quinta-feira, 31 de março de 2011

Front of The Clas

Você está deixando a tourette vencê-lo. (Mãe)
Não, eu não estou deixando a tourette vencer. (Brad Cohen)


Diferentemente de alguns filmes envolvendo escolas e professores, este não enfoca a relação aluno-professor, ou seja, não é aquele tipo de filme em que um professor multi habilidoso consegue desenvolver perfeitamente um trabalho pedagógico com aqueles alunos rebeldes marginalizados por toda a escola, bem exemplificado em: Ao Mestre com Carinho ou Adorável Professor. Não, não é nada disso. Aqui você encantará com um jovem portador de uma doença genética, a síndrome de tourette, seus portadores acabam emitindo tiques involuntários, barulhos estranhos com a boca e incômodo para a maioria das pessoas próximas (neste caso eram sons parecidos com latidos). Desde criança Brad Cohen (Jimmy Wolk) sofria com o preconceito e ignorância das pessoas, tanto na escola quanto na família, principalmente com relação ao seu pai que não entendia que seus movimentos e sons eram involuntários. Na escola sofria com o Bullyng dos colegas e a incompreensão dos professores, entretanto, quando ainda era criança e após um breve e confortante contato com o diretor da sua nova escola, Brad teve sua vida alterada: decidiu que seria professor. 

Alternando entre o presente e o passado do personagem, o filme apresenta as dificuldades dos portadores desta síndrome tanto quando crianças como quando adulto; fase em que as barreiras sociais aumentam ainda mais. Em se tratando de Brad seria ainda mais difícil, pois quem iria dar emprego a um professor que emite sons estranhos em sala de aula? Para os donos de escola aquilo seria uma aberração, comprometeria a disciplina na sala de aula, nenhum aluno o respeitaria.

Baseado em uma história real, este é um filme inspirador que te leva às lágrimas. Impressiona pela insistência daquele jovem que não queria ceder à doença nem ao preconceito, que iria até o fim para a realização de um sonho. Se você não tem medo de chorar assistindo um belo filme ou adora uma história inspiradora, então não perca Front of The Clas.


Título original: (Front of the Class)
Lançamento: 2008 (EUA)
Direção: Peter Werner  
Atores: Jimmy Wolk, Trest Williams, Joe Chrest, Dominic Scott Kav, Patricia Heaton, Sarah Drew
Duração: 90 min.
Gênero: Drama

domingo, 27 de março de 2011

Sucker Punch – Mundo Surreal

-O que está procurando? (mensageiro)
-Uma saída. (Babydoll)
-Vou ajudá-la a se libertar. Terá que encontrar cinco itens. O primeiro é um mapa. Depois, fogo. Depois, uma faca e uma chave. O quinto item é um mistério. Comece a sua jornada, ela libertará você. (mensageiro)


A mente pode ser o melhor refúgio para Babydoll (Emily Browning), uma jovem garota aprisionada em um hospício por seu padrasto interessado na herança deixada pela mãe da garota. Enquanto Babydoll apresenta uma dança sensual, o telespectador viaja em seus sonhos e acompanha extraordinárias batalhas: desde gigantescos samurais, até soldados zumbis na Segunda Guerra Mundial, ou então contra personagens fictícios como robôs e dragões. Em todas estas batalhas a plasticidade dos movimentos enche os olhos de quem assiste.

Uma trilha sonora de tirar o fôlego e fotografia sedutora, cenas em câmera lenta que hipnotizam o telespectador. Ás vezes pensamos estar assistindo o filme 300, ou então Sin City, ou um desses games  de aventura em que enfrentamos monstros com armas poderosas e para destruí-los devemos seguir uma sequência exata de golpes, porém as silhuetas daquelas jovens sonhadoras e sensuais nos trazem novamente  a Sucker Punch. Sabemos que o cenário real é um hospício, que, talvez, aquilo tudo não passe de um sonho de uma daquelas jovens, mas o que acontecerá na próxima cena, ou missão, não sabemos, contudo, certamente será uma bela tomada de ação.

Uma ótima adaptação de HQ, que te faz lembrar os melhores game de aventura, além da bela trilha sonora e fotografia, diálogos interessantes, em fim, este é um filme que te fará sair do cinema com aquele gostinho de quero mais.


Título original: (Sucker Punch)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Zack Snyder  
Atores: Emily Browning, Vanessa Hudgens, Jena Malone, Carla Gugino.
Duração: 110 min.
Gênero: Ação

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

- Quando você invade um lugar para procurar recursos. Você extermina a população local. Neste momento estamos sendo colonizados. (jornalista)


Tiros, explosões, mortes, ação, muita ação é isto que você encontrará neste filme. Em um cenário fictício a cidade de Los Angeles é atacada por alienígenas interessados no nosso vasto suprimento de água existente no oceano, e aproveitam para destruir tudo que encontram pela frente. Quem sabe até fosse mais fácil para eles descer no meio do oceano pegara água e ir embora, mas como escolheram visitar os centros urbanos, então, pelo menos em Los Angeles, tiveram que enfrentar o poderoso exército americano, que, claro, não poderia ter sido retratado de forma mais heroica.

Inúmeros seres estranhos e bem armados que seguem destruindo toda a cidade a partir da praia. Enquanto isso o exército americano foi enviado para a costa com objetivos distintos, entre eles resgatar civis feridos em uma delegacia. O batalhão responsável por esta missão deveria cumpri-la em um prazo determinado, pois os caças da Força Aérea iriam lançar bombas naquela região, na tentativa de conter os alienígenas. Evidentemente as coisas não saem da forma planejada por aquele batalhão repleto de jovens sedentos por guerra, heroísmo, oportunidade para provar a amizade pelo companheiro e o amor pela pátria. Enfim, é a oportunidade de ver em ação um exército que geralmente Hollywood  tira do baú e põe nas telonas em tempos de guerra.

