quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Napoleon Dynamite

- Se eu for eleito prometo tornar realidade seus sonhos mais malucos. (Pedro)


Filmes que retratam a vida nada agradável dos nerds não são novidades no cinema, tem aos montes. Napoleon Dynamite é mais um deles, surgiu nos circuitos alternativos até cair nas garras da Fox e ser exposto para o mundo. Praticamente todos os personagens em destaque possuem qualidades que os colocariam na galeria dos “esquisitos”.

Napoleon é um adolescente alto e magricelo, cabelos desgrenhados, óculos exageradamente grandes, poucos amigos, dotado de poucas habilidades a não ser fazer desenhos de qualidade bastante regular em seu caderno, além de apanhar dos colegas da escola. Eu diria que Napoleon Dynamite é o Mark Zuckerberg  na época do colegial, inocente, antes de aprender os segredos do mundo da informática e se tornar um bilionário.

Seu irmão, Kip (Aaron Ruell), um cara de 32 anos que passa horas nas salas de bate-papo, segundo o próprio, encontrando sua cara metade. É tão desajustado quanto o irmão Napoleon. Os dois moram com a avó (Sandy Martin), o inverso dos netos: uma velhinha bastante descolada. Tem ainda o tio Rico (Jon Gries), um cara que mora em um trailer (sinônimo de fracassado nos Estados Unidos)estacionou no ano de 1982, precisamente em um jogo de futebol universitário em que sua equipe perdeu o jogo e ele a chance de se tornar profissional. Inclusive comprou uma máquina do tempo acreditando que conseguiria voltar e alterar o resultado daquele jogo!

Entre outras coisas, o filme conta as peripécias de Napoleon na escola, como convidar uma garota para o baile (trauma de todo estudante norte americano retratado em filmes) ou eleger seu novo amigo, Pedro Sanchez (Efren Ramirez), para presidente da turma. Pedro é um nerd mexicano, tão fora de órbita quanto Napoleon, porém tem mais iniciativa, mesmo que elas não sejam tão eficientes ou convencionais, por exemplo: presentear uma menina com um bolo com o propósito de convida-lá para o baile. 

Disfarçado em Cult, Napoleon Dynamite é mais um filme que brinca com os nerds, os ridiculariza, os diferencia, os trata como estranhos e desajustados, talvez não de forma maquiavélica ou espalhafatosa como a maioria dos pastelões que estamos acostumados a assistir, quem sabe este seja seu principal mérito. De qualquer forma, vale à pena dar uma conferida no filme que encantou muitos críticos no ano de 2004.


Título original: (Napoleon Dynamite)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Jared Hess
Atores: Jon Heder, Efren Ramirez, Jon Gries, Aaron Ruell, Tina Majorino, Haylie Duff.
Duração: 86 min
Gênero: Comédia

Amizade!

“Todos os dias dê um presente a si mesmo que a vida lhe complementará” (Tom)


Viver na Alemanha Oriental antes da tão esperada queda do Muro de Berlin não devia ser nada estimulante. Afinal, Comunismo é muito bonito e igualitário, mas apenas nos livros e na cabeça de alguns. 

Tom (Matthias Schweighöfer) e Veit (Friedrich Mücke), dois grandes amigos desde os tempos de escola, sabiam muito bem que do outro lado do Muro havia um mundo novo a explorar, assim, logo que a Alemanha Oriental e Ocidental foram unificadas, estes jovens juntaram todo o dinheiro que tinham - o que não era muito - e compraram uma passagem para os Estados Unidos. A intenção era ir até São Francisco, porém a grana insuficiente e só permitia descer em Nova York. O restante da viagem seria feita por terra.  

Os dois amigos que se diziam cineastas estavam ávidos para conhecer um mundo novo, pretendiam chegar ao ponto mais ocidental do Ocidente (projeto bastante simbólico: experimentar o máximo que o mundo capitalismo poderia lhe dar?). Mas a viagem de Nova York a São Francisco não seria fácil, pois mal sabiam algumas palavras do inglês e só tinham cinqüenta e cinco dólares no bolso, assim precisariam de carona e algo mais. Veit também tinham outro objetivo com esta viagem, na verdade seu desejo era conhecer seu pai que fugira de Berlin há mais de dez anos pulando o Muro, desde então mandava cartões postais nos aniversários do filho.

As diversas caronas que Tom e Veit conseguiram tanto serviram para mostrar uma América receptiva e repleta de belas paisagens, como também destacaram o sentimento de amizade que tanto uniam aqueles jovens. Experimentando e se divertindo com coisas tão simples como cachorro quente e biscoito recheado, mas que não existiam do lado comunista, porém também perceberam que sem dinheiro é difícil ter acesso as maravilhas do lado capitalista do antigo Muro.

É um filme leve e simpático (parece ser baseado em fatos reais) que além de agradar, também nos ensina duas velhas lições: amizades não têm preço e; quanto menos o Estado regular a vida das pessoas, melhor.


Título original: (Friendship!)
Lançamento: 2010 (Alemanha / EUA)
Direção: Markus Goller
Atores: Matthias Schweighöfer, Friedrich Mücke,
Duração: 110 min
Gênero: Comédia

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Burlesque

-Quanto é até Los Angeles? (Ali)
- Ida ou ida e volta? (vendedor de passagem)


Não só de uma bela voz vive um musical, mas parece que Steven Antin, o diretor de Burlesque, não percebeu isto. Christina Aguilera (estreando no cinema) canta e dança muito bem, seu vozeirão não deixa a desejar. Porém, a trama em que está inserida: a história de Ali, uma garotinha do interior que vai para cidade grande tentar vencer na vida cantando e dançando, não conseguiu convencer. 

Nem mesmo o clima romântico com o balconista Jack (Cam Gigandet) ou com o empresário Vince Scali (Peter Gallagher) não recheou a trama com a emoção necessária. A intriga com Kiki (Kristen Bell), a melhor dançarina da boate também não esquentou o suficiente. E Cher, interpretando Tess, a proprietária de uma boate quase falida e ex-dançarina, que deveria dar um norte ao filme, decepcionou, inclusive este papel lhe rendeu a indicação ao indesejado prêmio Framboesa de Ouro na categoria Pior Atriz Coadjuvante. Restou para o bom Stanley Tucci, interpretando Sean, o amigo e funcionário de Tess, salvar o elenco.

