da espécie. Quem sabe já tenha vivido tempo suficiente para se livrar de qualquer crise existência, mas que ainda assim não era capaz de responder as angustias de Louis. Armand estaria entre Lestat e Louis, não possuía remorso por ser um vampiro e se alimentar de sangue humano, ao mesmo tempo que não agia por impulso e inconsequência, conforme o criador de Claúdia. Quem sabe, se não fosse vampiro, Armand seria o super-homem nietzscheano.

Mesmo sendo um filme não tão velho, com certeza é considerado referencia entre os títulos relacionados a vampiros. É profundo, possui diálogos intensos que mostram três estados de um ser que, por ser imortal, poderia ser o mais feliz dos seres, mas conforme percebemos em Louis e até mesmo em Cláudia, não é. Além disso, também tem muitas cenas de ação, trilha sonora, elenco invejável (talvez os altos cachês não permitam mais que Pitt, Cruise e Banderas estejam novamente em um mesmo filme) e efeitos especiais. Filme obrigatório, principalmente para quem aprecia o tema vampiro.


Título original: (The Vampire Chronicles)
Lançamento: 1994 (EUA)
Direção: Neil Jordan
Atores: Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Stephen Rea.
Duração: 122 min
Gênero: Suspense

sábado, 25 de junho de 2011

Os Homens Que Encaravam Cabras

"você ficaria surpreso com a quantidade de coisas neste filme que são verídicas". (prólogo)


Um elenco de peso foi reunido para contar uma estória bastante estranha para o nosso mundo real, e para não perder tempo, aproveitaram também pra fazer uma crítica ao belicismo norte-americano. Este é o mais novo empreendimento de George Clooney, sempre no estilo “assista, pois você não perderá seu tempo”. Porém alertamos que mesmo sendo uma comédia, nem tudo é engraçado, mesmo que quase tudo seja estúpido. Um filme na linha do muito bom Queime Depois de Ler, só que um pouco mais sério, engajado e menos engraçado.

Ewan McGregor faz o jornalista Bob Wilton que após levar um fora da mulher tenta provar que pode fazer algo perigoso, corajoso, que não é um babaca, então resolvi cobrir a Guerra do Iraque. É assim que conhece Lyn Cassady (George Clooney), membro de uma unidade especial do exército norte-americano. Lyn foi treinado por Bill Django (Jeff Bridges), responsável pelo treinamento de soldados que possuíam habilidades paranormais. O objetivo era formar um exército capaz de usar seus poderes especiais em combate, formar os supersoldados ou jedis. Nesta unidade de soldados paranormais (Exército de Terra Nova) havia também o Larry Hooper (Kevin Spacey) um desafeto de Lyn e muito ambicioso, que muitas vezes se distanciava dos ensinamentos pacíficos do chefe Bill Django.

A verdade é que Bob foi parar no Iraque com Lyn, um cara que diz ser Jedi e ter poderes paranormais. Passam por estranhas situações: perigosas e cômicas, inclusive matar cabras apenas com a força do olhar, ou então, curtir uma viagem provocada por LSD junto com todo um pelotão.

É nos pequenos detalhes que percebemos a crítica do filme a guerra do Iraque: a unidade hippie no exército, ao mesmo tempo em que prega uma mensagem de paz ridiculariza o exército e sua rígida estrutura. Os métodos de guerra do Exército da Terra Nova nada hostis, típico da mensagem hippie, também revelam a vontade voraz dos militares em descobrir novas técnicas de combate, de guerra, por mais estranhas e estúpidas que pareçam, aliás, até as técnicas hippies, no fim, se tornaram bastante letais e sinistras. Ou seja, se o espectador não estiver atento pode pensar que Clooney aderiu à comédia tipo paspalhão, o que até não deixa de ser, porém a mensagem anti belicismo é clara e interessante.


Título original: (The Men Who Stare at Goats)
Lançamento: 2009 (Reino Unido, EUA)
Direção: Grant Heslov
Atores: George Clooney, Ewan McGregor, Jeff Bridges, Kevin Spacey.
Duração: 94 min
Gênero: Comédia

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Irmãs

- Se queria fazer uma homenagem então não deveria ter abortado, aí você colocaria o codinome que quisesse. (Elena)


Os governos militares na América latina só tiveram uma utilidade, se é que isto seja possível: construir uma atmosfera conflituosa e tensa, montando cenários perfeitos para alimentar o cinema com intensos dramas repletos de dor, sofrimento e angustias. Por isso, filmes que remontam o sofrimento provocado pela ditadura são muito comuns no Brasil e na Argentina. E geralmente são emocionantes, pois tocam em feridas que o tempo ainda não cicatrizou.