Se você procura ação, correria frases de efeito, heróis escondidos em personagens traumatizados, ou bastantes efeitos especiais, então está aí o que procurava.  Apesar de ser  aquele típico pipocão que você logo esquece após sair do cinema, pelo menos até lançarem sua continuação: A Invasão do Mundo: Batalha de Nova Iorque, ou Batalha de Washington, quem sabe os diretores brasileiros não entram no embalo também e fazem a  Batalha do Rio de Janeiro , e por aí vai.
Divirtam-se.


Título original: (Battle: Los Angeles)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Jonathan Liebesman
Atores: Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Michael Peña, Bridget Moynahan.
Duração: 106 min.
Gênero: Ficção Científica

sábado, 19 de março de 2011

[Oscar de Melhor Filme - 2011] O Discurso do Rei

- Por que perderia meu tempo ouvindo você? (Lionel)
-Porque tenho uma voz! (George)
-Sim, você tem. (Lionel)


Confesso que fiquei bastante curioso para saber como se desenvolveria a trama deste filme, pois seu problema central é bastante simples para duas horas de filme: a gagueira de um membro da realeza. Ou seja, qual seria a tática usada para que o filme não se tornasse monótono? E de forma espantosa quando chegaram os créditos finais, me perguntei: já acabou? Não sei se foi a boa interpretação de Colin Firth, ou os dramas em torno do problema do personagem que foram bem abordados, mas o fato é que o filme possui inúmeras qualidades que não te deixam perceber o tempo passar.

Em iminência de uma guerra contra a Alemanha do grande orador Adolf Hitler, a Inglaterra enfrentava problemas de sucessão real: a morte do Rei George V (Michael Gambon), e a irrecusável atitude do seu sucessor direto, David (Guy Pearce), em não abdicar do seu amor a uma plebeia, mesmo sabendo que este amor lhe custaria a coroa. Assim, após abdicar do trono, David deixou um grande e curioso problema para seu irmão Albert George (Colin Firth): era preciso curar a sua traumatizante gagueira, pois um rei fala por seu povo e nenhum britânico gostaria de ser representado por um rei gago. É neste instante que os serviços de Lionel Logue (Geoffrey Rush) são solicitados, um terapeuta que além de apresentar ao rei métodos estranhos também lhe trouxe uma voz amiga. Ironicamente, mas não estranhamente, aquele terapeuta, um homem comum, fora a única pessoa com quem George havia falado abertamente até então.

Para amenizar as atenções sempre voltadas aos dois personagens principais, o roteiro faz um passeio por elementos secundários do filme: As excentricidades da realeza britânica, em contraponto com a simplicidade da família de Lionel, um ator shakespeariano que tem como plateia apenas seus dois filhos. Percebemos ainda a tensão nos rostos dos ingleses em virtude da guerra que estaria por vim, momento maximizado no instante do discurso do então Rei George VI. Merece ainda atenção a retratação do personagem Winston Churchill: parecia um pitbull pronto pra atacar os nazistas, como também a imagem da plebeia que roubou o coração do primeiro sucessor ao trono, a Sr. Wallis Simpson, foi feita de forma tão negativa que parecia ter sido uma especial recomendação da Realeza ao Diretor.

Enfim, é um filme que não deve nada aqueles com quem concorreu ao Oscar deste ano, talvez a exceção esteja na ação e dinamismo presente com maior generosidade em A Origem, o que justifica por este ser um filme de ficção científica. Ainda assim, as magníficas interpretações do elenco de O Discurso do Rei, tanto de Colin Firth, quanto dos seus coadjuvantes: Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter, interpretando Elizabeth, esposa de Ceorge VI, contribuíram para que este longa alcançasse o topo este ano( Melhor Filme, Ator, Diretor e Roteiro Original), claro, segundo a Academia.
Título original: (The King's Speech)
Lançamento: 2010 (Inglaterra)
Direção: Tom Hooper
Atores: Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.
Duração: 118 min.
Gênero: Drama

O Vencedor

-Ninguém tem tanta garra quanto você. É um lutador talentoso. Quero te dar uma chance. Tente uma última vez antes que seja tarde demais. (empresário)
-E meu irmão? Ele me ensinou tudo o que sei. (Micky Ward)
-Com todo respeito, ele é encrenca. (empresário)


Este filme consegue rechear a vida dos seus principais personagens; os lutadores Micky Ward (Mark Wahlberg) e Dicky Ecklund (Christian Bale) de elementos tão dramáticos que o telespectador não consegue deixar de admirar os caminhos e escolhas de cada um deles.  Por exemplo, a família com aquela estrutura diferente da que imaginamos e concebemos como mais próximo da ideal, por mais que esta concepção de ideal não passe de uma construção sócio-histórica. É desta família “desestruturada” que Micky Ward tem raiva, mas também tem amor. A mesma família que idolatra e faz vistas grosas para o vício de Dicky Ecklund. Todos sabem que ele é viciado em crack, sabem em que local ele se droga, mas não sabem, ou não querem enfrentar o problema. Aliás, este é um problema que Ecklund irá enfrentar sozinho. Ainda é perceptível  aquele elemento também presente em O Discurso do Rei e em Cisne Negro: a persistência, a vontade de vencer, a superação. Evidentemente que um filme que conta a vida de um lutador de boxe não poderia deixar de ter este ingrediente, esta garra que é tão bem apresentada e retratada pelas telonas do cinema. 

É em torno destes dois irmãos que gira a trama: um ex-lutador,  Dicky Ecklund (Christian Bale), já foi famoso ao disputar o titulo mundial, mas as drogas destruíram sua carreira, apesar dele e a família não reconhecerem seu declínio. Já Micky Ward (Mark Wahlberg), que aprendeu tudo que sabe sobre boxe com o irmão mais velho, é empresariado pela mãe, mas sempre está em segundo plano, pois a família ainda sonha com o retorno de Ecklound ao mundo dos boxes. Assim, Ward precisa resolver o seguinte dilema: estar coma família e viver a sombra do irmão ou se distanciar e tentar fazer sua carreira crescer? 

