sábado, 12 de novembro de 2011

Soldado Anônimo

- Tenho 20 anos, fui burro o bastante para assinar um contrato e estou sentado aqui neste fim de mundo. Já dá pra ouvir as bombas deles e estou com medo. (Swoff)


São diversos os olhares e as críticas que podem ser lançadas sobre este filme: de um lado, os amantes daquele estilo de filme de guerra mais intenso, com chuvas de balas e membros pelo chão, dirão que Soldado Anônimo não é um bom filme. Não que ele seja paradão, até que em alguns momentos acontecem algumas cenas de ação. Por outro lado, para aqueles que preferem as eventuais críticas ao belicismo que geralmente surgem nos filmes de guerra, principalmente nos filmes de Sam Mendes, afirmarão que o filme é muito bom. E no que diz a ação ou falta dela, confesso que em certo momento torci até para que ela não aparecesse, pois da forma que se desenvolvia a trama nos era permitido refletir sobre as condições pessoais ou sociais que levavam e levam os jovens - no caso, norte-americanos - a se alistarem nas forças armadas.

A trama gira em torno do jovem Swoff (Jake Gyllenhaal), oriundo de uma família que sempre serviu ao exército. Desta forma, era esperado que assim também o fizesse, principalmente naquele momento que antecedia a primeira Guerra do Golfo. Boa parte dos dramas e expectativas de Swoff e os demais soldados, entre eles Troy (Peter Sarsgaard), surgem exatamente no campo de treinamento fortemente dirigido pelo sargento Sykes (Jamie Foxx). É neste espaço que faz sentido a gíria "Jarhead" (nome original do filme) aplicada aos novos soldados, seria mais ou menos “cabeça de jarro”. Dado a intensa lavagem cerebral por qual passavam os futuros defensores da liberdade e democracia, pelo menos assim se imaginam.

Estes jovens tinham que encarar a distância de casa, da família, da esposa ou namorada, às vezes atenuada pelas cartas e telefonemas que cada vez mais perdiam o sentido. E ainda, o exaustivo treinamento no Deserto do Golfo, adicionada ainda a angustiante espera pelo combate - em algum momento estavam no Oriente a expressiva quantidade de centenas de milhares de soldados aguardando e ansiosos para o combate. Além das entrevistas maquiadas que os soldados tinham que dar para as televisões americanas, que como sabemos, transformam qualquer evento em um espetáculo. Porém, nada disso os incomodava mais do que a possibilidade de voltarem para casa sem matar ninguém, sem usar os rifles que aprenderam a amar e proteger, haja vista serem franco atiradores. Nas guerras atuais franco atiradores já não são tão indispensáveis, principalmente frente ao poderio de um caça. Este era o maior pesadelo dos "Jarhead".

Não há o que reclamar de Soldado Anônimo: bela fotografia, trilha sonora, direção, parte dos créditos vão para Anthony Swofford, escritor do livro autobiográfico Jarhead que deu origem ao filme.



Título original: (Jarhead)
Lançamento: 2005 (EUA)
Direção: Sam Mendes
Atores: Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx, Tyler Sedustine, Jacob Vargas.
Duração: 123 min
Gênero: Drama



sábado, 5 de novembro de 2011

O Palhaço

Mas tudo passa tudo passará
E nada fica nada ficará
Só se encontra a felicidade
Quando se entrega o coração
( Tudo Passará – Nelson Ned)


Em algum momento do filme recordei da primeira vez que entrei em um circo, mesmo já na idade adulta, ainda assim fui capturado pela atmosfera circense. Sem esquecer que era um circo tão humilde quanto o retratado no filme: a arquibancada se resumia a algumas velhas madeiras amarradas que deixavam enormes buracos a vista, lonas gastas, assim como os carros que levavam aqueles heróis pelas pequenas cidades do interior. Não sei se foi porque era a primeira vez, mas as outras visitas a circos bem melhores e mais equipados não foram tão alegres quanto aquela naquele pequeno circo.

Selton Mello fez uma verdadeira homenagem ao nosso circo, principalmente a estes mais humildes que teimam em manter-se na estrada e oferecer um divertimento que já não é nenhuma novidade nestes anos de entretenimento fácil: vídeo game, televisão, internet, etc. Não há como não se emocionar com a resistência da turma do Circo Esperança.