Hermanas conta estória de duas jovens irmãs separadas pela ditadura argentina que se reencontram após oito anos separadas. Elena (Valeria Bertuccelli ) mora no Texas, é casada e tem um filho de oito anos, recebe a visita de sua irmã Natalia (Ingrid Rubio ), uma jornalista que mora na Espanha também a oito anos. Ambas saíram da Argentina em virtude da perseguição dos militares. O reencontro das irmãs reascenderá tristes emoções, até então esquecidas no passado, isto porque Natalia descobre entre as fotos, documentos e lembranças da família, um romance autobiográfico do pai que remontam os acontecimentos do período em que Martin, namorado de Natália, foi capturado e morto pelo governo militar. Ambos tinham sido influenciados pelos ideais do pai comunista, e lutavam contra o regime militar. Enquanto Elena, irmã mais velha, tentava se manter distante dos debates políticos e se dedicava mais a família. Natália nunca se recuperara da morte do seu namorado, ainda mais porque não sabia como os militares o encontraram no esconderijo ou se alguém o teria delatado, porém aquele romance poderia libertá-la daquela angustia, ao mesmo tempo em que reascendiam lembranças de um período tão sofrido que as irmãs preferiam esquecer.

Apesar do tema tão pesado o filme é bastante leve, através de flashbacks reconstrói a adolescência das irmãs, além de também pôr em evidência o desconforto da adaptação de uma família latina à língua e cultura dos Estados Unidos. Um filme para nos fazer refletir quantas vidas foram destruídas pelos regimes militares no continente sul americano.


Título original: (Hermanas)
Lançamento: 2005 (Argentina, Brasil, Espanha)
Direção: Julia Solomonoff
Atores: Valeria Bertuccelli, Adrian Navarro, Nicolás Pauls, Ingrid Rubio, Horacio Peña
Duração: 88 min
Gênero: Drama

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas


- Então você não está atrás da Fonte? (Jack Sparrow)
- Não me importa o Rei Jorge. Eu daria meu braço esquerdo por uma chance com o Barba Negra. (capitão Barbossa)
- E o direito, não? (Jack Sparrow)
- Preciso do direito para atravessar o coração dele com a minha lâmina envenenada. (capitão Barbossa)


Quando um filme estréia com grande sucesso naturalmente a expectativa depositada sobre suas seqüências serão altas, e assim é com Piratas do Caribe. Johnny Depp nos encantou com o primeiro filme, daí veio o segundo, o terceiro e agora o quarto, parece que as expectativas diminuíram, porém as críticas só aumentaram. O que é natural, pois quem gosta de cinema dificilmente está satisfeito. É assim que chegamos ás Águas Misteriosas, torcendo para que Depp e sua turma ainda tenham fôlego, porém a julgar pela primeira parte do filme, será necessário que estes piratas naveguem muito para voltar a nos divertir como antes.

O fato é que Piratas do Caribe tornou-se previsível: a mesma correria, mudou apenas o cenário, só nos restam os trejeitos e manias do capitão Jack Sparrow que com o tempo também se tornaram manjadas. Mesmo com Penélope Cruz dando um toque diferente a trama, ainda assim, não posso dizer que sai da sala de projeção satisfeito.

A primeira parte do filme traz o capitão Jack usando toda sua esperteza para tentar fugir e libertar seu companheiro Gibbs (Kevin McNally) do enforcamento. Pelo menos até o encontro com Angélica (Penélope Cruz) diríamos que outras fugas acontecem. Na verdade até o instante em que as belas sereias aparecerem enfeitiçando um grupo de piratas deixados como iscas, o filme segue em banho-maria.