Um filme repleto de boas interpretações e enredo: famílias conturbadas, violência, drogas, derrotas, vitórias, amor, superação. Christian Bale mostrando porque é um dos melhores atores de Hollywood da atualidade, fazendo por merecer o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. E, como é típico dos filmes sobre boxe, a emoção maior está no final, quando no auge da luta os golpes são mostrados em câmera lenta encantando o telespectador, fazendo o desviar dos cruzados ou então sentir no rosto aquele direto de esquerda que invadiu a guarda do adversário. Enfim, uma bela história, ótimas interpretações e de quebra ainda nos trazem a lembrança os filmes de Sylvester Stallone (Rocky), ou então, as memoráveis lutas transmitidas pela Globo nas madrugadas de sábado na distante década de noventa.
Título original: (The Fighter)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: David O. Russell
Atores: Mark Wahlberg, Christian Bale , Amy Adams, Melissa Leo.
Duração: 114 min.
Gênero: Drama

quarta-feira, 16 de março de 2011

Preciosa – Uma História de Esperança

- Ninguém me ama. (Claireece)
- As pessoas amam você, Preciosa. (a professora)
- Por favor, não minta pra mim. O amor não me ajuda em nada. Só me machuca e me faz sentir inútil. (Claireece)
- Seu bebê ama você. Eu amo você! (a professora)


Acredito que não seria injusto se este filme desbancasse Guerra ao Terror na disputa pelo Oscar de 2010. Não que o filme dirigido por Kathryn Bigelow  tivesse sido ruim, pelo contrário, foi magnífico, fez uma ótima abordagem da Guerra no Oriente, através do olhar de soldados-operários, porém, Preciosa ofereceu uma super dosagem de emoção o que talvez tenha faltado em Guerra ao Terror. 

A existência não poderia ser mais difícil para Claireece "Preciosa" Jones (Gabourey Sidibe), uma jovem adolescente de 16 anos vivendo no Harlem (NY) no ano de 1987: pobre, gorda e negra, atributos que por si só estariam longe de serem negativos, mas em uma sociedade extremamente preconceituosa já bastam para proporcioná-la instantes de humilhação e exclusão. Entretanto, talvez o que mais impingia sofrimento a vida de Claireece fosse a própria família. A mãe (Mo'Nique), que vivia da assistência do Governo, a agredia fisicamente e emocionalmente: repetindo diariamente que ela era uma fracassada, que deveria buscar a assistência social ao invés de ir a escola, a tratava como empregada doméstica e por fim a acusava de ter roubado o seu marido. Pois Claireece tinha sido abusada sexualmente pelo pai por várias vezes, resultando em um filho que era chamado de “Mongo”, pois sofria de Síndrome de Down, e uma atual gravidez. 

Grávida, Claireece teve que ser transferida para uma escola especial (um claro eufemismo para escola para loser americanos), porém esta poderia ser a oportunidade para a mudança necessária em sua vida. A professora Rain (Paula Patton) e a assistente social Weiss (Mariah Carey) ofereceram a Claireece o que ela nunca teve a oportunidade de experimentar antes: amor, atenção, carinho, valor. Preciosa, que se refugiava em seus devaneios, sua imaginação sempre generosa para fugir da brutalidade do mundo real, se encontrava neste instante em um mundo diferente, pelo menos durante algumas horas do dia, pois seus problemas ainda estariam lá.

Baseado no livro “Push” da escritora Saphire, este é um filme triste e apresenta um atmosfera real e constante para muitas mulheres e homens jovens ou não deste mundo afora. Entretanto, também aponta caminhos, permite que floresça a esperança. E antes que o leitor imagine que este é mais um daqueles filmes tristes que se encerram com um esperado e hollywodiano final feliz, ou melhor, que apesar de todo sofrimento vivido pela personagem tudo acaba bem, perceba que não se trata de final feliz ou não, se trata do meio, do durante, pois ninguém vive para alcançar a felicidade somente no final.
Título original: (Precious: Based on the Novel Push by Sapphire)
Lançamento: 2009 (EUA)
Direção: Lee Daniels
Atores: Gabourey Sidibe, Mo'Nique, Rodney Jackson, Paula Patton.
Duração: 110 min.
Gênero: Drama

domingo, 13 de março de 2011

O Amor e Outras Drogas

- Eu te amo. (Jamie Randall)
- O quê? (Maggie Murdock)
- Eu nunca disse isso antes para ninguém. (Jamie Randall)


Um filme que passeia por vários temas sem se aprofundar em nenhum deles, com exceção naquele que seria o mais importante: o amor. Um jovem inteligente de uma família de médicos deixa a faculdade de medicina para mostrar sua independência do pai. Jamie Randall (Jake Gylenhaal) é tão mulherengo que segundo o imaturo irmão, se ele ganhasse dinheiro tanto quanto transa estaria milionário. O mulherengo passa a ser representante de medicamentos da Pfizer e tenta convencer os médicos a substituírem os produtos dos concorrentes pelos do laboratório para quem trabalha, e pra alcançar seu objetivo Randall é capaz de tudo.

