domingo, 18 de dezembro de 2011

O Preço do Amanhã


- O que vamos fazer? Roubar? (Sylvia)
- É roubo, se já foi roubado? (Will Salas)


Geralmente estamos acostumados a assistir filmes em que a trama central é bastante comum: vingança, provar a inocência, traição, etc. nada mais que isso. Porém, vez ou outra, surge uma obra em que existe uma boa fundamentação, seja baseado em algum fato histórico interessante, em uma questão social, existencial ou filosófica.  Fazer com que filmes assim, se tornem também atrativos para a maioria dos apreciadores do cinema é o grande desafio para os roteiristas e diretores. Quase sempre usam a fórmula básica: rostos bonitos e ação. Quando acertam temos uma bela obra, exemplo: Matrix, V de Vingança, Clubeda Luta, Transporting, etc. Estes são filmes que agradam o público que buscam apenas ação, e também aquelas pessoas que que gosta de sair do cinema e passar dias maturando uma cena ou um diálogo. 

O Preço do Amanhã consegue nos presentear com o que é mais raro: uma boa fundamentação filosófica. Porém, se perde ao tentar agregar um recheio repleto de ação e correria. Imaginar uma sociedade em que a imortalidade está ao seu alcance e condicioná-la ao trabalho foi uma boa idéia. Indivíduos que têm seus salários transformados automaticamente em dias ou horas a mais de vida é uma realidade que não está muito distante do nosso mundo: quem tem mais recursos financeiros, pelo menos teoricamente, pode viver mais, ao contrário daqueles que tem apenas o suficiente para viver um dia por vez. Conforme disse Will Salas (Justin Timberlake) : ”nunca tive mais que um dia de vida”.

Por mais que, inevitavelmente, esta discussão nos leve ao inegável e batido tema da concentração de riqueza, o filme também pode nos apresentar elementos que suscitam outros debates paralelos, por exemplo: o aprisionamento tanto dos personagens ricos (pode viver para sempre se não fizer algo insensato) quanto dos pobres. A falsa liberdade/solução proposta pelos heróis. A incansável busca pela eterna juventude, e talvez a busca de um sentido para esta eternidade, ou seja, para quer viver para sempre? E ainda: a força de expressões como “tempo é dinheiro” ganham um sentido extraordinário no filme extrapolando o sentido que damos no mundo real. E por que não falar da ausência de diferenciação entre as gerações, pois, pais, filhos e avós aparecem no filme com talvez centenas de anos, mas sempre conservando o mesmo rostinho de 25 anos. Enfim, O Preço do Amanhã, te deixa muito feliz no início quando parece trazer a tona uma interessante gama de elementos que gerariam um rico debate, porém também te leva à frustração rapidamente ao insistir com o padronizado roteiro “mocinho versus bandido” esvaziando o que o filme tem de melhor. 

De qualquer forma, não deixe de acompanhar a aventura de Will Salas, um jovem que repentinamente recebe uma quantidade de tempo que jamais pensaria em ter, e ao ser perseguido pelos Guardiões do Tempo, sequestra Sylvia (Amanda Seyfried), a entediada filha de um milionário dos negócios do tempo. A doação que o misterioso homem encontrado no bar fez a Salas não foi impensada, pois como ele mesmo rabiscou no vidro da janela antes de partir para o suicídio: “não perca meu tempo”.  Assim, diferentemente das críticas que pairam pela net, aconselho sim a assistirem a este filme, pois, apesar de todos os defeitos, ainda assim, supera os filmes medianos que invadem as telonas atualmente.  


Título original: (In Time)
Lançamento: 2011 (Estados Unidos)
Direção: Andrew Niccol
Atores: Justin Timberlake, Amanda Seyfried, Alex Pettyfer, Olivia Wilde.
Duração: 109 min
Gênero: Ficção Científica

2 comentários:

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