O objetivo central de Jack, Angélica e seu pai, o lendário Barba Negra (Ian McShane),é alcançar a Fonte da Juventude. Não podemos esquecer ainda a presença do desafeto de Jack, o capitão Barbossa (Geoffrey Rush) desta vez trabalhando para a Coroa britânica que, aliás, tem uma disputa particular com a muito católica Coroa espanhola. Mas o que Barbossa quer mesmo é em se vingar de Barba Negra pelo tão disputado navio Pérola. Por hora, o que vocês precisam saber é que até alcançarem a tal fonte: Jack e Barbossa lutarão juntos, sereias roubarão corações de homens religiosos, uma maldição irá apavorar Barba Negra e, como sempre, Jack aprontará muito das suas.


Título original: (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Rob Marshall
Atores: Johnny Depp, Penélope Cruz, Geoffrey Rush, Ian McShane.
Duração: 137 min
Gênero: Aventura

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os Garotos Perdidos

Nunca convide um vampiro para sua casa, garoto tolo. Isso o torna impotente. (Max)



Já houve um tempo no cinema que os vampiros não eram bonzinhos e não brilhavam. Tempo que estas criaturas não só bebiam, mas buscavam desesperadamente por sangue, temiam água benta, alho, estaca no coração e não deveriam ser convidados para entrar em sua casa, além de não saírem durante o dia. Observando todas estes mandamentos os vampiros de hoje estão irreconhecíveis. Em 1987 Joel Schumacher assinou um filme que mistura dois temas bastante comuns atualmente: vampiros e adolescentes. Como a maioria dos filmes feitos para adolescentes ficam ridículos com o tempo, este, ainda assim, diverte muito, além de ser nostálgico. Se você não se empolgar com o roteiro, pelo menos curta a moda da época: cortes de cabelos, roupas, músicas, ou ainda revendo algumas promessas do cinema que ficaram pelo caminho, como é o caso de Corey Haim, falecido em 2010 após envolvimento com drogas.

Os irmãos adolescentes Michael (Jason Patric), Sam (Corey Haim) e sua mãe Lucy (Dianne Wiest) vão morar em uma pacata cidadezinha chamada Santa Clara que estranhamente detém o título de campeã em homicídios. Logo, logo os adolescentes descobrem o motivo deste título, a cidade está infestada de vampiros que não abdicam de sua dose de sangue diária. Michael, irmão mais velho, faz esta descoberta da pior forma possível: foi transformado em meio vampiro, assim como Star (Jami Gertz), a garota por quem ele se apaixona. Por meio dos únicos caça vampiros da cidade, os jovens Edgar (Corey Feldman) e Alan (Jamison Newlander), os irmãos adolescentes vão à busca da única forma de salvar Michael e boa parte da cidade que se transformou em meio vampiro, ou seja, matar o líder. Claro, terão algumas surpresas no final.

Não chega a ser um clássico, ainda assim, agradou muita gente ao longo do finalzinho dos anos oitenta e início dos noventa. Dizem até que é o pai do gênero liderado atualmente por Crepúsculo, por misturar adolescentes e vampiros. É verdade que os efeitos especiais chegam a ser engraçados de tão simples, porém, o que eles poderiam fazer? Eram os anos oitenta! Divirtam-se na sessão nostalgia de hoje.

Título original: (The Lost Boys)
Lançamento: 1987 (EUA)
Direção: Joel Schumacher
Atores: Jason Patric, Corey Haim, Dianne Wiest, Bernard Hughes.
Duração: 98 min
Gênero: Terror

terça-feira, 21 de junho de 2011

Estão Todos Bem

- O que você acha do meu trabalho? Você está olhando para ele. (Frank Goode)
- O fio? (Passageira no trem)
- Eu colocava 1600 km de fios por semana, tudo pelos meus filhos. Mais de 300.000 km de fios para eles serem o que são hoje. (Frank Goode)



Frank Goode (Robert De Niro) trabalhou em uma fábrica de fios telefônicos e por muitos anos revestiu milhares de metros de fios com PVC. Um um trabalho que, segundo ele, ajudou a unir pessoas, a proporcionar encontros. Mas por ironia o grande drama de sua vida atualmente é o distanciamento dos filhos. Enquanto trabalhava duro na fábrica para poder oferecer um futuro de sucesso aos filhos naquilo que escolhessem fazer da vida, Frank perdeu o contato com seus quatro: David (Austin Lysy), Robert (Sam Rockwell), Rosie (Drew Barrymore) e Amy (Kate Beckinsale). E, apesar de amá-los bastante, não construiu fortes laços afetivos, foi sua esposa que manteve este relacionamento, era com ela que as crianças, e depois os adultos conversavam quando precisavam desabafar, contar segredos, pedir ajuda. Porém, agora viúvo, Frank percebeu como a ligação entre seus filhos é tão superficial, e resolve sair em viagem para encontrá-los e reunir a família, mesmo tendo uma saúde frágil.