É assim que conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway) que apesar dos 26 anos sofre do mal de Parkinson e tenta levar uma vida normal, apesar das crises de autopiedade. Enfim, nada de debater conflitos familiares envolvendo país e filhos, a falta de ética dos laboratórios de medicamentos ou dos próprios médicos, ou então os dramas relacionados à doença de Parkinson – bem que em uma cena emocionalmente forte um marido expõe os dramas de ser casado com uma portadora desta doença. De qualquer forma, o filme se mantém longe destes temas ditos mais sérios, e isto não é ruim, possibilitou mais tempo e espaço para as reviravoltas do relacionamento entre Jamie e Maggie. Ele, apesar de seus traumas e dificuldade de se entregar ao amor tenta conquistá-la. E ela, invadida pelo sentimento de auto piedade e receio do sofrimento, evita ceder àquele amor. Em idas e vindas permeadas de apimentadas cenas de sexo com direito a uma amostra dos seios de Anne Hathaway e do bumbum de Jake Gyllenhaal, o telespectador é graciosamente  levado pelo casal.
 Toda a gama de possibilidade de fuga, e situações montadas pelo roteiro faz do filme uma boa surpresa e finda agradando ao telespectador. Para uma comédia romântica o objetivo foi cumprido e até com louvor tendo em vista o nível das comédias românticas atuais. Os atores estavam muito bem em suas interpretações, apesar dos personagens oferecerem espaços para serem aprofundados em seus dramas pessoais. Enfim, Amor e Outras Drogas, que foi baseado no romance Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman, é um filme que irá agradar aos apreciadores de boas comédias românticas. 


Título original: Love and Other Drugs
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Edward Zwick
Atores: Jake Gyllenhaal, Anne Hathaway, Oliver Platt, Hank Azaria, Josh Gad, Gabriel Macht, Judy Greer, George Segal
Duração: 112
Gênero: Comédia

sábado, 12 de março de 2011

[Oscar de Melhor Filme - 2006] Crash - No Limite

"Eu tenho raiva o tempo todo e eu não sei o porquê.”  (Jean Cabot)


Por que este tipo de filme nos impressiona tanto? Será que eles contam alguma novidade? O que é retratado em Crash - No Limite, nada mais é do que os mesmos acontecimentos que ocorrem diariamente na maioria dos centros urbanos das grandes cidades do mundo, e como não, das pequenas cidades também: discriminação e preconceito, ou melhor, o julgamento das pessoas tendo como base sua aparência, religião, cor da pele, condição social, etc. E este julgamento acarreta tanto humilhações quanto agressões físicas até a morte. Quem sabe, talvez o que este filme apresente de diferente seja a forma de contar, a dramaticidade e a estética da arte cinematográfica, assim como fez o tão ou mais emocionante filme de Steven Spielberg, a saber: A Lista de Schindler. 
Enfim, o filme que nos faz, pelo menos por um instante, olhar mais atentamente para o que nos cerca, traz uma série de tramas paralelos, todos interligados pelo preconceito e racismo. É ambientado na cidade de Los Angel (EUA), mas que retrata situações que poderiam ocorrer, e realmente ocorrem, em qualquer parte do mundo. Sandra Bulock interpreta Jean Cabot, a esposa rica e mimada do promotor da cidade que tem seu carro roubado por dois criminosos negros, daí em diante o que assistimos é o cruzamento de várias tramas, recheadas de personagens preconceituosos ou suas vítimas: um policial racista e seu parceiro complacente, um detetive negro e seu irmão criminoso, um diretor de cinema negro que finge ser budista, imigrantes de origem árabe, coreana, latina que vivem e trabalham nos Estados Unidos em busca da realização dos seus sonhos na Terra da Oportunidade, mas que sofrem diariamente com algo mais que a indiferença: o ódio. Diferentemente do que poderíamos imaginar ou esperar Crasch não aponta culpados ou heróis, pois podemos perfeitamente nos enquadrar nestas duas categorias.
Merecidamente escolhido Melhor Filme na 78° edição do Oscar em 2006, este longa certamente te deixará triste, porém é assim que reconhecemos um bom filme: eles não nos são indiferentes.
Título original: (Crash)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Paul Haggis
Atores: Karina Arroyave, Dato Bakhtadze, Sandra Bullock, Don Cheadle.
Duração: 113 min.
Gênero: Drama

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Escafandro e a Borboleta

“A panela de Pressão poderia ser o título da obra que eu escreveria baseado nas minhas experiências aqui, também pensei em “”O olho” e, claro, “O escafandro”. A trama e a ambientação já são de conhecimento geral. Um quarto de hospital onde o Sr. L, pai de família na flor da idade aprende a viver com a Síndrome do Encarceramento, seqüela de um derrame. Ambicioso e um tanto cínico, justamente por não conhecer o fracasso o Sr L conhece o desamparo. Podemos seguir esta longa mutação graças a um comentário externo que reproduz o monólogo interior do Sr. L. E já tenho a última cena. É de noite, o Sr. L, inerte desde o início da obra salta de pronto da cama e corre até o cenário opaco. Então tudo fica escuro e se escuta o monólogo interior do Sr. L: ‘droga, era um sonho’ ” (Jean-Dominique Bauby)


Um filme para quem tem corações fortes. Altamente emocionante, intrigante, provocador, dramático e como não, poético. Histórias de resistência, superação e desejo de viver são contadas freqüentemente pelo cinema, mas nem todas conseguem escapar ao melodrama que muitas vezes desagrada ao telespectador. Neste filme o telespectador não terá tempo para o melodrama, o impacto provocado pela situação do personagem, a percepção do mundo através da perspectiva de Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) é tão assustadora e ao mesmo tempo comovente, que o telespectador apenas acompanha os passos daquela mente inquieta.
Baseado no livro francês homônimo do jornalista Jean-Dominique Bauby, lançado em 2007, o filme conta a dramática história deste que era o editor chefe da revista Elle, até sofrer um acidente vascular cerebral e consequentemente adquirir uma paralisia rara (Síndrome do Encarceramento). Restando lhe apenas o movimento do olho esquerdo, aquele homem de 43 anos apaixonado pela vida, iria precisa de todas as suas forças para não desistir. Seu primeiro desafio foi mostrar aos médicos, familiares e amigos que ainda estava consciente, ou seja, era necessário se comunicar de alguma forma. Assim, conseguiu manter um diálogo com as pessoas a sua volta através da única coisa que se movia em seu corpo: o olho esquerdo. Piscar uma vez significava sim, e piscar duas vezes significava não. Lentamente Jean-Dominique vai se reaproximando das pessoas mais importantes da sua vida: seu pai, seu filho, com quem tinha um relacionamento conturbado; e sua ex-esposa, quem lhe deu grande apoiou após o acidente.
Apesar de contar um acontecimento verídico e triste, o filme também possui belas doses de humor, graças a Jean-Dominique que sempre brincava com sua própria situação. Um maravilhoso filme que mostra um verdadeiro exemplo de superação e amor a vida, imperdível para quem aprecia histórias emocionantes.
Título original: (Le Scaphandre et le Papillon)
Lançamento: 2007 (França, EUA)
Direção: Julian Schnabel
Atores: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny.
Duração: 112 min.
Gênero: Drama