Mas se as interpretações e o roteiro não agradaram, felizmente não podemos dizer o mesmo da performance musical e dançante da estrela pop Christina Aguilera. Como atriz dramática não encantou, mas, por outro lado, interpretando a dançarina e cantora foi um show. Também, é o mínimo que esperávamos!

Se você gosta de musical e aprecia a cantora Aguilera assista a este filme, mas se você procura um musical que conta uma bela e emocionante história, no estilo Chicágo ou Moulin Rouge, então é melhor se manter longe de Burlesque.


Título original: (Burlesque)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Steven Antin
Atores: Christina Aguilera, Cher, Cam Gigandet, Stanley Tucci.
Duração: 119 min
Gênero: Musical

Flashdance

“Você não entende? Quando desiste dos seus sonhos você morre!” (Nick)


Este quase trintão é mais que um filme, na verdade é uma playlist dos anos oitenta. Quase toda sua trilha sonora brilhou nas paradas musicais daquela década. Não é a toa que abocanhou o Oscar na categoria de Melhor Canção Original (com a música What a Feeling), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Entre as músicas que embalaram Alexandra Owens ( Jennifer Beals) podemos citar: “Lady, lady, lady”; "I Love Rock'n'Roll"; "Gloria"; “Imagination”; “Maniac”, e claro, "What a Feeling" .

Mas Flashdance não se resume apenas ás boas músicas, o segundo ingrediente da vitoriosa receita não poderia deixar de ser a dança. E os espetáculos dançantes de Jennifer Beals são fenomenais: muitas vezes sentimos a vontade de sair dançando pela sala. Ah se fosse tão fácil como parece! Alguns destes passos ficaram registrados na história do cinema, por exemplo: a performance com a cadeira na boate, ou então a dança para a banca de jurados, ainda destacaria a cena em que mostram alguns dançarinos de rua exibindo seus talentos.

Música e dança, ainda falta uma trama. E, diferentemente de Burlesque – um musical bastante criticado por falta de uma boa trama – a história dos personagens é até interessante. Alexandra Owens é uma representante daquele modelo de mulher que chegara ao auge naquela década, a saber: a mulher independente que pode desenvolver qualquer atividade profissional sem deixar de ser sexy. Soldadora, esta é sua profissão, e a noite ganha uns trocados dançando em uma boate. Dezoito anos, tem família, mas mora sozinha, é ou não um modelo de mulher contemporânea?

Alexandra dança muito bem, mas nunca teve aulas de dança, por isso ela alimenta o sonho de participar de uma escola de dança, porém lhe falta coragem para enfrentar o processo de seleção.  Em meio a isso, se ver seduzida por Nicky (Michael Nouri) seu chefe. A  verdade é que com a trilha sonora certa qualquer simples trama se transforma na mais romântica história do cinema.   

Arraste o sofá e comece a dançar, quer dizer a assistir!


Título original: (Flashdance)
Lançamento: 1983 (EUA)
Direção: Adrian Lyne
Atores: Jennifer Beals, Michael Nouri, Lilia Skala, Sunny Johnson.
Duração: 94 min
Gênero: Musical

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim – O Segredo do Licorne

- O que fez? (Tintim)
- Acendi uma fogueira. (Haddock)
- Em um barco? (Tintim)


E mais uma vez Spielberg demonstra sua força e prestígio, faturou o Globo de Ouro em meio a uma fraca lista de concorrentes. O que poderia justificar a escolha dos julgadores, sem contar o prestígio do diretor? Quem sabe a perfeiçao técnica da animação, com uma ótima qualidade de imagem e som. Já o efeito 3D, como tem sido de costume, muito fraco; serve apenas para nos deixar incomodados com aqueles óculos. 

É sim uma animação movimentada, repleta de reviravoltas, mas que dificilmente conseguirá encantar as crianças, além de não atrair muitos adultos, com exceção daqueles fãs das tirinhas ou dos desenhos animados que eram exibidos ao longo dos anos oitenta e noventa. (confesso que por uns instantes torci para que o fim chegasse logo). Enfim, está quase no mesmo nível de Rango, outra animação aclamada em demasia e também cotada para o Oscar, mas um tanto quanto chatinha. 

Baseado nas Histórias em Quadrinhos do autor belga Georges Prosper Remi ,  As Aventuras deTintim – O Segredo do Licorne conta as peripécias do repórter Tintim (Jamie Bell) e seu esperto cãozinho Milu. Investigativo, não deixa escapar nenhuma pista quando se debruça sobre um enigma. Desta vez o que lhe chamou a atenção foi a história de um antigo navio pirata, cuja réplica teria comprado em uma pequena feirinha por uma bagatela. Mas logo após a aquisição do citado navio, alguns homens, principalmente Sakharine ( Daniel Craig), surgiram com elevado interesse, oferecendo inclusive altos valores pela pequena réplica.

Em uma breve pesquisa Tintim descobre que o navio original pertenceu a um mestre dos mares, o capitão Haddock, antes de ser afundado com uma carga preciosa. Porém, antes mesmo que o auspicioso repórter começasse a entender realmente a trama, já se encontrava lutando para salvar a sua vida, ainda bem que Milu, seu cãozinho, é tão corajoso quanto o seu dono. 

Um capitão que fica doente quando está sóbrio, uma dupla de policiais Dumond e Dumont dotados de duvidosa capacidade investigativa, boa trilha sonora, interessantes batalhas entre piratas em alto mar, delírios no deserto, destruição em portos, pelo menos ação e movimento não faltaram nesta frenética aventura. 

Aguardando a continuação.


Título original: (The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn)
Lançamento: 2012 (Bélgica, Nova Zelândia, Estados Unidos)
Direção: Steven Spielberg
Atores: Jamie Bell, Daniel Craig, Andy Serkis, Nick Frost.
Duração: 107 min
Gênero: Animação

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Se Beber, Não Case

-Ela está usando o anel do Holocausto da minha avó. (Stu)
- Eu não sabia que distribuíam anéis no Holocausto. (Alan)


Passamos um bom tempo nos contentando com comédias românticas – a grande maioria água com açúcar - ou os famosos pastelões, aí então, quando menos esperamos, surge um comediante ou um filme para dar um novo gás a este gênero do cinema. Em 2009 foi a vez de Se Beber Não Case sacudir o mundo das comédias. Os elogios recebidos por este recordista de bilheteria devem ser direcionados a Justin Bartha, Ed Helms, Bradley Cooper e, principalmente, Zach Galifianakis, atores bem dirigidos por Todd Phillips, que protagonizaram uma das melhores comédias dos últimos anos. 