Em sua viagem de trem e ônibus pretende fazer uma visita surpresa a cada um dos filhos, mostrar-lhes quanto os ama e tentar reunir a família em um feriado. Mas, à medida que os reencontra percebe que existem alguns segredos que não lhe contam. E ao mesmo tempo evitam estender a visita por muito tempo, como se sua presença os incomodasse em algo. Certamente tinha haver com o desaparecimento de um de seus filhos, o David. O homem que por sua vida inteira facilitou a comunicação entre as pessoas não conseguia que seus filhos se abrissem, que lhes contassem a verdade.

Por que todos o evitavam? O que teria acontecido com David? Frank teria errado na educação dos filhos? Eram perguntas que se fortaleciam a medida que os encontrava. Uma refilmagem do italiano Estamos Todos Bem, de Giuseppe Tornatore, este drama traz Robert De Niro em ótima performance. Com roteiro e trilha sonora que nos garantem emoções, Estão Todos Bem é uma ótima pedida para o feriadão.


Título original: (Everybody's Fine)
Lançamento: 2009 (Itália, EUA)
Direção: Kirk Jones
Atores: Robert De Niro, Drew Barrymore, Kate Beckinsale, Sam Rockwell.
Duração: 99 min
Gênero: Drama

domingo, 19 de junho de 2011

Bruna Surfistinha

-Pois só vou parar quando não me quiserem mais. (Bruna Surfistinha)


Uma adolescente classe média que resolveu sair de casa, abandonar o colégio e a família para fazer programas. Certamente esta história não teria sido transformada em um filme, se não fosse a ideia da personagem de relatar suas experiências em um blog. Uma sociedade midiática, em que os famosos aparecem e desaparecem instantaneamente, Bruna Surfistinha permaneceu em destaque por mais tempo que o comum, graças aos livros e agora, ao filme. Se perguntarmos qual o motivo do grande barulho em torno do filme seria difícil encontrar respostas seguras, porém apontaríamos para a maciça propaganda, o apelo erótico, que sempre dar certo, o histórico da personagem que é maios ou menos conhecido e a raridade de grandes produções cinematográficas no Brasil, apesar da melhora significativa. Visto que o filme em si não é espetacular, aliás, não empolga e ás vezes concluímos que é excessivamente longo, se não fosse as cenas eróticas, que hoje em dia não é novidade alguma, seria um filme morno.

Deborah Secco, no papel de Bruna surfistinha, não decepciona, ao contrário, convence, mesmo que ás vezes tenha exagerado na caricatura da menina feia e “largada” que se transforma em sensual e cobiçada. A superficialidade está na própria história da personagem que, da forma como foi contada, não emociona. Não é muito claro se Bruna está feliz, triste, com raiva...

Alguns comentários sobre o filme afirmam que houve uma vitimização de Bruna, que o Diretor teria omitido algumas más ações cometidas por ela que estavam descritas no livro. Porém, entendendo que foi necessário fazer um recorte, escolher o que expor e construir uma determinada imagem, ainda assim, o retrato que percebi da Bruna está muito longe de alguém que foi vítima. A busca da casa de programa, a busca pela melhoria na performance, o envolvimento com drogas, o luxo, a fama, tudo resultado de suas próprias escolhas. Pelo menos este filme nacional não põe a culpa na sociedade.

Em fim, resta a interpretação de Deborah Secco como ponto alto do filme, pois o roteiro é monótono, a trama não lhe tocar, não emociona. Assista sem muita expectativa, apenas por curiosidade.