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Segredo dos Seus Olhos

“Você disse que era Prisão perpétua...”  Ricardo Morales


Premiado em 2010 com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, este longa argentino presenteia o telespectador com uma mistura bem feita de alguns gêneros do cinema: drama, comédia, policial e suspense. Com final surpreendente e chocante, um mérito de poucos filmes.
Benjamin Esposito (Ricardo Darín) é um oficial de justiça que acabou de se aposentar e resolve investigar o assassinato de uma bela jovem, ocorrido há vários anos. O verdadeiro criminoso nunca fora preso, e este era um dos motivos que movia Esposito, o outro era o sofrimento do marido da jovem assassinada; Ricardo Morales (Pablo Rago), tão arrasado que na época do assassinato passava dias na estação de trem a espera do suposto criminoso.  Com apoio do seu grande amigo, Pablo Sandoval (Guillermo Francella), o ex-oficial de justiça passa a investigar as antigas pistas, todos os detalhes esquecidos pelos policiais na época: cartas, fotos, endereços, entrevistas, etc. No instante que avança na investigação Esposito terá que enfrentar forças políticas locais – representando bem uma sociedade dominada pelo autoritarismo e militarismo – assim como as barreiras legais impostas pelos tribunais.
Um filme com personagens ricos e  apaixonantes: desde o marido que não superou a perda da esposa, até a Irene Menéndez Hastings, ex-chefe de Esposito, por quem sempre foi apaixonado mas nunca se declarou. Questões importantes da História argentina também são bem destacadas: o uso do poder político, o militarismo, a paixão pelo futebol. Além da fotografia e o bom roteiro, os atores também fizeram por merecer a indicação e a estatueta do Oscar de 2010. Sem mencionar que o desfecho é com chave de ouro.
Título original: (El Secreto de sus Ojos)
Lançamento: 2009 (Argentina, Espanha)
Direção: Juan José Campanella
Atores: Ricardo Darin, Soledad Villamil, Pablo Rago, Javier Godino.
Duração: 127 min.
Gênero: Drama

terça-feira, 8 de março de 2011

O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy


Eu pareço bem! Quer dizer, realmente bem!Ei! Pessoal, venham ver como pareço bem! (Ron Burgundy)


Esta é uma comédia no estilo pastelão, aquelas em que o engraçado é o absurdo, e quanto mais absurdo mais engraçado, mas não tão imbecil quanto Todo Mundo em Pânico. A grande vantagem deste filme é que os atores são bons, aliás, este longa reúne vários ícones da comédia atual, claro que muitos fizeram apenas pequenas participações, entre eles podemos destacar: Jack Black, Tim Robbins, Luke Wilson, Vince Vaughn e Ben Stiller.
A trama gira em torno de Ron Burgundy (Will Ferrell ),  famoso apresentador do telejornal do Canal 4 da cidade de San Diego dos anos 70, e sua fiel equipe de assistentes, ninguém menos que: Brick Tamland (Steve Carell), Champ Kind (David Koechner), Brian Fantana (Paul Rudd). O quarteto domina a audiência da cidade, mas o futuro está ameaçado pela jornalista novata e determinada, Veronica Corningstone (Christina Applegate). Para impedir o ascensão daquela que imagina ser sua rival, Burgundy parte para o ataque, com estratégias que vão desde a sedução a trapaça, provocando uma verdadeira guerra na emissora.
Um roteiro que reúne humor negro, piadas machistas, pastelão e que, talvez tenha em seu ápice, uma luta (literalmente) entre os principais apresentadores de televisão da cidade, representados por aqueles que certamente são hoje alguns dos melhores comediantes de Hollywood. Não é uma obra prima do cinema, mas para fugir das comédias sem sal de Jennifer Aniston até que vale a pena.
Título original: (Anchorman: The Legend of Ron Burgundy)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Adam McKay
Atores: Will Ferrell, Christina Applegate, Paul Rudd, Steve Carell, Jack Black, Tim Robbins, Luke Wilson, Vince Vaughn e Ben Stiller.
Duração: 91 min.
Gênero: Comédia

Carros

Êta sôr, vou te contar mô fio, eu rodaria meus pneus num quilômetro de caco de vidro só pra ver esse filme baum demais da conta. (Mate)