Stu Price (Ed Helms), Phil Wenneck (Bradley Cooper) e Alan Garner (Zach Galifianakis), resolvem fazer a despedida de solteiro de seu grande amigo Doug Billings (Justin Bartha) em Las Vegas. Estavam cientes que estes seriam os momentos mais felizes de suas vidas, não faltariam bebidas, jogos, festas, mulheres e, claro, não deixariam de fazer jus ao velho bordão: “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”, afinal, é uma despedida de solteiro.  Se fosse tudo planejado, esta despedida não teria sido tão movimentada. 

A trama começa a animar quando Stu, Phil e Alan acordam com a maior ressaca em um apartamento desconhecido em meio a uma enorme bagunça, com direito a bebê chorando no armário, galinha no corredor e um tigre no banheiro. Não se lembram de nada, e para piorar o noivo não estava com eles,havia sumido.  O noivo precisava ser encontrado urgentemente, pois estava prestes a se casar, e de quem era aquele bebê no armário? E o tigre?

A medida que tentam relembrar o que aconteceu na noite anterior, através das raras lembranças ou objetos no bolso, os três iniciam uma verdadeira e cômica odisseia pela cidade dos cassinos. A cada cena uma situação mais engraçada: invasão da mansão de Mike Tyson, ataque de um Ninja Gay, etc. Sem esquecer a bela surpresa exposta nos créditos finais, nunca os créditos de um filme foram tão engraçados. Não é a toa que sua continuação, Se beber Não Case 2, foi uma das comédias mais esperadas dos últimos anos. Infelizmente não repetiu o sucesso, pois não mudaram muita a fórmula do primeiro.

Imperdível !
Título original: (The Hangover)
Lançamento: 2009 (Alemanha, EUA)
Direção: Todd Phillips
Atores: Bradley Cooper, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham.
Duração: 100 min
Gênero: Comédia

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Batman – O Cavaleiro das Trevas

“Vamos colocar um sorriso nesse rosto” (Coringa)


Se Heath Ledger, ator que interpretou Coringa, já tinha sido um destaque a parte neste filme, a sua morte prematura provocou uma comoção ainda maior entre os homens e mulheres que fazem o mundo do cinema, e trataram de lhe garantindo logo algumas premiações póstumas, como o Globo de Ouro e o Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante. Premiações justas, é claro.

Após o muito bom Batman Begins, Christopher Nolan, o diretor, não decepciona: manteve as características mais humanas do Batman muito bem interpretado por Christian Bale, ao mesmo tempo em que lhe deu mais maturidade e objetividade. Enquanto isso a Gothan City tornou se ainda mais perigosa, pois enquanto no filme anterior era apenas um chefe do crime organizado a dar trabalho à polícia, desta vez são vários, mesmo que nenhum deles chegue aos pés do psicopata Coringa.

Propondo ajudar os chefes do crime organizado da cidade na luta contra Batman, Coringa mais que os convence a aceitar seu apoio, mesmo que o interesse do Coringa jamais seja matar o Batman, pois, se assim o fizer estará dando  fim a sua razão de vida. Ou seja, já percebemos que Coringa  - o vilão com o sorriso mais triste do cinema - quer mesmo é se divertir!

O maior vilão de Gothan City está obstinado em tentar descobrir o rosto por traz da máscara de Batman, e faz de tudo para alcançar este objetivo, por exemplo: promete matar pessoas importantes até que Batman tire a máscara, além das suas eficientes armadilhas espalhadas pela cidade. Definitivamente este é o adversário mais perigoso e esperto que o homem morcego já enfrentou.

Porém, a certeza maior é que Nolan terá um grande desafio com o terceiro filme da franquia, que é tentar superar Batman – O Cavaleiro das Trevas, pois foi possível concentrar neste longa, além do Christian Bale mantendo o ótimo nível na pele de Bruce Wayne, um Coringa inesquecível, coadjuvantes que também acompanharam o nível, e ainda a incrível capacidade da trama de surpreender  o espectador.  

Em fim, não perca um dos melhores filmes do Morcego mais famoso do cinema.


Título original: (The Dark Knight)
Lançamento: 2008 (EUA)
Direção: Christopher Nolan
Atores: Christian Bale, Michael Caine, Heath Ledger, Gary Oldman, Morgan Freeman
Duração: 142 min
Gênero: Aventura

Rubber - O Pneu Assassino

-Senhoras e senhores, o filme que verão hoje é o maior tributo a falta de razão. (Chad)


Não, o título não está errado, é um pneu assassino mesmo. Os roteiristas devem ter pensado: “ora, se já fizeram filmes com aranhas assassinas, cobras assassinas, tomates assassinos, a coisa assassina, então porque não fazer com um pneu assassino?”. E assim deram vida ao filme que certamente entrará para o não tão seleto grupo dos “filmes mais estranhos”. 

Por outro lado, não precisamos nos esforçar muito para encontrar em suas entrelinhas metáforas que revelam uma crítica a pobreza imaginativa que acomete Hollywood vez em quando. Por exemplo, a tentativa de envenenar a platéia parece ser uma clara referência às séries de filmes de baixa qualidade que nos são oferecidos constantemente. Ou ainda, a cena em que alguns pneus liderados por um triciclo assassino permanecem parados na entrada de Hollywood, nos remete à ideia de que qualquer lixo pode entra nesta indústria.  Mas não descartamos a possibilidade dos mentores do filme terem desejado com este filme apenas emplacar um trash com baixíssimo orçamento e ganhar notoriedade, porque não?.