Título original: (Bruna Surfistinha)
Lançamento: 2011 (Brasil)
Direção: Marcus Baldini
Atores: Deborah Secco, Drica Moraes, Fabiula Nascimento, Cássio Gabus Mendes.
Duração: 109 min
Gênero: Drama

sábado, 18 de junho de 2011

Os Agentes do Destino

- O que houve com o livre arbítrio? ( David Norris)

- Já o tentamos antes. Depois de lavá-los da caça e coleta ao apogeu do Império Romano, nós nos afastamos. Deixamos pra vocês, por conta própria. O que desembocou na Idade das Trevas por cinco séculos. Finalmente, quando decidimos voltar aqui o Presidente achou necessário fazermos um trabalho melhor e ensiná-los a andar de bicicletas antes de retirar as rodinhas. Nós lhes demos o Renascimento, Iluminismo, revolução científica. Por 600 anos ensinamos vocês a controlar os impulsos com a razão. Em 1910, nos afastamos. Em questão de 50 anos vocês nos deram a I Guerra Mundial, a Grande Depressão, o Fascismo, o Holocausto, levaram o mundo a beira de destruição com a crise dos Mísseis em Cuba. Aquela altura resolvemos intervir de novo antes que fizessem algo que não pudéssemos consertar. Vocês não têm livre arbítrio David. Apenas aparentam ter. (Thompsom)



O último filme de Matt Damon suscita uma questão interessante: existe mesmo o livre arbítrio ou seguimos os trilhos de um destino previamente estabelecido? Não é uma pergunta nova, tampouco sem tentativas de respostas. Geralmente são os filósofos e principalmente os religiosos que mais se envolvem nesta contenda. E, muitas vezes, suas respostas refletem suas posições. Porém, segundo os Agentes, responsáveis pelo perfeito andamento do plano, não existe livre arbítrio, seu destino já foi previamente estabelecido pelo “presidente”.

Graças ao cochilo (literalmente) do agente Harry Mitchell (Anthony Mackie) o destino de David Norris (Matt Damon) sofreu uma reviravolta. O agente deveria fazer com que David Norris derramasse café em sua camisa ás 07:05 e assim, retornar para trocá-la. Um acontecimento simples e banal, mas recheado de propósito, como todos os outros acontecimentos banais. Norris é um jovem político que apesar de aparentar honestidade e novas ideias, não conseguiu se eleger para o senado, em virtude dos escândalos que surgiram durante a campanha, todos provocados por sua impulsividade. Abatido pela derrota, e em mais um encontro casual, Norris conhece Elise (Emily Blunt) aquela que parecia ser a mulher de sua vida. Era um grande amor, capaz de completar plenamente Norris, eliminando as angustias que o jovem tentava sanar com a política. Entretanto, para os agentes do destino, seu futuro deveria ser distante de Elise. Sua carreira política já estava preparada até a Casa branca e, ao lado de Elise e daquele amor impulsivo, suas ações seriam sempre catastróficas levando sofrimento para aquela mulher e fracasso em sua vida pública.

O que deveria fazer Norris? Aceitar seu destino como um brilhante político, mas sem um grande amor? Ou enfrentar seu destino, os Agentes, lutando por Elise e aquele amor que os completavam? Esta resposta você terá ao assistir ao filme.

Confesso que esperava mais da trama. Quem sabe um roteiro mais elaborado. Uma explicação para a origem dos tais Agentes, do “presidente”. Um aprofundamento das questões religiosos e filosóficas que permeiam o grande embate do filme(livre arbítrio X destino pré-estabelecido). Os instantes finais chegam a ser até irritante com tanto abrir e fechar de porta em uma caçada desesperada, mas óbvia. Certamente o conto The Adjustment Team de Phillip K. Dick, referência para o filme, é muito interessante, porém sua adaptação não foi feliz. De qualquer forma, arrisque, pois o arbítrio é seu.


Título original: (The Adjustment Bureau)
Lançamento: 2011 (Estados Unidos)
Direção: George Nolfi
Atores: Matt Damon, Emily Blunt, John Slattery, Anthony Ruivivar.
Duração: 105 min
Gênero: Ficção Científica

domingo, 12 de junho de 2011

X-Men: Primeira Classe



- Me escute com muita atenção, meu amigo. Matar não vai te trazer paz. (Xavier)
- Paz nunca foi uma opção. (Erik)


Após três filmes bons, a Marvel e Hollywood tiveram a ótima idéia de fazer filmes contando as origens de alguns dos personagens dos X-men. Não poderia ser melhor, pois cada membro deste grupo de heróis e vilões possui características e dramas tão interessantes e capazes de preencherem facilmente um bom roteiro. O primeiro deles, X-men: Wolverine foi interessante – aliás, Wolverine aparece apenas uma vez neste último  filme e sua única fala é: “vão se ferrar”. Não poderia ser diferente. Se os próximos filmes da série mantiverem o mesmo nível deste que conta a saga de Erik Magneto e o Professor Xavier certamente terão muito sucesso.