Esta é mais uma daquelas animações que agrada ao telespectador, não é excepcional mas garante alguns minutos de diversão.  Ambientado em um mundo fictício em que todos os personagens são carros, a estória gira em torno do carro Relâmpago McQueen (Owen Wilson)  um corredor pouco modesto e ainda menos  humilde que em sua primeira temporada de competição tem a chance de vencer o grande troféu da Copa Pistão. Porém a última e grande corrida termina com um empate entre os três competidores: nosso protagonista (Relâmpago McQueen), Rei (Richard Petty)  vencedor dos campeonatos anteriores e, o sempre vice campeão Chicks (Michael Keaton) assim, foi marcado uma corrida de desempate na Califórnia. Contudo, para complicar a vida de Relâmpago McQueen, durante sua viagem à Califórnia ocorre um acidente e ele vai parar em Radiator Springs, uma cidadezinha quase abandonada mais com moradores muito simpáticos. Seu objetivo neste instante será para sair desta cidade e chegar a tempo da grande corrida de sua vida, porém é ali com aquelas pessoas (quer dizer, carros) que este jovem  aprenderá as mais importantes lições de sua vida.
Ao mesmo tempo em que diverte também transmite uma mensagem educativa, principalmente para as crianças (e também para adultos que precisam muito), a qualidade da animação também é boa, assim como algumas cenas de velocidade. Enquanto a continuidade que está programada para estrear este ano não chega, aproveite pra (re)ver o primeiro filme.
Título original: (Cars)
Lançamento: 2006 (EUA)
Direção: John Lasseter
Atores: Owen Wilson, Marcelo Garcia, George Carlin, Cláudio Galvan.
Duração: 114 min.
Gênero: Animação

Oscar 2011 - Antes tarde do que nunca...

Um blog sobre cinema que se preze não pode deixar de comentar a maior de todas as premiações do gênero, nem que este comentário seja apenas uma listagem dos vencedores. Parece que este ano a disputa não foi tão sensacional assim, os filmes estavam no mesmo nível, até hoje ainda não saberia escolher um filme que fosse muito superior aos demais, apesar de não ter assistido ainda alguns dos indicados. De qualquer forma, foi muito bom ver Christian Bale finalmente ser premiado, assim como Natalie Portman fez por merecer e Toy Story 3 e Alice no País das Maravilhas também. Emfim, sem desculpas e enrolação, especialmente para vocês que - não sei por que motivo - ainda não sabem quem levou a estatueta para casa, segue abaixo os melhores do ano, segundo a Academia, é claro.

Melhor filme: O Discurso do Rei
Melhor diretor: Tom Hooper – O Discurso do Rei
Melhor ator: Colin Firth – O Discurso do Rei
Melhor atriz: Natalie Portman – Cisne Negro
Melhor ator coadjuvante: Christian Bale – O Vencedor
Melhor atriz coadjuvante: Melissa Leo – O Vencedor
Melhor longa animado: Toy Story 3
Melhor filme em língua estrangeira: Em um Mundo Melhor
Melhor direção de arte: Alice no País das Maravilhas
Melhor fotografia: A Origem
Melhor figurino: Alice no País das Maravilhas
Melhor montagem: A Rede Social
Melhor documentário: Trabalho Interno
Melhor documentário em curta-metragem: Strangers no More
Melhor trilha sonora: Trent Reznor e Atticus Ross – A Rede Social
Melhor canção original: We Belong Together – Toy Story 3
Melhor Maquiagem: O Lobisomem
Melhor Curta-metragem de animação: The Lost Thing –
Melhor Curta-metragem: God of Love
Melhor Edição de som: A Origem
Melhor Mixagem de som: A Origem
Melhor Efeitos especiais: A Origem
Melhor Roteiro adaptado: A Rede Social
Melhor Roteiro original: O Discurso do Rei

Contagem Final:
O Discurso do Rei – 4
A Origem – 4
A Rede Social – 3
O Vencedor – 2
Alice – 2
Toy Story 3- 2
Cisne Negro – 1

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Profeta

“Eu queria saber como é que você vai se virar aqui se não tem ninguém pra te mandar dinheiro” (Policial)


Se estar em um país como estrangeiro sem conhecer ninguém já é difícil, imagine em uma prisão de um país estrangeiro, sem conhecer ninguém, sem dinheiro e analfabeto? Um local em que respeito é a mercadoria de maior valor. Esta é a situação de Malik El Djebena (Tahar Rahim), que não é imigrante, mas sua origem árabe faz parecer que não é francês. Malik irá sofrer como muitos imigrantes da vida real, jogados em prisões europeias em meio a distintos grupos mafiosos. De origem árabe, mas que não se sente como tal, em fim, não pertence a grupo algum. Será necessário construir laços para sobreviver à cadeia.
Ao ser condenado a seis anos de prisão, Malik não sabia o que o aguardava. A penitenciária é um espaço de negociação, mesmo quando não se tem dinheiro, ou objetos de valor, ainda assim ,pode se negociar: favores é a moeda de troca, inclusive favores sexuais. E para ganhar respeito, ás vezes, é preciso ceder. César Luciani (Niels Arestup), líder da facção dos córsicos foi quem se dispôs a proteger o meio árabe, em troca, é claro, de favores importantes: o primeiro deles seria matar um preso. Mas Malik sabia que um meio árabe não tinha valor algum para os córsicos, por isso era importante expandir suas relações, mas sem sair das asas de César.
É um premiado filme francês, inclusive em Cannes, que mantém em suspensão a temática da imigração e da difícil convivência dos diferentes povos na Europa. É um filme dramático, que trata de problemas sociais, violência, droga e máfia, com roteiros e personagens bem trabalhados. Vale à pena assistir, só peca por ser desnecessariamente longo.  
Título original: (Un Prophète)
Lançamento: 2009 (França)
Direção: Jacques Audiard
Atores: Tahar Rahim, Niels Arestup, Adel Bencherif, Hichem Yacoubi.
Duração: 155 min.
Gênero: Drama

Santos Justiceiros

"Nunca deve se derramar sangue inocente, mas o sangue dos maus deve fluir como um rio." (Il Dulce)


