domingo, 23 de dezembro de 2012

As Aventuras de Pi


“Não perca a esperança.” (Pi)


O objetivo principal de um filme é contar uma história. Alguns precisam de muitos efeitos especiais, outros nem tanto. É possível medir a qualidade do filme pela capacidade de lhe segurar na poltrona após seu desfecho final, ou então, quanto tempo as cenas e diálogos dos personagens ficam pairando em sua cabeça. E as Aventuras de Pi é um destes que lhe assalta, lhe toma o fôlego e lhe remete a vários caminhos. 

Os créditos surgiram na tela, as luzes ascenderam, as pessoas iniciaram aquele balé sincronizado, se levantaram e saíam lentamente até a porta, porém, eu ainda estava pensando na fala de um dos personagens dita três minutos atrás. Precisava de um tempo para me recuperar.  

Quando um filme consegue trazer uma história, a mais banal que seja, e fazer conexões com as grandes inquietações da humanidade, como amor, religião, filosofia, ciência, vida, morte, família, etc. temos então uma verdadeira obra de arte. As Aventuras de Pi faz valer o título de Sétima Arte atribuída ao cinema.

Pi Patel (Suraj Sharma), que na tenra infância acreditava que seu maior problema era o seu nome, um pouco diferente para os padrões indianos, logo percebeu o que poderia estar por trás das religiões. A família não poderia ser mais fértil: um pai crente na ciência, uma mãe religiosa, além de um negócio que lhe proporcionou um convívio intenso com diversos animais, entre eles um tigre de bengala, o Sedento, ou melhor Richard Parker. Sedento, nome muito bem apropirado, como quase tudo no filme.

É impossível sair do cinema indiferente a este filme. Qualquer pessoa que pelo menos uma vez tenha pensado  em existência, necessidade ou justificativa para Deus terá sua fé, ou falte de fé, abalada. E não é um filme impregnado dos valores morais religiosos que cegam o Ocidente, pelo contrário. Disse Pi em algum momento: “ele despertou o que há de mal em mim”, ou seja, o mal existe em nós, assim como o bem, ele não é exclusividade do outro. Não  nos tornaremos melhores eliminando o mal que está no outro.

A travessia, a perda, o recomeço, a luta pela vida, a dor, a vida e a morte naquilo que poderia ser seu porto seguro, a busca de si no outro, a fantasia. Poucas vezes temos a oportunidade de apreciar um roteiro, atores e direção tão impecáveis como neste filme. Se Hollywood começou a exibir seus favoritos ao oscar, então já escolhi o meu. Aliás, que se dane o oscar, quem precisa dele quando se tem filmes como estes!

Obrigado Yann Martel, mente da qual se originou o livro e, obrigado Ang Lee, diretor que transformou em belíssimas imagens a obra de arte literária.



Título original: (The Life of Pi)
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Ang Lee
Atores: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Tabu, Adil Hussain, Gerard Depardieu, Rafe Spall
Duração: 127 min
Gênero: Drama

2 comentários:

  1. Amei sua primeira frase: O objetivo principal de um filme é contar uma história.

    Perfeito.

    Esse filme não me atrai.....nem trailer, nem os elogios. Algo que ainda não descobri.


    abs

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  2. Esse filme é incrível. Todo o seu visual, fiquei embasbacado com tanta beleza. E a história, minha nossa é simplória mas extremamente profunda e reflexiva, fiquei pensando no filme alguns dias após tê-lo visto.

    É um filme que marcou para mim!

    Parabéns pela postagem.

    Grande braço.

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