A trama se passa no deserto californiano. São dois cenários que, de certa forma, estão interligados: de um lado, a platéia, um grupo de pessoas que foram levadas para o deserto por uma espécie de lanterninha (Jack Plotnick). Neste local recebem binóculos, por meio do qual deveriam assistir a um filme. E assim partimos para o segundo cenário, que é exatamente o filme que a platéia assisti: em meio a um monte de entulho um pneu acorda de seu sono profundo e segue em direção a cidade. No caminho aproveita para experimentar seus poderes telecinéticos, eliminando tudo que encontra pela frente: coelhos, pássaros, escorpiões, aranhas, garrafas, etc. No instante em que o pneu chega à cidade seu espírito de serial killer praticamente já aflorou, então, parte em busca de mais vítimas, agora são os seres humanos!

Entre os dois cenários - da platéia que assiste a carnificina do pneu e do próprio despertar deste perigoso matador – flutua o policial Chad (Stephen Spinella) e seu ajudante (o lanterninha) que acredita que tudo isso não passa de um filme, um filme sem razão alguma. 

Arrisque, pois se você conseguir passar dos quinze primeiros minutos aposto que vai até o final, seja por curiosidade ou por que realmente se interessou pela história.


Título original: (Rubber)
Lançamento: 2010 (França)
Direção: Quentin Dupieux 
Atores: Stephen Spinella, Roxane Mesquida, Wings Hauser, Jack Plotnick.
Duração: 82 min
Gênero:Comédia

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Homens e Deuses


“ Somos como pássaros num galho de árvore, não sabemos se vamos partir” (Celestin)


Nós, ocidentais fundados em um modelo de democracia burguesa liberal, tendemos a criticar abertamente Estados Teocráticos. Argumentos e fatos não faltam para justificar a crítica a este modelo de Estado e Governo, vide a imagem que montamos de alguns países do Oriente Médio e do Afeganistão (o governado pelo Taliban).  A sensibilidade da questão está exatamente na necessária limitação de poderes do qual nenhum Estado pode ser dispensado, mesmo que o desejo dos seus dirigentes seja justamente o contrário. Ou seja, se quando um grupo detêm o maquinário estatal já é perigoso para o cidadão, no instante em que se ausentam os limites para este Estado, imagine então se este for fundado na religião? Pois, como já disse Blaise Pascal: “os homens jamais fazem o mal tão completamente e com tanta alegria como quando o fazem a partir de uma convicção religiosa”.

O filme Homens e Deuses não trata de um Estado teocrático, mas de uma guerra civil e de diferentes interpretações que se formulam dos escritos religiosos. É inspirados em fatos reais ocorridos na Argélia em 1996, quando estourou uma brutal guerra civil. De um lado o governo,  do outro, rebeldes islâmicos, e entre eles, a população civil. 

Christian (Lambert Wilson) é o líder de um grupo de oito monges que atuavam junto a uma comunidade no interior da Argélia. Orações, estudo religioso, assistência médica a comunidade e uma convivência harmoniosa com religiosos muçulmanos, este era o cotidiano dos monges, pelo menos até o conflito armado. A partir deste momento, Christian e seus irmãos religiosos estavam em perigo, como todos os estrangeiros e civis daquele país. 

A angustia do grupo neste instante advêm da necessidade de ter que decidir entre abandonar a comunidade e voltar para França, salvando suas vidas, ou seguir a missão que abraçaram e permanecer ali, mesmo que esta opção custe suas vidas.  Acompanhamos, cena a cena, a aflição daqueles homens no caminhar em direção a difícil decisão. Ao mesmo tempo em que percebemos como cenários tão distintos podem ser construídos a partir da leitura e interpretação de mensagens, que a princípio, deveriam pregar apenas o amor, mas que a partir de alguns, servem como fundamentação para ações maléficas.

Vencedor do Grande prêmio de Cannes de 2010, este é um filme para ver e não esquecer jamais.


Título original: (Des Hommes et des Dieux)
Lançamento: 2010 (França)
Direção: Xavier Beauvois
Atores: Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin, Philippe Laudenbach.
Duração: 122 min
Gênero: Drama

Resident Evil 4

- A Umbrella Corporation está retomando a sua propriedade. Não correspondeu as expectativas. (Albert Wesker)


Poucos games foram tão fecundos para os diretores e produtores de Hollywood quanto este.  São quatro filmes e mais um engatilhado, além de uma animação (Resident Evil Degeneration). Claro que críticas não poderiam faltar, pois, quanto mais fãs tem um game, mais críticas sofreram os filmes que retratem este game, não importa o quão bom seja.  A idéia e os elementos são quase os mesmos em todos eles: ás vezes podemos ler a sinopse de um e confundir com outro. Porém, não podemos negar que no quesito ‘cenas impressionantes’ este superou e muito os demais.

Tecnologia 3D, congelamento de cenas, gigantes amedrontadores, armas, muitas armas, golpes bem coreografados e zumbis, que não poderia faltar, claro. O restante já sabemos: Alice (Milla Jovovich) e sua guerra particular contra Umbrella Corporation, responsável pela infecção viral que transformou quase todos humanos da Terra em zumbis. 

Entre invadir a base japonesa da Umbrella comandada por Albert Wesker (Shawn Roberts) e tentar descobrir a localização da Arcádia, suposto abrigo de humanos sobreviventes, Alice encara desafios como o gigante Executioner, e tentar pousar um avião no terraço de um prédio cercado por zumbis. Mas nossa heroína não está só, é bem acompanhada por Claire Redfield (Ali Larter), Chris Redfield (Wentworth Miller), Shawn Roberts (Albert Wesker), K-Mart(Spencer Locke), entre outros.

Se você é fã do game e não gostou da adaptação, pelo menos deve confessar que algumas cenas estão muito parecidas com passagens do jogo. E para quem nunca pegou em um controle de PS2/PS3 e gosta de um bom filme de ação pode confiar e  apertar o play.


Título original: (Resident Evil: Afterlife)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Paul W.S. Anderson
Atores: Milla Jovovich, Ali Larter, Wentworth Miller, Sienna Guillory.
Duração: 97 min
Gênero: Terror
  

domingo, 15 de janeiro de 2012

Corra Lola, Corra

- Mammi? Você me ama? (Lola)
-Claro, eu amo. (Mammi)
-Como você pode ter tanta certeza? (Lola)
-Eu não sei. Eu apenas amo.  (Mammi)


Contar uma história em que o personagem principal passa a maior parte do tempo correndo não é uma tarefa fácil. O que fazer para esta corredora atrair a atenção do público? O diretor e roteirista respondeu bem a esta pergunta, por isso este filme foi sucesso entre os críticos em 1998 e ainda hoje atrai público e é referência para o cinema alemão. 