O filme inicia mostrando a abrupta separação de Erik Lehnsherr (Michael Fassbender) e seus pais em um campo de concentração na Polônia durante os difíceis anos da Segunda Guerra Mundial. Algumas cenas depois, em Nova Iorque, conhecemos um Charles Xavier (James McAvoy) ainda criança, porém repleto da racionalidade e inteligência que o marcarão na vida adulta. Em sua primeira cena o jovem Xavier conhece Raven Darkholme (Jennifer Lawrence) aquela que mais tarde seria a Mística e se juntaria a Magneto. Os jovens Erik e Xavier ainda seguirão caminhos separados por boa parte do filme, construindo suas identidades, tentando entender e resolver seus problemas.

Erik está em perseguição a Sebastian Shaw (Kevin Bacon), aquele que matara sua mãe, e também o criou e o fez descobrir e usar seu poder através da raiva. Porém, Shaw também é mutante, e muito forte. Junto com seus seguidores (Azazel (Jason Flemyng), Rainha Branca (January Jones) e Maré Selvagem (Álex González)) pretende dar início a Terceira Guerra Mundial, que, por ser nuclear, eliminaria os humanos, e deixaria os mutantes mais fortes para tomarem para si a Terra, e claro, Shaw seria o líder de todos.

Enquanto isso, Xavier ao mesmo tempo em que estuda a mutação que origina os X-Men, também sonha com um mundo comum as duas espécies: os humanos e os X-Men, mesmo que seus estudos mostrem o contrário: que a paz entre eles não será possível.

Entre estes três personagens – Erik, Shaw e Xavier – estão a CIA, os militares norte-americanos e os soviéticos. Quem sabe a sacada mais interessante da trama tenha sido justamente o cenário da Guerra Fria como pano de fundo para seu desenrolar: mísseis na Turquia, crise dos mísseis em Cuba, Terceira Guerra Mundial, Conspirações, etc. Enquanto os soviéticos e os americanos estavam prestes a darem início a uma guerra nuclear, manipulados por Shaw, Xavier e Erik, até então unidos, tentavam impedir que isso acontecesse, claro que cada um deles movidos por objetivos distintos: Xavier pela paz entre humanos e X-Men, já Erik, para vingar a morte de sua mãe.

Boas cenas de ação e efeitos especiais, abordagem interessante dos dramas de alguns mutantes, roteiro bem elaborado e desfecho satisfatório. É um ótimo filme de ação, e quem sabe até agrade aos exigentes fãs dos X-Men, pois sabemos que para o fã o filme nunca é tão bom assim.


Título original: (X-Men: First Class)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Matthew Vaughn
Atores: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, January Jones.
Duração: 132 min
Gênero: Aventura

sábado, 11 de junho de 2011

O que é Isso Companheiro ?

Isso aqui não é um assalto. Vocês estão assistindo a uma expropriação revolucionária. Nós estamos expropriando uma instituição bancária, que é um dos suportes desta ditadura cruel e sanguinária. Muitos dos nossos companheiros que lutam pela liberdade e pela democracia estão sendo brutalmente torturados e assassinados nas prisões deste governo militar. E vocês não ficam sabendo de nada porque a imprensa está censurada. Contem para seus amigos o que está acontecendo, nós somos o movimento revolucionário oito de Outubro, o MR-8.  (Marcão)


Um dos carros chefes da onda que fez renascer o cinema nacional na década de noventa, este filme é um belo retrato de um obscuro período da nossa História, mesmo que tenha sido baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, um dos “revolucionários” ou “terroristas”. Ou seja, não é imparcial, neutro, ainda que este seja o desejo dos seus idealizadores. De qualquer forma, mesmo sendo a versão de um dos lados do conflito, ás vezes, um pouco romantizada, ainda assim é um ótimo filme. Não é a toa que foi vitorioso no quesito bilheteria, e ainda recebeu a indicação ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro em 1997.