Este é para quem aprecia um bom filme de ação, mas não aqueles filmes que só oferecem socos, balas e explosões, sem roteiro algum, tão bem representado por Os Mercenários. Se você procura um filme que lhe dê um pouco mais que tiros e explosões e frases de efeito, então aprecie: Santos Justiceiros.
Conta a estória de dois pacatos irmãos (Sean Patrick e Norman Reedus), descendentes de irlandeses e católicos fervorosos que por acaso acabam eliminando dois mafiosos em uma briga de bar. Acabam gostando do que fizeram e passam a fazer do trabalho de matar bandidos uma rotina. Não porque gostassem de matar, mas porque acreditavam estar fazendo um favor a humanidade e a Deus. Até aí tudo bem, nenhuma novidade no roteiro, mas em algum momento um integrante atrapalhado também entra  no negócio: David – o gozador ( Della Rocco), um entregador da máfia italiana que não  era tratado com o devido valor. E para coroar o elenco, surge o detetive Paul Smecker (Willem Dafoe) que estará a caça dos três, um policial muito esperto e capaz de desvendar as mais tenebrosas cenas de crime ao contrário dos seus colegas da delegacia. Certamente se fosse hoje, tendo em vista o grande número de indicados, Dafoe teria recebido pelo menos uma indicação ao Oscar por esta interpretação, pois está muito bom no papel. de um policial gay. Sem mencionar o outro sangrento matador que a máfia recorre para eliminar os irmãos: Il Dulce (Bill Coccolly), que só perdoa mulheres e crianças. Definitivamente, o palco está armado.
Um filme de rápidas cenas de ação com leves pitadas de comédia. Roteiro interessante - principalmente quando o plano dos justiceiros não acontece como o esperado. Cenas em câmera lenta que capturam o telespectador. E se você gosta de um debate pós filme, ainda há espaço para se discutir a dimensão ética da ação dos justiceiros, ou então, seria justiça o que eles faziam? E ainda: qual a relação entre preceitos religiosos e justiça?
Um longa para nos fazer lembrar como se faz um bom filme de ação.

Título original: (The Boondock Saints)
Lançamento: 1999 (Canadá/EUA)
Direção: Troy Duffy 
Atores: Willem Dafoe , Sean Patrick , Norman Reedus, David Della Rocco, Bill Coccolly
Duração: 103 min.
Gênero: Policial

domingo, 6 de março de 2011

Rango

"Aqui, no Deserto de Mojave, os animais tiveram milhões de anos para se adaptar ao ambiente hostil. Mas o camaleão, ele vai morrer." (Corujas cantantes)


Dizem por aí que não existe decepção, mas sim, excesso de expectativa, talvez tenha sido isso que ocorreu com relação a Rango. Trailer bem feito, históricos de boas últimas animações levam o telespectador a acreditar que este não será diferente. Mas, infelizmente deixou a desejar, faltou um pouco mais  de dinamicidade, até quem sabe um poco mais de graça. Entretanto a animação ainda não é ruim, vale a pena assistir, principalmente se você gosta de animações, ou se está pensando em levar as crianças ao cinema este é uma boa pedida.
Rango é um camaleão metido a ator que caiu do carro de seus donos em pleno deserto, em busca por sobrevivência naquele terreno extremamente hostil Rango é levado até uma cidade que retrata bem os filmes de faroeste. Ele sabe que para sobreviver é preciso interpretar bem, convencer que é um lagarto forte, corajoso e destemido, e é aí que começa a sua aventura.  Lutar contra águias, valentões, cobras, descobrir o enigma da falta d’água é só um aperitivo para as encrencas que nosso herói irá se meter.  
Apesar de ter faltado algo no roteiro, ainda assim possui uma leve dose de boas piadas, além da ótima qualidade da animação que podem te convencem a assistir, mas não é de admirar que esteja atrás de Gnomeu e Julieta nas bilheterias dos Estados Unidos.

Título original: (Rango)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Gore Verbinski
Atores: Johnny Depp, Isla Fisher, Abigail Breslin, Ned Beatty.
Duração: 107 min.
Gênero: Animação

O Último Samurai

"Me responda: por que vocês americanos matam o seu próprio povo?"  (General Japonês)


Infelizmente este é um movimento natural, isto porque o ser humano em suas relações sócias vem agindo assim há milênios. A saber: a suplantação de uma cultura por outra. Invariavelmente os povos de maior superioridade tecnológica findam eliminando seus adversários e vagarosamente imbricando as duas culturas com a maior manutenção dos aspectos culturais do vencedor. Foi assim com os nativos do Brasil, dos Estados Unidos, da Austrália, da Ásia, da África.   
Este filme, de forma romântica, vem mostrar justamente o movimento de ocidentalização do Japão do final do século XIX. Era preciso se modernizar, acompanhar as outras potências, ser tão forte quanto, e os Samurais não representavam o novo, pelo contrário, representavam a tradição. O norte americano Nathan Algren (Tom Cruise), que havia feito trabalho semelhante com os “Peles Vermelhas” no Oeste americano, agora havia sido convidado para mostrar seus serviços do outro lado do planeta: treinar os soldados japoneses para lutar contra os Samurais que teimavam em resistir a modernidade. Porém, Algren, por incrível que pareça, é o responsável por trazer humanidade aquelas ações. Ainda traumatizado pelos inúmeros índios que ajudara a matar, este militar irá reconhecer nos soldados imperiais o que já tinha visto antes, mas ao ter contato com a cultura Samurai, a ética do Bushido, o norte americano acaba se reconhecendo e finalmente descobrindo qual seu papel naquela guerra.
Se você ainda não assistiu a este bem produzido filme, não perca a oportunidade neste carnaval. Figurino, enredo, ambientação e fotografia concorrem para lhe convencer a dedicar um pouco mais de duas horas apreciando aquele que foi o Último Samurai.
Título original: (The Last Samurai)
Lançamento: 2003 (EUA)
Direção: Edward Zwick
Atores: Tom Cruise, Ken Watanabe, Billy Connolly, Tony Goldwyn.
Duração: 144 min.
Gênero: Aventura

sábado, 5 de março de 2011

Gnomeu e Julieta

"Não deixe que o ódio de outras pessoas destrua o amor de vocês" (Pelicano)