Mas o que Tom Tykwer fez de tão interessante neste filme? Nada muito original, porém eficiente: apresentou três versões da mesma história, o desenvolvimento dos personagens secundários também se alterava de acordo com as versões apresentada, a presença de elementos simbólicos em diversas cenas (grito, relógio, cores quentes, etc.), diálogos interessantes, tensão, uma trilha sonora eletrizante e muito mais.

Quando Manni (Moritz Bleibtreu) o coletor de uma perigosa quadrilha, esquece um saco recheado de dinheiro no metrô, não imaginava o que aconteceria em sua vida a partir daquele instante. Desesperado, pois sabia que seu chefe não pouparia sua vida, Manni só teria vinte minutos para encontrar uma saída. Sua primeira ação foi ligar para Lola, sua namorada (Franka Potente) e aflito, pedir ajuda. Vinte minutos, o que Lola poderia fazer neste tempo? Primeiro acalmar o namorado para que ele não fizesse besteiras, depois, correr, correr e correr em busca de ajuda. 

Entre o momento em que Lola bate a porta e desce as escadas numa louca correria até o encontro com Manni, várias pessoas e possíveis destinos cruzam seu caminho. E durante os breves oitenta e um minutos de filme, por algumas vezes, somos tomados por uma breve e feliz sensação de que também podemos repetir e tentar outra vez, será?

 
Título original: (Lola Rennt)
Lançamento: 1998 (Alemanha)
Direção: Tom Tykwer
Atores: Franka Potente, Moritz Bleibtreu, Herbert Knaup, Nina Petri.
Duração: 81 min
Gênero: Ação

A Cabeleireira – Lavar, cortar, sorrir!

"Não vou contratá-la, você não tem a estética necessária para este tipo de negócio. Eu não estou me referindo a suas roupas." (proprietária do salão)


O cinema europeu, na maioria das vezes, tende a ser mais sincero, mais próximo da realidade humana. Enquanto o hollywoodiano quase sempre utiliza o grau superlativo absoluto para descrever seus personagens, atores, diretores, produtores, custos, etc. O cinema do Velho Mundo, por sua vez, raramente utiliza desta fórmula, e ainda assim consegue convencer o espectador. Claro que se formos assistir seus filmes com a mesma expectativa com que assistimos aqueles de Hollywood teremos grandes chances de não ficarmos satisfeitos, então, abandonemos os conceitos prévios antes de sentarmos na poltrona.

A Cabeleireira – Lavar, cortar, sorrir é assim, um filme nada megalomaníaco, e mesmo assim, capaz de emocionar. Conta a história de Kathi (Gabriela Maria Schmeide), mãe solteira, que precisa dar conta da manutenção e sustento da família, porém o fato de estar acima do peso, “não ter estética” sempre foi um empecilho. Kathi é destas pessoas que não desiste facilmente de seus objetivos, ao mesmo tempo que sempre está de bem com a vida, é assim que iniciará a maior empreitada de sua vida: abrir seu próprio salão de beleza.

Em uma Alemanha recém unificada abrir qualquer tipo de negócio não era algo fácil, principalmente para Kathi: mulher, mãe, solteira, sem dinheiro e enfrentando os preconceitos pelo fato de estar acima do peso. Mas sua persistência e os embaraços por qual terá que passar e superar são os atrativos principais deste filme simples, mas cativante.


Título original: (Die Friseuse)
Lançamento: 2010 (Alemanha)
Direção: Doris Dörrie
Atores: Gabriela Maria Schmeide, Natascha Lawiszus e Ill-Young Kim
Duração: 108 min.
Gênero: Comédia

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Imortais


“As almas de todos os homens são imortais, mas as almas dos justos são imortais e divinas” (Prólogo)


A mitologia grega é extraordinária, e um filme que tente retratá-la deve pelo menos acompanhá-la nesta qualidade. E nisso o filme Imortais se esforçou verdadeiramente: efeitos especiais abundantes, cenários e figurinos bem trabalhados, lutas bem coreografadas, exércitos que exigiram um bom numero de figurantes e efeitos visuais, discursos emocionantes, etc. Enfim, Tarsem Singh, o diretor, fez tudo para mostrar de forma grandiosa uma passagem da mitologia grega, o que não apaga algumas confusões mitológicas, mas, quem sabe seu intuito tenha sido, na verdade, trazer um enredo mais palpável ás telonas.

Quando o rei Hiperion (Mickey Rourke) decide roubar o arco de Épiro - única arma capaz de libertar os Titãs do Monte Tártaro - na verdade planejava vingar-se dos deuses, pois estes não lhe deram ouvidos em momentos de aflição. Os Titãs teriam sido derrotados por deuses na grande batalha de Titanomaquia pela sucessão do trono celestial, e libertá-los seria reeditar esta terrível batalha entre deuses e Titãs. Hiperion, em sua busca desenfreada pelo arco, não tinha piedade de quem fosse encontrado pelo caminho, promovendo crueldades que afligiam até mesmo os deuses no Olímpio, porém, seguindo ordens de Zeus (Luke Evans), nenhum deus deveria interferir nas ações humanas, pois o arbítrio é livre. Exceção feita caso os Titãs fossem libertados por Hiperion.

Theseus (Henry Cavill), filho bastardo de uma camponesa, dotado de grande coragem, era o único homem capaz de tentar deter a corrida de Hiperion, na verdade o próprio Zeus, na sua forma humana, sempre esteve ao lado de Theseus oferecendo lhe ensinamentos valiosos.  

A fé, ou a falta dela, está sempre presente entre os personagens da trama: sua falta seria o motor que impulsiona a raiva de Hiperion contra os deuses. Porém é sua presença que faz Zeus acreditar em Theseus, ou mesmo Etra (Anne Day-Jones), mãe de Theseus, e Fedra (Freida Pinto) sacerdotisa do oráculo, clamarem pelos deuses. Talvez apenas a coragem de Theseus pudesse ser maior que a força desta fé. 