Alguns desavisados entraram nas salas de cinema ansiosos para assistir uma comédia, isto porque devem ter sido influenciados pelo título do filme, como também pelo seu ator principal (quem sabe recordando o muito bom O Alto da Compadecida). O fato é que por volta da metade do filme, quando perceberam que havia um drama em meio a não tão aparente alegria daquele palhaço, alguns destes desavisados já murmuravam seus descontentamentos, inclusive com um, pasmem, “este filme é muito inteligente pra mim”. Eu, ao contrário, apreciei do início até seu desfecho final junto com os criativos créditos e a belíssima trilha sonora.

Benjamim (Selton Mello), o palhaço Pangaré, andava triste com sua vida no circo, apesar de ser responsável por levar alegria para a plateia, não conseguia encontrar esta mesma alegria no que fazia. De cidade em cidade Benjamim amadurecia a ideia de deixar o pai Valdemar (Paulo José) e seus colegas de circo. Vários sentimentos e desejos o consumiam, pondo em dúvida sua identidade de palhaço, aliás, bem metaforizada pela falta do Documento de Identidade (RG) de que tanto reclamava Benjamim. Sonhava com um ventilador, quiçá também desejasse um amor.  É assim, neste caminho tortuoso, rumo ao autoconhecimento, que seguimos com Benjamim, aprendendo em algum momento que, como diz Nelson Ned: “só se encontra a felicidade quando se entrega o coração”.

Mas a graça do filme não está só em Benjamim, nos encantamos também com o palhaço Puro Sangue e sua amada e vilã Lola (Giselle Motta), com os irmãos Lorota (Álamo Facó e Hossen Minussi), e ainda com o hilário delegado Justo, interpretado por Moacyr Franco, sem esquecer a encantadora Guilhermina (Larissa Manoela). Tudo isto sob a ótima direção de Selton Mello e as grandes músicas dos Tempos Antigos.

Não é uma comédia, porem saímos do cinema felizes e com um leve e nostálgico sorriso no rosto.


Título original: (O Palhaço)
Lançamento: 2011 (Brasil)
Direção: Selton Mello
Atores: Selton Mello, Paulo José, Giselle Motta, Larissa Manoela.
Duração: 88 min
Gênero: Comédia Dramática

Gigantes de Aço


- Ensine-o a lutar. (Max)
- Está brincando? (Charlie)
- Você entende de luta como ninguém. Ele precisa dos seus golpes e comandos. (Max)
- Não posso, não posso. (Charlie)
- Sim, você pode. (Max)


Ficamos órfãos daqueles bons filmes de boxe dos anos oitenta, desde que Rocky deixou as telonas estamos sempre em busca daquelas perfeitas e sincronizadas trocas de golpes, tomadas em câmera lenta, pingos de suor espalhados no ar em virtude do forte direto e certeiro no queixo, rostos inchados de tanto apanhar, porém sem desistir. É por causa desta lacuna que vez ou outra nos lembramos de Stallone quando assistimos a este tipo de filme. E em Gigantes de Aço surgem sim algumas referências a clássicos do boxe como Rocky e O Campeão.

Charlie (Hugh Jackman) é um ex-boxeador sem tantos recursos financeiros. Endividado, está sempre à procura de eventos de boxe para ganhar um trocado junto com seu caminhão e um robô de segunda mão, isto porque, nesta época (2020) os boxeadores humanos deram espaço aos robôs. Porém, os problemas de Charlie não se resumem a falta de grana, pois terá que se aproximar do filho Max (Dakota Goyo) de 11 anos com quem não tinha mais contato. Não será fácil construir esta relação, principalmente com aquele garoto esperto e teimoso feito o pai.

É Atom, um robô-sparring muito antigo encontrado no ferro velho, que irá uni-los nesta jornada.  Pai e filho perceberam que aquele robô repetia os movimentos dos humanos, e assim poderia também repetir os golpes do boxe, ou seja, o simpático robozinho era capaz de aprender boxe. Assim, pai, filho e Atom saíram pelos rings do país faturando e encantando as plateias. Mas o poderoso Zeus, um super robô que não perdoava seus adversários, não permitiria que um robozinho qualquer se tornasse o astro dos eventos de boxe. Então, que comece a luta!

Dizer que este filme está recheado de clichês, já é um ótimo clichê, então, se você só busca um passatempo não se preocupe com os clichês e põe este filme na sua lista. 

  

Título original: (Real Steel)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Shawn Levy
Atores: Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly, Hope Davis.
Duração: 107 min
Gênero: Aventura