A trama já é muito bem conhecida, trata do relato dos instantes que permearam o sequestro do embaixador norte-americano no Brasil: Charles Burke Elbrick. O ano é 1969, cinco anos após o Golpe Militar que aos poucos retiravam os direitos democráticos do brasileiro. O MR-8, grupo revolucionário que aderiu a luta armada contra os Militares, organiza o sequestro do embaixador norte-americano com o objetivo de trocá-lo por alguns revolucionários presos.

O recorte segue desde a preparação do sequestro, passando por sua efetivação até o seu desfecho. Sendo assim, dividiremos o filme em três partes: a primeira seria o instante em que aqueles jovens, ás vezes inseguros, decidem entrar para aquela organização. Passam por treinamento de tiro e guerrilha, assalto a banco (financiamento do sequestro) e detalhados procedimentos com objetivo de esconder a identidade de todos, visto que se alguém fosse preso, em virtude das torturas, seria impossível não delatar o companheiro. A segunda parte do filme relata os instantes do cativeiro, a interessante relação do grupo com o embaixador, a apreensão da sua esposa, a ação dos militares e a bela interpretação de Matheus Nachtergaele, interpretando o Jonas, guerrilheiro experiente, comprometido com a causa, que segue a risca o plano. Diferentemente de outros personagens como Marcão (Luiz Fernando Guimarães), Renée (Cláudia Abreu) ou Júlio (Caio Junqueira) ainda inexperiente, humanizados e, quem sabe, ainda encantados com a possibilidade de derrubar o regime militar através da luta armada. A terceira parte do filme enfoca o desfecho do seqüestro: o que fizeram os militares, o que aconteceu com o embaixador, os guerrilheiros teriam conseguido libertar seus colegas ? Por mais que este final já seja conhecido de muitos, ainda assim, não vou revelá-lo. Assistam e apreciem as ótimas interpretações, o belo roteiro e direção deste que certamente é um dos melhores filmes sobre a Ditadura Militar no Brasil.


Título original: (O Que É Isso, Companheiro?)
Lançamento: 1997 (Brasil)
Direção: Bruno Barreto
Atores: Alan Arkin, Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães.
Duração: 105 min
Gênero: Drama

sábado, 4 de junho de 2011

Se Beber, Não Case 2

Somos um bando de lobos. (Alan)


Após o sucesso do primeiro filme( Se beber, Não Case), Hollyoody não perderia a oportunidade de repetir a fórmula que deu certo. A trama é semelhante aquela do Se Beber Não Case, só mudou o cenário, ao invés de Las Vegas, desta vez é Bangkok. Ainda assim, apesar do roteiro parecido, a comédia ainda é capaz de tirar boas risadas do público, principalmente naquele instante já consagrado da revelação das fotos da aventura mostradas durante os créditos.

Stu (Ed Helms) pretende se casar, desta vez é com Lauren (Jamie Chung) na Tailândia, cidade natal dos futuros sogros. Como seus amigos não poderiam faltar, logo marcaram presença no casório: Phil (Bradley Cooper), Doug (Justin Bartha) e, a contragosto de Stu o inconveniente Alan Doug (Justin Bartha) também foi convidado. Pra quem não lembra, Alan fora o responsável pela confusão em Las Vegas, no primeiro filme ao “batizar” a bebidas dos amigos.

Após o jantar da noite anterior ao dia do casamento, e depois de ouvir o nada agradável discurso do sogro, Stu, Phil, Doug e Alan vão à praia para relaxar um pouco e, a pedido de Lauren, levam o irmão da noiva também, Teddy (Mason Lee). Porém, o que era pra ser apenas uma conversa entre amigos na praia se mostra o início de uma grande confusão: pois, Stu, Phil e Alan acordam no dia seguinte em um hotel sujo e bagunçado no subúrbio da cidade, sem nenhuma lembrança do que havia acontecido na noite anterior. Suas únicas pistas eram uma tatuagem no rosto de Stu, reflexo da bebedeira do dia anterior, um macaco muito esperto, um dedo com um anel (que tudo indicava ser do Teddy), além do cômico Sr. Chow (Ken Jeong), aquele mesmo do primeiro filme, só que desta vez mais perigoso e mais engraçado. É deste cenário que este quarteto e o macaquinho partem para descobrir o que teria acontecido na noite anterior: onde estaria Teddy, e ainda chegar a tempo do casamento.

A Receita já é conhecida, em alguns momentos o filme fica morno, porém, também é de longe uma das melhores comédias dos últimos anos, tão boa quanto à primeira. Em fim, com certeza você sairá do cinema com um grande sorriso no rosto.