Aliás, força mesmo foi o que demonstraram as religiões teológicas – judaísmo, cristianismo, islamismo, etc. – que transformaram as religiões antigas em mitologia, fábulas. Imaginar que pessoas já depositaram tanta fé nestas tramas, assim como atualmente outras também o fazem com as narrativas envolvendo Jesus Cristo, Maomé etc. Definitivamente, ninguém poderá acusar a humanidade de falta de criatividade.


Título original: (Immortals)
Lançamento: 2011 (Estados Unidos)
Direção: Tarsem Singh
Atores: Henry Cavill, Freida Pinto, Mickey Rourke, Luke Evans.
Duração: 110 min
Gênero: Aventura

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Compramos um Zoológico

“Tudo que precisa é de 20 segundos de uma coragem enlouquecida. E eu juro que alguma coisa fantástica vai acontecer.” (Benjamin Mee)


Este não é simplesmente um filme sobre animais, é mais que isso. Trata da tentativa de superação de uma perda, fortalecimento dos laços familiares, amizade, vencer desafios e, por fim, boa relação com os animais.

Benjamin Mee (Matt Damon) é um jornalista que acabara de perder a esposa e mãe de seus dois filhos: Rosie (Maggie Elizabeth Jones), a caçula de sete anos e sempre proativa, e Dylan (Colin Ford) um adolescente muito... adolescente, entende? Como jornalista Benjamin sempre foi adepto as aventuras e exposição ao perigo: entrevistar ditadores, sobrevoar vulcões, etc. porém, o maior desafio de sua vida estava posto: cuidar dos seus filhos após a morte da sua esposa.

Com objetivo de oferecer algo diferente aos filhos Benjamin faz uma jogada ousada: investiu todas as economias da família na compra de um grande zoológico desativado, mesmo sem conhecer nada a respeito de animais. Por sorte Kelly Foster (Scarlett Johansson) e sua equipe, todos funcionários do zoológico, não mediram esforços para ajudá-lo nesta empreitada, e principalmente para enfrentar o temido fiscal responsável por liberar as autorizações de funcionamento dos zoológicos da cidade, interpretado por John Michael Higgins.

Um filme família, sem muitas pretensões, a não ser promover no espectador aquela sensação de valorização da família e dos amigos, o que é muito comum neste tipo de trama. Para quem procura algo leve para relaxar esta é uma boa opção.

Título original: (We Bought a Zoo)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Cameron Crowe
Atores: Matt Damon, Scarlett Johansson, Elle Fanning, Patrick Fugit, Stephanie Szostak, Thomas Haden Church, Carla Gallo, Desi Lydic, John Michael Higgins
Duração: 124 min
Gênero: Comédia

Jogo de Poder


“Quando Benjamin Franklin deixou o Salão da Independência logo após destacar a 2° Tropa, uma mulher se aproximou dele e disse: ‘ Sr. Franklin, que tipo de governo o Senhor nos deixou? ’. Franklin respondeu: ‘uma República, senhora. ’ Se vocês puderem mantê-la. A responsabilidade de um país, não está nas mãos de uma minoria privilegiada. Somos fortes e estamos livres da tirania desde que cada um lembre-se do seu dever como cidadão. Seja fiscalizando buracos em suas ruas ou denunciando uma mentira do discurso do Estado maior. Falem!” (Joseph Wilson)


O super aparato estatal não pode e não deve ser tão facilmente operacionalizado por determinados grupos com o intuito de obter êxito em empreendimentos pessoais ou em sentimentos excessivamente nacionalistas. Para que um governo republicano e democrático evite levar seus cidadãos a cair nestas armadilhas é preciso uma monitoração constante de suas ações. Porém, já sabemos que o recurso ao discurso nacionalista, patriota e o "Perigo Externo" é uma boa estratégia para unir o povo em prol de um objetivo, e a Casa Branca  também sempre soube disso, como veremos neste longa. 

A Guerra do Iraque ainda continua sendo terreno fértil para a construção de filmes. Desta vez, baseado em fatos reais, Hollywood retrata a trajetória da Agente Secreta da CIA, Valerie Plame, que teve sua identidade revelada a imprensa por funcionários do alto escalão da Casa Branca. Uma estratégia política em meio a tentativa de fundamentar o ataque das forças americanas ao Iraque, mais uma do inesquecível governo Bush.

Valerie Plame (Naomi Watts) era uma agente da CIA, atuava em operações secretas em diversas partes do mundo, além de trabalhar nas pesquisas que deveriam apontar ou não a existência de armas de destruição em massa no Iraque. Uma das estratégias deste último trabalho é recrutar a opinião de vários especialistas a respeito de um determinado tema que envolva as supostas armas, por isso, Joseph Wilson (Sean Penn), ex-embaixador do governo de Bill Clinton e esposo de Valerie, foi convidado a investigar se o Níger teria vendido material prima para fabricação de tais armas a Saddam Hussein.  Após a viagem e conversas com ex-membros do governo daquele país, Joseph Wilson concluiu que a suposta venda nunca poderia ter acontecido. Enfim, as investigações da CIA não encontravam elementos que justificassem acusar o Iraque de fabricar estas armas.

Porém, como sabemos, o presidente norte americano autorizou o ataque fundamentado na existência de provas que apontavam a fabricação de armas de destruição em massa no Iraque. È aqui que começa a aventura da Valerie. Sabendo que o governo estava mentindo, Joseph Wilson publicou um artigo no The New York Times com sua versão dos fatos, em contrapartida, altos funcionários da Casa Branca soltaram à imprensa a identidade secreta de Valerie Plame, ou seja, sua carreira, vida familiar e pessoal estariam praticamente acabadas.

Daí em diante se desenvolve uma batalha na mídia e depois nos tribunais: um homem (Joseph Wilson) versus a Casa Branca, quem vence esta guerra? 

Imperdível.