Se você é fã de animações, gostou muito de Megamente e Meu Malvado Favorito, além de apreciar a maior tragédia da literatura mundial: Romeu e Julieta. Então, corra pra assistir esta releitura do clássico. Desta vez são gnomos de jardim que reproduzem a estória, e como muita graça.
Em uma pacata rua existem dois vizinhos de nomes conhecidos: a Sra. Montéquio e o Sr. Capuleto, nem precisa dizer que eles se odeiam, basta abrirem a porta de suas casas para começar os insultos e os xingamentos, porém esta rivalidade não cessa por aí. Seus gnomos de jardim incorporaram a disputa dos seus donos. De um lado os Vermelhos, que também é a família de Julieta. Do outro lado da cerca estão os Azuis e, obviamente, a casa de Gnomeu.  Todos os personagens shakespeariano estão presentes, porém com uma roupagem diferente e muito mais engraçada, por exemplo: um pelicano de parca inteligência, que em uma triste  acontecimento perdeu seu grande amor, mas não perdeu a alegria e esperança no amor. Há também  um cogumelo que não fala mas fareja muito bem. Sem mencionar um veadinho de sexualidade duvidosa que pode levar o  telespectador atento a imaginar que há algum relacionamento muito íntimo com o Teobaldo. Além dos rachas entre cortadores de grama, com destaque especial para o fantástico Terrafirminator;  uma verdadeira máquina de matar, que tem como slogam: "seu capim vai ter medo de crescer".
Trilha sonora de Elton John, piadas engraçadas; apropriadas para crianças e divertidas para adultos. Entre muitas releituras do clássico da Literatura, com certeza este é a mais divertida.
Título original: (Gnomeo and Juliet)
Lançamento: 2011 (Reino Unido, EUA)
Direção: Kelly Asbury
Atores: James McAvoy, Daniel de Oliveira, Emily Blunt, Vanessa Giácomo.
Duração: 84 min.
Gênero: Animação

sexta-feira, 4 de março de 2011

100° Comentário – A Trilogia das Cores: A Liberdade é Azul

"Eu a procurei por causa da corrente, mas também tenho uma pergunta. Quando abria a porta, seu marido ainda estava vivo. Ele disse algo que não consigo entender. Ele disse: “tente tossir agora”. O que significa?" (jovem que presenciou o acidente)


Há muito tempo penso em comentar a Trilogia das Cores do valioso diretor Krzysztof Kieslowski, que dirigiu também A Dupla Vida de Véronique. E o momento não poderia ser melhor: o 100° comentário é um instante especial e ideal para homenagear esta espetacular trilogia. Assistir A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha é programa obrigatório para os amantes do cinema.
Kieslowski foi convidado para produzir um filme que homenageasse o bicentenário da Revolução Francesa, acontecimento histórico cujo lema era: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. O filme também deveria comemorar o êxito do projeto União Europeia. Em um insigth genial, o diretor planejou três filmes que pudessem satisfazer este projeto. Ao mesmo tempo em que fazem relação com o lema da Revolução Burguesa e as três cores do país que a acolheu, os longas também transportam as ideias e valores da revolução para o mundo denso, dramático de pessoas comuns. Ou seja, o que Julie (Juliette Binoche), de A liberdade é Azul, fará com a maldita liberdade que lhe restara após aquele trágico acidente? Até mesmo, quais são os limites da liberdade? Quanto podemos suportá-la?  Já em A Igualdade é Branca, alguns elementos básicos da Revolução são postos em cheque: o simples julgamento de um pedido de divórcio serve de pano de fundo para uma crítica. Por sua vez, no A Fraternidade é Vermelha o que se discute são os limites das relações de amizades: será que lhes são permitidas ultrapassar a ética? Mas, como este post é para A Liberdade é Azul, deixaremos a Igualdade e a Fraternidade para outra oportunidade.
Em um acidente de carro, Julie vê seu marido e filha morrerem. A partir deste instante sua vida perde sentido: trabalho, amigos, familiares, nada mais teria valor e utilidade. Muda de casa, tenta dispensar os objetos, as lembranças que possam levá-la ao passado, mesmo que nem sempre consiga jogá-los fora. Cada pessoa que cruza seu caminho lhe imprime um significado para a vida, para o ser humano, para a liberdade. É um filme para se deixar levar, interpretar e questionar cada cena, por exemplo: a velhinha que atravessa a rua vagarosamente e após muito esforço joga a garrafa de vidro no cesto coletor. Os ratinhos encontrados no novo apartamento. O flautista na calçada e suas belas canções. A mãe que já não tem mais memórias: estaria aquela anciã em um estado de benção ou maldição, se perguntava Julie. A jovem que recebe homens no apartamento, contrariando os demais moradores. A lembrança de uma simples piada que o marido contava antes do acidente. Em fim, um filme comovente, metafórico, uma obra de arte que merecidamente homenageia um dos mais importantes acontecimentos da História da Humanidade.
Alguns podem achá-lo “parado” lento, porém, talvez este telespectador esteja condicionado aos frenéticos filmes norte-americano. E sim um filme de passos lentos, quem sabe porque precisamos condensar cada cena, cada diálogo, cada fotografia, que só perde em qualidade para a belíssima trilha sonora.
Certamente este é o primeiro dos três próximos filmes que irá assistir.

Título original: (Trois couleurs: Bleu)
Lançamento: 1993 (França)
Direção: Krzysztof Kieslowski
Atores: Juliette Binoche, Benoît Régent, Florence Pernel, Charlotte Véry, Hélène Vincent
Duração: 100 min.
Gênero: Drama