Título original: (The Hangover Part II)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Todd Phillips
Atores: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha.
Duração: 102 min
Gênero: Comédia

Como Você Sabe

- Se, no meio da noite, eu chorar não me pergunte o que é. Está bem? (Lisa Jorgenson)
- Excelente, eu prefiro assim. (Manny)


Uma esportista sem muito sucesso na carreira, que tenta apostar as fichas no amor, essa é Lisa Jorgenson (Reese Witherspoon). Um famoso e bem sucedido jogador de beisebol, também mulherengo, machista, narcisista e que, ao seu modo, tenta encontrar seu grande amor, este é Manny (Owen Wilson). E pra fechar o trio, George (Paul Rudd) é um empresário, emotivo, e possui dificuldades de relacionamento com Charles (Jack Nicholson), seu pai, e com mulheres. Além de estar sendo acusado de crimes financeiros, em virtude das operações fraudulentas do pai.   

As indecisões amorosas de Lisa deixam seus dois pretendentes atônitos e desejosos de conquistá-la. Lisa não tem certeza qual dos dois é realmente aquele que ela ama: Manny, apesar da falta de tato com as mulheres, ou quem sabe, sinceridade exagerada, demonstra carinho pela esportista desempregada. Já George parece ser o oposto, romântico, apaixonado, e mesmo ás vezes de forma atrapalhada, consegue diverti-la. Quem sabe seu problema foi ter surgido na vida de Lisa depois de Manny.

Aposto que você irá esquecer este filme em menos de três dias, isto porque sua estória é tão comum e trivial, não traz novidades, assim como a maioria das últimas comédias românticas. Quem sabe as únicas atrações do filme sejam seus renomados atores, além dos personagens George e, principalmente Manny, possuírem características e manias interessantes, que dão graça ao filme. Ainda assim, pense duas vezes antes de arriscar.


Título original: (How Do You Know)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: James L. Brooks
Atores: Reese Whiterspoon, Paul Rudd, Owen Wilson, Jack Nicholson.
Duração: 101 min
Gênero: Comédia Romântica

Desconstruindo Harry

As palavras mais bonitas da língua inglesa não são: “eu te amo”, mas sim: “é benigno”. (Harry Block)


A maioria das comédias de Woody Allen possuem fórmulas parecidas, por isso, se você gostar de uma delas certamente também irá gostar das outras. Entre as características presente estão as trapalhadas, senso crítico, sarcasmo e niilismo do personagem principal, geralmente interpretado pelo próprio diretor. Seus filmes são muito diferentes das comédias que invadem as telonas atualmente, sem apelações, clichês ou necessidade de finais felizes. Talvez, por isso mesmo, Woody Allen, e suas neuroses, consigam nos entreter tão facilmente.

Desta vez a trama gira em torno do escritor Harry Block (Woody Allen), que constrói seus personagens literários a partir da vida das pessoas que o cercam, amigos, ex-mulheres, família, etc. O problema é que a semelhança é tão nítida que estas pessoas se voltam contra o escritor, visto que seus personagens são carregados de neuroses e problemas de conduta, por exemplo: um pai de família matador em série e canibal (em referência ao próprio pai que amaldiçoou o nascimento de Harry Block, pois sua mãe morrera no parto), uma esposa fanática religiosa (junção da personalidade da irmã e da esposa). Vale mencionar ainda sua inveterada infidelidade, auto-justificada pela incapacidade de amar mulheres. Harry só era capaz de amar o filho (porque é uma criança), a música e o basebol (pois têm regras, limitações bem definidas).

Somamos a tudo isso, a viagem que precisará fazer a sua antiga universidade, a mesma que o expulsara antes, lá iria receber uma homenagem. Porém, em virtude da sua insociabilidade, não conseguia uma companhia para a viagem. Em meio a prostitutas, analistas, delírios com seus personagens, este neurótico e hipocondríaco nos levará por uma hilariante viagem. Escritor ou não, com certeza você irá gostar deste Woody.


Título original: (Deconstructing Harry)
Lançamento: 1997 (EUA)
Direção: Woody Allen
Atores: Woody Allen, Elisabeth Shue, Billy Crystal, Kirstie Alley.
Duração: 96 min
Gênero: Comédia