Título original: (Fair Game)
Lançamento: 2011 (EUA)
Direção: Doug Liman
Atores: Naomi Watts, Sonya Davison, Sean Penn, Michael Kelly, Stephanie Chai, Anand Tiwari, Vanessa Chong
Duração: 108 min.
Gênero: Drama

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Santos Justiceiros II – O Retorno


“Você é um assassino. A morte está em seu sangue” (Louis)


O primeiro filme trouxe um mix de ação e comédia, apresentando ainda boas montagens de cena e trillha sonora, além do show de Willem Dafoe, interpretando um esperto policial do FBI. E, geralmente quando um filme emplaca um sucesso de público, mesmo que não necessariamente de crítica, pode apostar que sua seqüência virá. Assim, os irmãos MacManus (Sean Patrick e Norman Reedus) retornam as telonas para tentar repetir o sucesso do primeiro filme.

Recolhidos no interior da Irlanda em companhia do pai, Il Duce (Billy Connolly), os irmãos MacManus são provocados a retornar a Boston, isto porque um padre foi assassinado com o claro intuito de trazê-los de volta. Porém, quem teria desejo de vê-los novamente? Pois os oito anos que eles permaneceram longe representaram um alívio para os mafiosos da cidade, e como não, também para a sua atrapalhada polícia.

Mesmo sabendo que algo estava errado no assassinato do padre, os irmãos MacManus deliberadamente morderam a isca, desta vez sem o apoio de David – o gozador ( Della Rocco) de épocas passadas, logo aceitam um substituto: um mexicano orgulhoso, interpretado por Clifton Collins Jr, sensível, inseguro e colorido, mas disposto a fazer parte e se portar a altura dos famosos justiceiros. Do outro lado, os policiais locais, mais atrapalhados do que antes, sucumbem à beleza e esperteza da Agente Especial do FBI interpretada por Julie Benz, a versão feminina do personagem de Willem Dafoe no primeiro filme. Enquanto isso, a máfia se borrava (literalmente) de medo da possibilidade da chegada dos justiceiros.

Mesmo não sido tão bom quanto o primeiro Santos Justiceiros, esta seqüência garante quase duas horas de boas cenas de ação e atrapalhadas, e ainda abriram espaço para um terceiro filme.

 
Título original: (The Boondock Saints 2 - All Saints Day.)
Lançamento: 2009 (EUA)
Direção: Troy Duffy 
Atores: Sean Patrick Flanery, Norman Reedus, Billy Connolly, Clifton Collins Jr., Julie Benz, Peter Fonda
Duração: 117 min.
Gênero: Policial

O Exterminador do Futuro 4 – A Salvação


"Estamos lutando há muito tempo. O número de máquinas é maior. Trabalhando incansavelmente, sem desistir. Você não está sozinho, existem resistências em vários lugares do planeta. Aqui é John Connor. Se você estiver ouvindo, você é da resistência”  (John Connor)



A trama central desta franquia é muito interessante, ás vezes confusa e sem sentido, porém, ainda assim consegue capturar o espectador, ás vezes transformando-o em fã. Nenhuma novidade, aliás, é quase simples: humanos lutando contra máquinas inteligentes. Até aí tudo bem, adicionamos então um homem que lidera a Resistência dos humanos, passando então a ser o alvo principal das máquinas. Estas máquinas - como afirmei, inteligentes – percebendo que não conseguem derrotar este líder - John Connor – envia um robô exterminador para o passado com a finalidade de matar a mãe de Connor. Isto tudo é contado no primeiro filme, um dos clássicos de Arnold Schwarzenegger nos anos oitenta: O Exterminador do Futuro.

A medida que a história é exposta torna se mais interessante, pois outros personagens passam a fazer parte dela. O que possibilita, se for bem feito, explorá-la e produzir uma boa leva de filmes, e até agora a franquia não tem decepcionado.

Neste quarto filme é mostrado o que Sarah Connor – a mãe de John Connor – não cansava de contar lá no primeiro filme: a luta entre máquinas e humanos que estaria ocorrendo no futuro. Christian Bale interpreta John Connor e lidera um grupo de soldados na implacável luta contra a Skynet. Em uma determinada missão Connor e seus companheiros invadem um laboratório abandonado, lá havia prisioneiros humanos e uma singular experiência da Skynet: Marcus Wright (Sam Worthington), um ex-prisioneiro que, no corredor da morte, doou seu corpo para a Skynet. 

Entre tantas decisões difíceis, Connor terá que avaliar se Marcus é humano ou máquina, salvar o civil Kyle Reese e ainda testar a nova arma da Resistência: um aparelho que emite um som em determinada freqüência e desliga as máquinas. São decisões importantes e o futuro da humanidade depende delas, mas não esqueçamos: as máquinas são inteligentes!

Acredito que poucas pessoas, daquelas que apreciam cinema, deixaram de assistir algum filme desta franquia, pois afinal, quem não conhece o bordão: “hasta la vista baby” ? Mas se você cometeu o sacrilégio de não assistir nenhum deles, então está ai uma boa dica.


Título original: (Terminator Salvation)
Lançamento: 2009 (Alemanha, EUA, Inglaterra)
Direção: McG
Atores: Christian Bale, Sam Worthington, Moon Bloodgood, Helena Bonham Carter.
Duração: 115 min
Gênero: Ficção Científica

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Batman Begins

- O que o espera? (Bruce Wayne)
- Justiça. Os criminosos se beneficiam da tolerância da sociedade compreensiva. (Ducard)


O último filme da trilogia de Christopher Nolan (Batman – The Dark Knight Rises) será lançado em breve aqui no Brasil, e os fãs deste super-herói estão ansiosos para revê-lo, principalmente após o bem sucedido trabalho do referido diretor nos filmes anteriores: Batman Begins e Batman – O Cavaleiro das Trevas. Os trailers que povoam a net e as salas de cinema já dão uma amostra do que vem por aí, e pelo visto promete muito.

Nolan acertou em cheio nos primeiros minutos de Batman Begins, pois estes são fundamentais para entendermos a história deste personagem, principalmente para quem não o acompanha nas Histórias em Quadrinhos. Nesta parte do filme percebemos a origem dos medos e sentimentos de raiva, e posteriormente, justiça que guiam a trajetória do senhor Bruce Wayne até o nascimento do Batman.

Um poço escuro e repleto de morcegos, o assassinato dos pais quando ainda era criança e o severo treinamento com Ducard (Liam Neeson) em um país distante serviu para moldar o senhor Wayne (Christian Bale), mas aquilo que parecia ser apenas a busca por vingança logo abriria espaço para algo mais nobre: o estabelecimento da justiça. O retorno a Gotham City e o reencontro com pessoas consideradas importantes, como o mordomo Alfred (Michael Caine), a amiga de infância Rachel Dawes (Katie Holmes), e mais tarde, aliados como o Sargento James Gordon (Gary Oldman ), um dos poucos policiais que não foi seduzido pela corrupção que domina a cidade, além do fiel amigo de Thomas Wayne ( pai de Bruce),  Lucius Fox (Morgan Freeman), responsável pelos aparatos tecnológicos indispensáveis ao Homem Morcego. De uma forma ou de outra todas estas pessoas estarão do lado de Batman na luta contra a criminalidade em Ghotam, principalmente porque Falcone  (Tom Wilkinson ) chefe do submundo do crime têm grande parte das autoridades sob seu poder, além de uma instável aliança com um desequilibrado psicofarmacologista, o famoso Espantalho (Cillian Murphy).

Além de oferecer uma boa dose de diversão e agradar os fãs do super-herói, Batman Begins também consegue apontar alguns limites éticos que cercam a desenfreada busca por justiça, pois a linha que a diferencia da vingança pode ser muito tênue.


Título original: (Batman Begins)
Lançamento: 2005 (EUA)
Direção: Christopher Nolan
Atores: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman.
Duração: 134 min
Gênero: Aventura

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Contador de Histórias


- Têm meninos que saem do caminho, o Roberto é um desses. (Pérola)


Os jornais, e principalmente os governos, não cansam de alardear que a situação socioeconômica do Brasil avançou bastante nos últimos anos, o que não deixa de ser verdade. Ainda assim, observamos, principalmente nas ruas, o fruto do nosso atraso, não é muito difícil encontrarmos crianças nas sinaleiras, praças e avenidas, ás vezes pedindo esmolas, outras vezes, roubando.   Enfim, se nestes nossos dias de relativa bonança é este o cenário que encontramos, imagine na década de 70?

É diante deste contexto de dificuldades, há quase trinta anos que aquela mãe de dez meninos e meninas, moradora de um barraco da área pobre de Belo Horizonte, vê na FEBEM a grande oportunidade para educar e oferecer um futuro diferente ao seu filho, torná-lo um doutor, principalmente após as belas propagandas desta instituição veiculadas na TV da época. Este oi o primeiro trauma de Roberto Carlos, aquele menino que passava o dia todo na rua empinando pipas: ter sido separado de sua mãe aos seis anos, vindo a ser interno da FEBEM. Os anos se passaram e aquela instituição que já não se parecia em nada com aquela da propaganda ficou ainda pior, só restava a Roberto Carlos uma alternativa: fugir. Inúmeras vezes fugiu e também foi recapturado, um ciclo que só se rompeu no instante que foi abordado por Margherit Duvas (Maria de Medeiros), uma pedagoga francesa que fazia pesquisas no Brasil.

Aquele encontro mudaria a vida dos dois, não sem traumas, é claro. Roberto Carlos, agora com mais de treze anos, já era considerado irrecuperável para a sociedade, como muitos garotos que estão na mesma situação hoje em dia, só havia um caminho: a cadeia ou cemitério. Claro que Margherit não pensou assim, se encantou por aquele menino de rua, contra a vontade de muitos, se aproximava de Roberto e, em conseqüência, do perigo também.

Por mais que seja baseado em uma história real, e a grande maioria já saiba o seu final, afirmo que este é mais um belo filme nacional: ótimas atuações, roteiro cativante, trilha sonora... Descubra a história de Robertô (como era chamado pela francesa Margherit), pelo menos em parte, uma trajetória comum a muitos brasileiros, mas que não deixa de ser única e também muito emocionante.


Título original: (O Contador de Histórias)
Lançamento: 2009 (Brasil)
Direção: Luiz Villaça
Atores: Maria de Medeiros, Jú Colombo, Marco Ribeiro, Paulinho Mendes.
Duração: 110 min
Gênero: Drama

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

11.11.11


- Eu acredito em Deus e preciso crer também no Diabo. (Samuel)


Passeando pelos blogs de cinema descobri que havia assistido a um filme em 2011 e nem lembrava mais. Geralmente os bons filmes ficam martelando por dias ou semanas em sua cabeça, e você nunca esquece.  Seguindo esta regra está explicado porque esqueci rapidamente de 11.11.11. Definitivamente não esta entre os melhores filmes de terror que vi em 2011, mesmo tendo assistido poucos deste gênero neste ano. 

O filme não é intragável, pelo contrário, até que serve como um passatempo razoável, o problema foi o excesso de expectativa criada em torno do longa: a data e a questão numerológica, o diretor reconhecido, a produção, etc. O que acabou nos fazendo imaginar que assistiríamos a um grande filme, porém, não deixou de ser mais um que vai dividir a prateleira da estante com filmes do tipo Arraste-me Para o Inferno.

A trama gira em torno do pouco religioso Joseph Crone (Timothy Gibbs), um famoso escritor que perde filho e esposa em um acidente. Muda-se para Barcelona, aonde pretende acompanhar o pai Richard (Denis Rafter) que está muito doente, e visitar o bastante religioso Samuel (Michael Landes), seu irmão. A relação de Joseph com a família, principalmente o pai, não é boa, resquícios de um passado mal resolvido. Em uma cidade que sempre considerou não amigável, as memórias deste passado crítico voltam a assustar Joseph, além disso, acontecimentos estranhos passam acontecer em sua vida, e aos poucos ele os relaciona com o mítico número 11.  

Pairando entre a loucura e a realidade, Joseph percebe que a relação destes acontecimentos com o número 11 não é simplesmente obra da sua imaginação. Algo naquilo tudo vai ganhando sentido, e talvez, o único recurso daquele homem sem fé seja recorrer à religiosidade de Samuel, seu irmão.

Vamos lá, descubra o que esconde o 11.11.11!

Título original: (11-11-11)
Lançamento: 2011 (Espanha, EUA)
Direção: Darren Lynn Bousman
Atores: Timothy Gibbs, Michael Landes, Denis Rafter, Wendy Glenn.
Duração: 100 min
Gênero: Terror